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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sexta-feira, maio 18, 2012
Mino sobre o Robert(o):
lâmpada ou lamparina ?
O Conversa Afiada reproduz editorial de Mino Carta, na Carta Capital:
Lâmpada ou lanterna?
Roberto Civita é dotado
exclusivamente de certezas. Talvez se deva ao QI. Há 52 anos, em um dia
de abril ou maio, vinha ao lado dele pela calçada de uma rua central de
São Paulo a caminho da Editora Abril, onde eu aportara pouco antes, e
eis que pergunta qual seria meu quociente de inteligência. Declaro
ignorar, de fato nunca me submeti a exames psicotécnicos. Sorriso
cesáreo, pronuncia um número e esclarece: “É o meu”. “Satisfatório,
imagino”, comento. Mais que isso, premia um ser humano a cada 25 milhões
de semelhantes. O Brasil tinha então 70 milhões de habitantes, donde
deduzo: “Só pode haver mais dois iguais a você”. “Pode – admite, plácido
–, mas a estatística inclui todos os terráqueos, de sorte que eu
poderia ser o único.”
Roberto Civita tende mesmo a se
considerar único, um Moisés chamado a conduzir a Abril à terra
prometida. Pronto a pôr em prática, assim como o herói bíblico dividia
as águas, as artes da mídia nativa, inventar, omitir, mentir. Tropeço
entre atônito e perplexo na última edição da revista Veja, a qual
impavidamente afirma, entre outras peremptórias certezas, a autoria da
derrubada de Fernando Collor da Presidência da República em 1992. Comete
assim, entre a invenção e a mentira, o enésimo lance clássico do
jornalismo nativo ao contar um episódio tão significativo da história do
País.
Um ex-diretor da Veja, Mario
Sergio Conti, escreveu um livro, Notícias do Planalto, para sustentar
que Collor foi eleito pelos jornalistas. Não sei se Conti é mais um dos
profissionais que no Brasil chamam o patrão de colega. Claro está, de
todo modo, que a mídia naquela circunstância executou a vontade dos seus
barões, a contarem com a obediência pronta e imediata dos sabujos. E à
eleição de Collor Veja ofereceu uma contribuição determinante não menos
do que a das Organizações Globo. Agora gabam-se pelo dramático desfecho
do governo interrompido e omitem que lhes coube a criação do monstro.
Os leitores recordam certamente
a expressão “caçador de marajás”. Pois nasceu no berço esplêndido da TV
Globo e foi desfraldada à exaustão pela capitânia da esquadra
abriliana. Ocorre que o naufrágio collorido não foi obra desta ou
daquela, e sim do motorista Eriberto, que prestava serviço entre o
gabinete presidencial do Planalto, o escritório de PC Farias e a Casa da
Dinda. Localizado pela sucursal de IstoÉ em Brasília ao cabo de uma
exaustiva investigação, trouxe as provas que a CPI não havia produzido. É
a verdade factual, oposta à versão da última edição de Veja.
Lembro aquele sábado de 1992 em
que IstoÉ foi às bancas com as revelações decisivas, de sorte a obrigar
os jornalões, a começar pelo O Globo, a reproduzir as informações
veiculadas pela semanal que então eu dirigia. A entrevista de Pedro
Collor a Veja, do abril anterior, não bastaria para condenar o irmão
presidente, tanto que a CPI se encaminhava para o fracasso. Pedro, de
resto, nada de novo dissera na entrevista, a não ser a referência a
certos, surpreendentes supositórios de cocaína. No mais, repetira, um
ano e meio depois, uma reportagem de capa de IstoÉ.
No fim de setembro de 1990, Bob
Fernandes passou a acompanhar os movimentos de PC Farias por mais de um
mês para desnudar, ao fim da tocaia, que o levou inclusive a
hospedar-se no mesmo apart-hotel da eminência parda do governo, a culpa
em cartório do presidente e seu preposto à corrupção. No dia do
fechamento de IstoÉ, tarde de uma sexta-feira, fui visitado por um
ex-colega, intermediário da tentativa de impedir a publicação. Veio ele
melífluo, portador de um pedido partido de altos escalões (depois
naquelas alturas identificaria a ministra Zélia, mais talhada para
dançar bolero do que carregar a pasta da Economia), e eu prontamente
apontei-lhe o caminho da rua. Nem por isso deixei de declinar a minha
condição de empregado e admitir que meu patrão quem sabe pudesse ser
seduzido com ouro, incenso e mirra. Não sei por que evoquei os magos na
noite de Belém.
Logo, na prática, a sedução foi
ensaiada em dólares, a bem da contemporaneidade, e Domingo Alzugaray,
dono da Editora Três, recusou dignamente de 1 milhão a 5 milhões, até
hoje ignoro o nível atingido pela derradeira oferta. Constatei depois,
na costumeira troca de opiniões com meus botões, que os dólares teriam
sido gastos inutilmente. A reportagem de capa caiu como pedra no
pântano, não houve quem a repercutisse. Foi um daqueles momentos em que
se recomenda o recurso à omissão.
Era cedo demais, teve de passar
um ano e meio para que a mídia da casa-grande se convencesse de que o
pedágio cobrado por Collor e PC era exorbitante. Apelou-se para o Pedro
rebelde. Este episódio, desdobrado em pouco mais de dois anos de governo
do “caçador de marajás”, é simbólico dos comportamentos dos nossos
donos do poder, a partir da própria opção por Collor como anti-Lula. A
tigrada em risco se dispõe a agarrar em fio desencapado.
O emblema é, porém, mais
abrangente. Na sua patética edição desta semana Veja consegue demonstrar
apenas que a lâmpada da capa é a enésima mentira. A série de textos
pendurada no varal vejano estica-se na treva mais funda. Não se trata
simplesmente de um manual de como o jornalismo pátrio atua, a inventar,
omitir e mentir, mas também de mediocridade, parvoíce e ignorância. Em
matéria, nos deparamos com uma obra-prima recheada por capítulos
extraordinários na sua capacidade de suscitar tanto a hilaridade quanto o
espanto.
Sem pretender hierarquizar na
avaliação do ridículo e do grotesco, vale a afirmação de Veja que se
apresenta como vítima do ataque conjunto da imprensa ligada aos setores
radicais do PT e pela internet, entregue a robôs de militância petista.
Programados pelos cientistas (aloprados?) do partido da presidenta e do
ex-presidente? O Brasil, segundo a semanal da Abril, confunde-se com
Rússia, Cuba e Venezuela, onde a liberdade de imprensa é violentamente
cerceada, e com a China, de internet robotizada. Talvez a rapaziada de
Veja tenha de racionar suas idas ao cinema para assistir à ficção
científica estilo Matrix. Claríssima é, contudo, uma área que a
Skuromatic não logra alcançar: a proposta de censura à internet,
estampada com todas as letras por quem se apresenta como paladino da
liberdade de expressão.
Passagem empolgante aquela em
que Veja define Antonio Gramsci, notável pensador do século passado
morto na cadeia fascista às vésperas da Segunda Guerra Mundial depois de
11 anos de cativeiro, autor de uma obra monumental intitulada Cadernos
do Cárcere, que ele considerava como ensaio daquela a ser escrita em
liberdade. A revista da Abril decreta: Gramsci é um terrorista vermelho,
não menos que Lenin e Stalin. Pois é do conhecimento até do mundo
mineral que Gramsci plantou as raízes da transformação do partidão
italiano, enfim capaz de abjurar os dogmas marxista-leninistas e de se
afastar do Kremlin para desaguar no eurocomunismo de Enrico Berlinguer,
de pura, autêntica marca social-democrática. Permito-me propor à redação
de Veja os nomes de um punhado de terroristas: Sócrates, Jesus Cristo,
Montano, Lutero, Maquiavel, Pascal, Voltaire, Caravaggio, Daniel Defoe,
Jonathan Swift, Garibaldi, Bolívar, Dostoievski, Espinoza. Há muitos
outros, mas são estes que me ocorrem de chofre.
Não faltam, para fechar o
círculo, as omissões. Por que não consta entre as façanhas vejanas a
fantástica revelação das contas clandestinas no exterior de figurões
variados do governo Lula, encabeçada por aquela do próprio presidente? E
por que não se evoca a reportagem de sete anos atrás, sobre os dólares
destinados a abastecer as burras petistas, chegados de Cuba em garrafas,
com as mensagens dos náufragos? De rum, imaginariam vocês. Nada disso,
de uísque. Nunca fica tão evidente, de limpidez ofuscante, que Veja é a
revista do inventor da lâmpada Skuromatic.
Quando me demiti da direção da
redação de Veja e de integrante do conselho editorial da Editora Abril,
disse ao chairman of the board, Victor Civita: “Por nada deste mundo
hoje trabalharia na Abril, entre outros motivos porque seu filho Roberto
é um cretino”. O patrão retrucou, sem irritação evidente: “Não diga
isso, diga ingênuo”. Dois dias antes, fevereiro de 1976, o filho me
confessara, candidamente, que o então ministro da Justiça (Justiça?)
Armando Falcão pedia a minha cabeça como condição do fim da censura e de
um empréstimo de 50 milhões de dólares pela Caixa Econômica Federal.
É uma longa história, que já
contei mais de uma vez. E eu me demiti, ao contrário do que escreveu
Mario Sergio Conti, sabujo emérito, pronto a adotar a versão patronal,
porque não queria um único, escasso centavo do inventor da lâmpada
Skuromatic. Ou não seria lanterna, com a vantagem de ser carregada onde o
usuário bem entenda?
P.S.: Não consigo entender por
que Marco Antonio Barbosa, figura altamente confiável, não está entre os
integrantes da Comissão da Verdade, alguns altamente inconfiáveis.
*PHA
Comissão da Verdade e o direito ao pranto
Via Jornal do Brasil
Mauro Santayana
O golpe político e militar contra o governo legítimo do presidente João Goulart, por mais se tente identificar como revolução,
foi ato contra a República e de submissão à potência estrangeira que o
planejou, organizou e financiou. Assim ocorreu aqui e em outros países
do continente.
Tratou-se de ofensa imperdoável à
nação de brasileiros. Hoje, com os documentos existentes e divulgados,
não há dúvida de que a interrupção do processo democrático de
desenvolvimento econômico e social do país se fez na defesa dos
interesses do governo norte-americano no mundo. Essa origem externa não
exculpa, e, sim, agrava a responsabilidade histórica dos brasileiros que
aderiram ao movimento, mesmo que se escudem na defesa da ordem, da fé,
das famílias e da virgindade de suas donzelas, como tantos religiosos
pregaram do púlpito.
A história republicana se fez no confronto entre a necessidade democrática e a reação conservadora
O
golpe só foi possível porque frágeis eram (e frágeis continuam a ser)
as instituições nacionais. A história republicana, maculada pela
nostalgia oligárquica do Império, se fez no confronto entre a
necessidade democrática e a reação conservadora. E, a partir da
Revolução de 30, que se fez para modernizar e democratizar o Brasil, os
golpes e tentativas de golpe passaram a ser frequentes sob a influência
da expansão imperialista americana e o então projeto nazista de
estabelecer em nossas terras uma Germânia Austral.
Mas,
não é este o espaço para discutir o que ocorreu em 1937, e o que teria
ocorrido se as eleições de 1938 se realizassem, com a prevista vitória
eleitoral do filofascista Plínio Salgado. O fato é que Vargas se tornou a
personalidade mais querida e mais poderosa do país ao eleger-se
presidente em 1950 e retomar o seu projeto nacional de desenvolvimento,
frustrado pelo governo Dutra.
Ainda assim,
com toda a sua popularidade, o presidente foi sitiado por uma terrível
campanha parlamentar e jornalística, a pretexto do atentado da Rua
Toneleros, até hoje não bem explicado, e que também merece ser
investigado a fundo. Por detrás de tudo — sabemos hoje também com a
divulgação de documentos norte-americanos — atuava o interesse de
Washington contra os projetos de desenvolvimento do país. A criação de
empresas estatais como a Petrobras e a Eletrobras era o sinal de que o
Brasil buscava, com firmeza, sua segunda independência.
A
nação reagiu contra o cerco a Getulio, rompido pelo grande presidente
com a coragem do suicídio, e elegeu Juscelino, meses depois. Nova
tentativa de ruptura do processo, em novembro de 1955, foi contida com o
apoio de boa parcela das Forças Armadas, e o político mineiro pôde
assumir a Presidência e dar o grande salto que completou a Revolução de
30, na efetiva modernização do país.
A Comissão
da Verdade, como parece claro, não pretende buscar culpados, mas tem
como prioridade saber o que ocorreu a centenas de brasileiros, entre
eles Herzog e Manuel Fiel Filho, dos últimos trucidados por
funcionários do Estado, que agiam em nome do governo militar. Na mesma
ocasião, e de forma clandestina, dezenas de comunistas — que não
participavam da luta armada — foram também executados pelo regime.
Quase
todos nós nos sentimos torturados no sumo da alma, com as declarações
de cabo Anselmo à televisão, ao fazer a apologia da entrega de
pessoas indefesas à sanha de psicopatas treinados cientificamente para
torturar jovens e velhos, homens e mulheres. E da entrega de mulheres
grávidas aos torturadores como, sem arrependimento e com orgulho,
declarou ter feito com a sua.
Todos os que perderam parentes, amigos e companheiros têm direito ao pranto diante da reconstituição de seus derradeiros momentos
Todos
os que perderam seus pais e filhos, irmãos e irmãs, maridos e mulheres,
amigos e companheiros, têm direito ao pranto, se não diante de seus
mortos, pelo menos diante da reconstituição de seus derradeiros
momentos. Devem conhecer o lugar e o dia em que pereceram, para ali
chorar. O direito ao pranto é tão necessário quanto o direito a viver. É
assim que nos comovemos com a emoção da presidente Dilma Roussef, na
cerimônia de quarta-feira.
É certo que, no
próprio processo investigatório, será difícil não se inteirar de atos
praticados pelos que resistiam à Ditadura. Conhecê-los não macula os que
os praticaram, nas duras condições dos combates nas trevas, para
lembrar a imagem do historiador Jacob Gorender. A culpa real não coube a
quem agiu em defesa da legitimidade republicana, e, sim, aos que, ao
praticar antes o crime de lesa populi, provocaram a reação desesperada de suas vítimas.
*GilsonSampaio
|
'Discípula' Dilma homenageia 'mestre' Maria da Conceição Tavares
Via CartaMaior
A
economista recebeu o prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e
Tecnologia de 2011 das mãos da presidenta Dilma Roussef e disse estar
muito otimista com o Brasil. Emocionada, Tavares revelou que foi Darcy
Ribeiro quem lhe convenceu a “virar brasileira de fato”, decisão da qual
se orgulha: "Ele disse que ao contrário da Europa, que ele não tinha
grandes esperanças, com toda razão, o Brasil ele achava que iria ser
capaz de construir uma sociedade mais homogênea, multirracial e mais
democrática".
Vinicius Mansur
Brasília
- A economista Maria da Conceição Tavares foi exaltada na cerimônia em
que a presidenta Dilma Roussef lhe entregou o prêmio Almirante Álvaro
Alberto para Ciência e Tecnologia de 2011. Na abertura do evento, na
manhã desta quinta-feira (17), o ministro da Ciência, Tecnologia e
Inovação, Marco Antonio Raupp, escalou a economista “no time de
expoentes da intelectualidade que interpretaram a sociedade brasileira”,
ao lado de Gilberto Freire, Celso Furtado, Caio Prado, Florestan
Fernandes, Darcy Ribeiro e Ignácio de Rangel.“Não é qualquer país que tem o privilégio de contar com uma mulher com a sua força, uma intelectual com o seu brilho e uma militante com a sua lucidez”, elogiou.
O ministro ressaltou as contribuições de Tavares para a formação do pensamento econômico brasileiro, em especial na caracterização do crescimento da economia brasileira nos anos 1960 e 1970 e nas causas da ausência de crescimento nas duas décadas posteriores. Ele também destacou a maneira enfática e consistente com que a economista defendeu a transição do já falido modelo de produção industrial visando a substituição de importações para um modelo auto-sustentável, só possível com investimentos decisivos do setor público. ”A história recente mostrou a falência dos governos em que os ‘booms’ da economia são ditados pelo mercado”, apontou.
Raupp ainda destacou o papel de Tavares na formação de gerações de economistas, que há décadas influenciam ou mesmo definem as políticas públicas no país, e também elogiou o que chamou de “brasilidade”. “Mesmo que tenha nascido em Portugal, Maria da Conceição comporta-se como uma brasileira visceral, autêntica, exemplar para todos os demais brasileiros e brasileiras”, concluiu.
Ao assumir a palavra, emocionada, Tavares revelou que foi Darcy Ribeiro quem lhe convenceu a “virar brasileira de fato”, decisão da qual se orgulha:
“Ele disse que ao contrário da Europa, que ele não tinha grandes esperanças, com toda razão - olha o que está acontecendo, tragédia no meu continente originário -, o Brasil ele achava que iria ser capaz de construir uma sociedade mais homogênea, pluriracial e mais democrática, que ia ter a particularidade de ser a primeira sociedade deste estilo nos trópicos (...) e eu quero dizer que nesse particular, eu estou muito otimista, foi bom ter virado brasileira, foi bom ter feito a luta e é muito bom estar na companhia da minha amiga e querida discípula, a presidenta Dilma e tantos que estão aqui.”
Maria da Conceição Tavares também contou que durante o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu ir para a política “porque não adiantava mais falar nada, até porque a imprensa não nos dava nem um capítulo, tinha cara de neoliberalismo” e caracterizou este período “estranho, porque os participantes daquele governo eram historicamente progressistas” mas mudaram a Constituição – “aquela que nos custou tanto esforço” - em aspectos vitais. “Vocês imaginam o sofrimento que foi, eu arrebentei minha coluna foi aí”, disse arrancando gargalhadas do público.
Tecendo rápidos comentários sobre a conjuntura econômica mundial, a economista elogiou o Brasil por não ter ”entrado em parafuso” com a “crisona que está aí”, dando os créditos deste feito aos dois governos Lula e a continuação com o governo Dilma. “Espero que ela chegue ao fim do seu mandato com a crise vencida e com os caminhos e a estratégia de desenvolvimento desenhada em bom termo. Ou seja, espero morrer feliz por ser brasileira e infeliz por ser europeia. Isso lamento muito, mas acho que não vou conseguir passar a crise européia”, comentou com seu humor particular.
Por sua vez, a presidenta Dilma Roussef iniciou seu discurso considerando-se uma discípula de Tavares e elogiando seu compromisso com o desenvolvimento do Brasil e da América Latina. “Compromisso que sempre cumpriu tratando a economia como ela deve ser tratada: como economia política”, salientou.
De acordo com a presidenta, não houve momento importante na história do país, nas últimas décadas, sem as considerações da “nossa professora”:
“Nós hoje não admitimos mais a possibilidade de construir um país forte e rico dissociado de melhorias das condições de vida de nossa população, nem tampouco acreditamos mais na delegação da condução de nosso crescimento exclusivamente às forças de auto-regulação do mercado. Crença, aliás, que Maria da Conceição Tavares sempre, corretamente, criticou”.
Prêmio
O Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia completa 30 anos e é realizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em a parceria da Fundação Conrado Wessel e da Marinha do Brasil. Na edição de 2011, o prêmio contemplou a área de Ciências Humanas, Sociais, Letras e Artes.
Maria da Conceição Tavares é a segunda mulher a receber o prêmio, a primeira foi a socióloga Maria Isaura Pereira de Queiroz.
Tavares é graduada em Matemática pela Universidade de Lisboa e em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da qual é professora Emérita. Fez mestrado na Universidade de Paris II e doutorado em Economia da Indústria e da Tecnologia pela UFRJ. Aeconomista também lecionou nas universidades Estadual de Campinas (Unicamp), Latinoamericana de Ciencias Sociales da Argentina, Nacional Autonoma do México, Pontifícia Universidade Católica do Chile e na Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre outras. Foi consultora em instituições como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Instituto Nacional de Investigação Científica (Inic), de Portugal.
Entre os prêmios e honrarias recebidas estão o título de Doutor Honoris Causa, da Universidade de Buenos Aires, na Argentina, Ordem de Bernardo O Higgins, Gran Official, do Governo do Chile, Oficial da Ordem de Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ordem ao Mérito do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Prêmio BNDES de dissertação de mestrado.
Foi deputada federal pelo PT entre 1995 a 1999.
Fotos: Antonio Cruz/ABr
*GilsonSampaio
quinta-feira, maio 17, 2012
“Eu não fui criada para servir um marido” diz Valérie Trierweiler, a nova primeira dama da França
Nós
estamos nos apaixonando — lentamente, aquela coisa, deixando rolar —
por Valérie Trierweiler, a nova primeira dama da França. Deixe-nos
explicar.
Após ler este perfil no New York Times, acreditamos que a nossa relação com Trierweiler tem futuro. Aqui estão algumas razões:
1.
Trierweiler prometeu manter a sua própria identidade — e carreira —
mesmo agora, sendo mulher do atual presidente da França, François
Hollande. Uma das jornalistas políticas mais reconhecidas de
seu país, hoje com 47 anos, sendo 20 de carreira, não pretende parar de
trabalhar tão cedo. “Na França, uma primeira dama não tem status, e
portanto não se espera nada dela”, disse Trierweiler para o NYT. “Não pretendo pedir para que François Hollande, que não é o pai de meus filhos, me sustente.” Poutz, como ela tá certa.
2. Ela tem uma vida amorosa heterodoxa e de certa forma bagunçada (leia-se: normal) e não tenta fingir sobre isso. Trierweiler
se divorciou duas vezes e não é casada com Hollande; eles são o
primeiro casal não-oficial a viver no Palácio Élysée. Alguns estão
preocupados com a forma como eles serão recebidos pelos países mais
conservadores, mas a dupla não está nem um pouco se sentindo pressionada
a oficializar a união tão cedo.
3. Ela fala com eloquência sobre o difícil trabalho de ser mãe. Trierweiler,
que tem três filhos adolescentes, também luta contra o sentimento de
culpa para ser uma boa mãe, e discute a questão de forma mais familiar
do que, digamos, Dilma Rousseff. “Eu compartilhei o mesmo destino de
muitas mães que trabalham e me senti culpada como elas”, disse
Trierweiler. “Tirei as quartas-feiras para ficar com os meus filhos e
fazer crepes para eles.” Ela recusou uma oferta de se tornar
correspondente internacional porque “queria ficar com eles”.
4. Ela é como nós! (Ou quase isso.).
Enquanto a maioria das primeiras-damas agem como se estivessem se
preparando para o papel de suas vidas, Trierweiler admite que está
nervosa. “[Ela] está assustada por ser a
mulher do presidente e está à procura de modelos”, disse Laurent Binet,
escritor político. “Ela se vê como uma mulher ativa.”
5. Ela é pró-ativa, ambiciosa e tudo em torno dela é inspirador. Quem
trabalha com Trierweiler sabe que ela é guerreira — e tem de ser: seu
pai perdeu um membro na explosão de uma mina e a sua mãe foi caixa num
ringue de patinação no gelo. “Valérie é uma mistura muito interessante
de força, orgulho e fragilidade”, disse Philippe Labro, vice-presidente
do canal Direct 8, que a contratou em 2005. “Ela se importa com a sua
própria identidade e ama o seu trabalho.”
6. Trierweiler daria uma blogueira excelente. “Todos os jornalistas têm opiniões, votam, têm compaixão, amizades”, disse ela ao Le Journal du Dimanche em
2010. “Mas eles não são confrontados a dar justificativas. Nós
acreditamos na integridade deles, nós confiamos neles e estamos certos
ao fazer isso.”
7. Ela não tem medo de ser espirituosa — e mal-humorada — no Twitter. “Que surpresa descobrir que eu me tornei capa da minha própria revista”, escreveu quando o seu empregador, Paris Match, colocou uma foto sua na capa de março. “Palmas para a Paris Match pelo sexismo”, adicionou. Chapa quente.
8. Nós estamos sempre na cola de um romance presidencial. Hollande chama Trierweiler de o amor de sua vida e
os dois conversavam por horas ao telefone quando eram apenas amigos,
antes de começarem a sair. “François Hollande e eu somos cúmplices desde
o início”, disse Trierweiler. “Mas sempre existiu algo a mais do que a
simples amizade”. Óunnnn.
9. Ela já está influenciando o presidente para melhor:
Na sexta-feira, ela confirmou ao Le Figaro que pediu a Julien Dray, um controverso líder socialista, para deixar a comemoração da vitória para o último domingo. Entre os dois turnos da eleição presidencial, o Sr. Dray atraiu críticas por convidar Dominique Strauss-Kahn, o desonrado ex-socialista favorito, para a sua festa de aniversário em um bar desagradável. Legal.
10. Ela é altamente cotável! “Eu não fui criada para servir um marido”, disse ao NYT. “A minha vida inteira foi construída sobre a ideia da independência”. Hora de mandar fazer algumas camisetas?
*Mariadapenhaneles
Quando cenas como essa começarão a virar rotina entee nós? A tecnologia deveria priorizar tal tipo de coisa, mas o homem, ha muito, deixou de ser a medida de todas coisas. Ativem as legendas e tentem não se emocionar.
As finalidades do conhecimento humano
Enviado por luisnassif, qui, 17/05/2012 - 20:00
Por Prometeu
E no país da "ditadura"...: Filha de Raúl Castro lidera parada gay em dia de luta contra homofobia
Agence France-Presse
Centenas de homossexuais e travestis cubanos participaram nesta quinta-feira de um desfile pelo dia internacional da luta contra a homofobia na cidade de Cienfuegos, no centro-sul da ilha, liderado pela sexóloga Mariela Castro, filha do presidente Raúl Castro.
"Abaixo a homofobia!", gritaram cerca de 400 participantes do desfile no Passeio do Prado de Cienfuegos, 250 km a sudeste de Havana, que levantavam uma gigantesca bandeira do arco-íris, emblema da diversidade sexual.
"O silêncio também é violência", "minha filha nasceu homem e quero que seja feliz" e "a homossexualidade não é um crime, a homofobia sim", eram algumas das frases lidas nos cartazes levantados por ativistas gays e travestis, alguns segurando a bandeira colorida, diante do olhar dos passantes.
A marcha faz parte do programa da Quinta Jornada Nacional Contra a Homofobia, que começou em 8 de maio e ocorrerá até o fim do mês, organizada pelo Centro Nacional de Educação Sexual, dirigido por Mariela Castro, impulsionadora da luta contra a homofobia na ilha.
Em Cienfuegos, conhecida como a "Pérola do Sul" e considerada uma das cidades mais belas de Cuba, as atividades incluem também uma festa pela diversidade sexual.
Mariela Castro também liderou no sábado uma "conga" (dança popular cubana, de origem africana) contra a homofobia em Havana, da qual participaram centenas de ativistas da comunidade homossexual e transexual, alguns fantasiados de bailarinas de cabaré.
A filha de Raúl Castro, que tem visto dos Estados Unidos para participar de um encontro acadêmico em São Francisco no fim do mês, defende que o Parlamento cubano legalize este ano as uniões entre pessoas do mesmo sexo.
A homossexualidade, tradicionalmente estigmatizada em Cuba, foi reprimida após a vitória da revolução de Fidel Castro em 1959, com internações em campos de trabalho nos anos 1960 e com a marginalização durante o "quinquênio cinza" dos anos 1970.
Raúl Castro, que sucedeu no comando seu irmão doente Fidel em 2006, apoia os direitos dos homossexuais, segundo disse sua filha no sábado.
*Mariadapenhaneles
Agence France-Presse
Centenas de pessoas participaram da marcha realizada em Cienfuegos |
Centenas de homossexuais e travestis cubanos participaram nesta quinta-feira de um desfile pelo dia internacional da luta contra a homofobia na cidade de Cienfuegos, no centro-sul da ilha, liderado pela sexóloga Mariela Castro, filha do presidente Raúl Castro.
"Abaixo a homofobia!", gritaram cerca de 400 participantes do desfile no Passeio do Prado de Cienfuegos, 250 km a sudeste de Havana, que levantavam uma gigantesca bandeira do arco-íris, emblema da diversidade sexual.
"O silêncio também é violência", "minha filha nasceu homem e quero que seja feliz" e "a homossexualidade não é um crime, a homofobia sim", eram algumas das frases lidas nos cartazes levantados por ativistas gays e travestis, alguns segurando a bandeira colorida, diante do olhar dos passantes.
A marcha faz parte do programa da Quinta Jornada Nacional Contra a Homofobia, que começou em 8 de maio e ocorrerá até o fim do mês, organizada pelo Centro Nacional de Educação Sexual, dirigido por Mariela Castro, impulsionadora da luta contra a homofobia na ilha.
Em Cienfuegos, conhecida como a "Pérola do Sul" e considerada uma das cidades mais belas de Cuba, as atividades incluem também uma festa pela diversidade sexual.
Mariela Castro também liderou no sábado uma "conga" (dança popular cubana, de origem africana) contra a homofobia em Havana, da qual participaram centenas de ativistas da comunidade homossexual e transexual, alguns fantasiados de bailarinas de cabaré.
A filha de Raúl Castro, que tem visto dos Estados Unidos para participar de um encontro acadêmico em São Francisco no fim do mês, defende que o Parlamento cubano legalize este ano as uniões entre pessoas do mesmo sexo.
A homossexualidade, tradicionalmente estigmatizada em Cuba, foi reprimida após a vitória da revolução de Fidel Castro em 1959, com internações em campos de trabalho nos anos 1960 e com a marginalização durante o "quinquênio cinza" dos anos 1970.
Raúl Castro, que sucedeu no comando seu irmão doente Fidel em 2006, apoia os direitos dos homossexuais, segundo disse sua filha no sábado.
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