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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 17, 2012

 “Eu não fui criada para servir um marido” diz Valérie Trierweiler, a nova primeira dama da França






Nós estamos nos apaixonando — lentamente, aquela coisa, deixando rolar — por Valérie Trierweiler, a nova primeira dama da França. Deixe-nos explicar.
Após ler este perfil no New York Times, acreditamos que a nossa relação com Trierweiler tem futuro. Aqui estão algumas razões:
1. Trierweiler prometeu manter a sua própria identidade — e carreira — mesmo agora, sendo mulher do atual presidente da França, François Hollande. Uma das jornalistas políticas mais reconhecidas de seu país, hoje com 47 anos, sendo 20 de carreira, não pretende parar de trabalhar tão cedo. “Na França, uma primeira dama não tem status, e portanto não se espera nada dela”, disse Trierweiler para o NYT. “Não pretendo pedir para que François Hollande, que não é o pai de meus filhos, me sustente.” Poutz, como ela tá certa.
2. Ela tem uma vida amorosa heterodoxa e de certa forma bagunçada (leia-se: normal) e não tenta fingir sobre isso. Trierweiler se divorciou duas vezes e não é casada com Hollande; eles são o primeiro casal não-oficial a viver no Palácio Élysée. Alguns estão preocupados com a forma como eles serão recebidos pelos países mais conservadores, mas a dupla não está nem um pouco se sentindo pressionada a oficializar a união tão cedo.
3. Ela fala com eloquência sobre o difícil trabalho de ser mãe. Trierweiler, que tem três filhos adolescentes, também luta contra o sentimento de culpa para ser uma boa mãe, e discute a questão de forma mais familiar do que, digamos, Dilma Rousseff. “Eu compartilhei o mesmo destino de muitas mães que trabalham e me senti culpada como elas”, disse Trierweiler. “Tirei as quartas-feiras para ficar com os meus filhos e fazer crepes para eles.” Ela recusou uma oferta de se tornar correspondente internacional porque “queria ficar com eles”.
4. Ela é como nós! (Ou quase isso.). Enquanto a maioria das primeiras-damas agem como se estivessem se preparando para o papel de suas vidas, Trierweiler admite que está nervosa. “[Ela] está assustada por ser a mulher do presidente e está à procura de modelos”, disse Laurent Binet, escritor político. “Ela se vê como uma mulher ativa.”
5. Ela é pró-ativa, ambiciosa e tudo em torno dela é inspirador. Quem trabalha com Trierweiler sabe que ela é guerreira — e tem de ser: seu pai perdeu um membro na explosão de uma mina e a sua mãe foi caixa num ringue de patinação no gelo. “Valérie é uma mistura muito interessante de força, orgulho e fragilidade”, disse Philippe Labro, vice-presidente do canal Direct 8, que a contratou em 2005. “Ela se importa com a sua própria identidade e ama o seu trabalho.”
6. Trierweiler daria uma blogueira excelente. “Todos os jornalistas têm opiniões, votam, têm compaixão, amizades”, disse ela ao Le Journal du Dimanche em 2010. “Mas eles não são confrontados a dar justificativas. Nós acreditamos na integridade deles, nós confiamos neles e estamos certos ao fazer isso.”
7. Ela não tem medo de ser espirituosa — e mal-humorada — no Twitter. “Que surpresa descobrir que eu me tornei capa da minha própria revista”, escreveu quando o seu empregador, Paris Match, colocou uma foto sua na capa de março. “Palmas para a Paris Match pelo sexismo”, adicionou. Chapa quente.
8. Nós estamos sempre na cola de um romance presidencial. Hollande chama Trierweiler de o amor de sua vida e os dois conversavam por horas ao telefone quando eram apenas amigos, antes de começarem a sair. “François Hollande e eu somos cúmplices desde o início”, disse Trierweiler. “Mas sempre existiu algo a mais do que a simples amizade”. Óunnnn.
9. Ela já está influenciando o presidente para melhor:
Na sexta-feira, ela confirmou ao Le Figaro que pediu a Julien Dray, um controverso líder socialista, para deixar a comemoração da vitória para o último domingo. Entre os dois turnos da eleição presidencial, o Sr. Dray atraiu críticas por convidar Dominique Strauss-Kahn, o desonrado ex-socialista favorito, para a sua festa de aniversário em um bar desagradável. Legal.
10. Ela é altamente cotável! “Eu não fui criada para servir um marido”, disse ao NYT. “A minha vida inteira foi construída sobre a ideia da independência”. Hora de mandar fazer algumas camisetas?
*Mariadapenhaneles

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