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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 25, 2012

Frei Beto lamenta que comissão não seja da justiça

O ex-preso político Frei Beto teme que a Comissão da Verdade se torne a comissão da vaidade. Para ele, ainda que se ouçam os dois lados, não se pode comparar os agentes da ditadura aos militantes políticos.

ditadura Evidente que Frei Beto tem toda razão. Como comparar os repressores, com todo apoio e aparato do Estado, suas forças treinadas como o Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Militar, Civil e Federal abrigando o malfadado DOPS em seu seio com o único objetivo de  controlar vida da população, com o que de mais moderno havia à época, a um grupo que resistia apenas na base da coragem, sem nenhum país dando suporte, seja com armas, logística ou o que quer que seja. Muito pelo contrário, os Estados Unidos apoiavam os ditadores, até através da CIA, como pode ser visto na matéria de Marina Amaral da Agência Pública e publicada também aqui com o título de “Conversas com Mr. Dops”.
Frei Beto, frade dominicano de nome Carlos Alberto Libânio Christo é autor de 3 livros sobre vítimas da ditadura e lamenta que a comissão seja da “verdade e não da justiça”. Para ele, no entanto, esse pode ser o primeiro passo para a responsabilização dos torturadores.
É o que a grande maioria da população brasileira espera. Que sejam responsabilizados e punidos exemplarmente. Afinal a lei da anistia foi concedida durante a ditadura, pelos ditadores e torturadores. Aquele velho caso da raposa que vigia o galinheiro.
Do alto de sua sabedoria Frei Beto deve ter seus motivos ao conceder entrevista ao O Globo, um dos mais poderosos tentáculos do PIG que sempre defendeu os ditadores, e ainda continua acobertando os políticos de direita, fazendo “vista grossa” para as safadezas de gente como o “coisa ruim” Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Kassab e sua quadrilha ratos que corroem o patrimônio público, e também à pseudo-elite nojenta brasileira.
A entrevista na íntegra pode ser vista aqui.
Por: Eliseu
*OCarcará

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