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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 25, 2012

Thiago de Mello: estrela maior na abertura da 20ª convenção de solidariedade a Cuba

Jadson Oliveira
Thiago de Mello (Foto: Lúcia Correia Lima - CUT Bahia)
De Salvador (Bahia) – O poeta Thiago de Mello foi a estrela maior na abertura do encontro nacional para celebrar a solidariedade dos brasileiros à revolução socialista de Cuba, ocorrida ontem (24) à noite, no Teatro Iemanjá do Centro de Convenções da Bahia, em Salvador. O governo e o povo cubanos resistem há mais de 50 anos às agressões e ao bloqueio do império estadunidense, perpetrados com a cumplicidade da maioria dos veículos da mídia internacional, inclusive a brasileira.
Ele foi aplaudido demoradamente ao ser chamado para a mesa dirigente dos trabalhos da noite e durante sua fala: recitou poemas, como o belo “Estatuto do Homem – Ato Institucional Permanente”, escrito no exílio em Santiago do Chile, em abril de 1964, portanto no calor do golpe militar (clicar aqui para ler o poema); e leu mensagem dos cinco cubanos presos políticos dos Estados Unidos, tratados por Cuba e pelos apoiadores da revolução cubana como “os cinco heróis antiterroristas”.
São eles: Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Fernando González e René González. Estão na cadeia há 13 anos pelo “crime” de terem se infiltrado nas organizações terroristas de Miami para evitar atentados contra Cuba, conforme está relatado, de forma romanceada, no livro “Os últimos soldados da Guerra Fria”, do brasileiro Fernando Morais.
Apresentação do Ballet Rosana Abubakir (Foto: Lúcia Correia Lima - CUT Bahia)
Exposição do pernambucano Helder Beserra, no Centro de Convenções (Foto: Jadson Oliveira)
Thiago de Mello doou à campanha pela libertação dos cinco cubanos seus direitos autorais provenientes da Feira de Livros de Manaus (capital do Amazonas, estado brasileiro onde o poeta vive).
Além de pronunciamentos políticos, a noite de abertura foi cheia de manifestações culturais: várias apresentações do Ballet Rosana Abubakir (grupo da Bahia que atua sob inspiração do estilo cubano), show musical com os baianos Carlos Pitta e Sapiranga e o Grupo Musical Cubano, bem como homenagem ao escritor baiano Jorge Amado no seu centenário de nascimento.
O encontro prossegue no Centro de Convenções com vasta programação e vai até domingo, dia 27. Hoje, dia 25, está havendo palestras e debates sobre a integração latino-americana e caribenha, os desafios do socialismo na ilha, a situação dos “cinco heróis”, o sistema de saúde em Cuba e no Brasil, a campanha midiática contra Cuba e sobre a questão racial. Para amanhã, dia 26, estão previstos trabalhos de grupos e, no final do dia, leitura e aprovação de relatórios e Carta de Salvador. À noite, uma esticada musical no Pelourinho, no centro histórico da cidade.
Para o último dia, domingo (27), pela manhã, está marcada uma caminhada na praia (Praia do Cristo até o Porto da Barra) pela libertação dos “cinco heróis”. Ainda fizeram parte da programação exposições de pinturas (“Um abraço universal”, em homenagem ao líder cubano Fidel Castro) e fotografias e uma mostra de cinema.
(*) Jadson Oliveira é jornalista baiano e vive viajando pelo Brasil, América Latina e Caribe. Atualmente está em Salvador (BA). Mantém o blog Evidentemente (blogdejadson.blogspot.com).
*GilsonSampaio

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