Sociedade e parlamento cobram o fim dos paraísos fiscais
Via Brasil de Fato
As
discussões fazem parte da programação da campanha “Fim aos Paraísos
Fiscais 2012”, lançada recentemente no Brasil e tem como lema “Lidera,
Dilma!”
do Inesc
Com
a preocupação de deixar claro para cada cidadão como a questão dos
paraísos fiscais interfere na vida da sociedade, organizações da
sociedade civil e representante do parlamento debateram sobre o tema na
manhã de quinta-feira (24) em evento na Câmara dos Deputados. As
discussões fazem parte da programação da campanha “Fim aos Paraísos
Fiscais 2012”, lançada recentemente no Brasil e tem como lema “Lidera,
Dilma!”.
Foto: Inesc
Mais
de 50 organizações em todo o mundo se mobilizam para exigir que os
líderes do G20 adotem medidas efetivas para por fim ao sigilo absoluto
de jurisdições em matéria fiscal. Para que a presidenta Dilma Rousseff
lidere a iniciativa, o cidadão/ã poderá entrar no site www.fimaosparaisosfiscais.org
e enviar uma mensagem que será encaminhada para a presidência da
república. A campanha tem o objetivo de enviar o máximo de assinaturas
da sociedade para chefes de Estado do G20 até Cúpula no México, que
ocorrerá em junho deste ano.
Um dos motivos da
busca por paraísos fiscais é a sonegação fiscal e essa evasão traz
prejuízos diretos para a sociedade. “O Brasil e outros países em
desenvolvimento deixam de arrecadar receitas tributárias que poderiam
financiar políticas de promoção de direitos, como educação, saúde e
alimentação”, afirmou Lucídio Bicalho, assessor político do Inesc.
Para
Pedro Gontijo, secretario executivo da Comissão Brasileira de Justiça e
Paz (CBJP), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), “o grande gancho da campanha é descobrir como podemos
fazer para que cada pessoa da sociedade perceba como a questão dos
paraísos fiscais interfere na vida das famílias”.
Heráclio
Camargo, Procurador da Fazenda Nacional e um dos diretores SINPROFAZ,
acredita que a melhor forma para a sociedade entender e se interessar
pelo assunto é explicar os dois tipos de contribuintes no Brasil. “Os
que se identificam e pagam tributos e os invisíveis que não são
identificados e não pagam tributos, porque sabem que não serão punidos
por causa disso", referindo-se as empresas estrangeiras, principalmente,
aquelas com sede em paraísos fiscais, que não declaram seus sócios e
últimos beneficiários.
O Deputado Paulo Rubem
Santiago (PDT-PE) acredita que o problema possa ser resolvido com
aperfeiçoamento na legislação dos países. “Isso servirá para
coibir/impedir que esse dinheiro sujo chegue ao Brasil e seja recebido
como investimento importante para o desenvolvimento da economia
nacional”, afirmou.
Heráclio acredita que para
combater a lavagem de dinheiro e sonegação fiscal é preciso que o PL
n.5996/09, que tramita na Câmara dos Deputados, seja aprovado. A matéria
é de autoria do próprio deputado Paulo Rubem Santiago e torna
obrigatória a apresentação do quadro de sócios e administradores para
inscrição, suspensão ou baixa de pessoa jurídica domiciliada no exterior
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNJ). Em resumo, com a
aprovação do PL será possível fiscalizar os últimos beneficiários das
atividades de empresas estrangeiras no Brasil. A Campanha Fim aos
Paraísos Fiscais deixou claro seu apoio incondicional ao PL.
Segundo
Celso Arruda França, chefe da divisão de cooperação financeira e
tributária (DFC) do Itamaraty, nos últimos dois anos o Brasil avançou em
relação à questão do combate aos paraísos fiscais. Segundo o
representante do Itamaraty, esse foi um dos temas que mais avançou no
âmbito do G20. Ele apontou o Brasil possui tratados e acordos que são
utilizados como mecanismos de trocas de informação. “Há uma grande
mobilização nessa área. Acredito que o que falte é um ajuste de tempo. O
tempo da sociedade civil é diferente do tempo do governo”, afirmou.
Celso ainda lembrou que o Ministro da Fazenda Guido Mantega assinou, em
novembro de 2011, uma importante Convenção Multilateral em matéria
fiscal, bem como outros países que possibilitará a cooperação.
Lucídio
Bicalho ressaltou que é possível perceber, analisando os relatórios do
Fórum Global sobre Transparência e Troca de Informações da OCDE, que
ainda existem brechas nos tratados e acordos de diversos países. Com
relação especificamente ao Brasil, certos tratados com outros países
precisam ser atualizados ou ratificados. "Contudo, não encontramos entre
as 33 convenções e 1 acordo que o Brasil possui com outros países,
listados pelo Fórum Global, a existência de mecanismo para a troca de
informação com as Ilhas Cayman, Ilhas Virgens Britânicas, Bahamas, entre
outras jurisdições.”
Em 2011, na modalidade
investimentos brasileiros diretos na forma de participação em capital,
havia um estoque de US$ 32,1 bilhões nas Ilhas Cayman, US$ 16,2 bilhões
nas Ilhas Virgens Britânicas e US$ 12,9 bilhões para Bahamas.
Os
trabalhos do evento foram conduzidos por Adhemar Mineiro, integrante da
Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip) e assessor do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(DIEESE). Estiverem presentes a Christian Aid, apoiadora da Campanha no
Brasil, além do Movimento Fé e Alegria, o Deputado Chico Alencar
(PSOL-RJ) e outras importantes entidades nacionais, como o Sindicato
Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil
(SINDIFISCO). O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Instituto
de Justiça Fiscal apoiaram a realização do evento.
*GilsonSampaio
Nenhum comentário:
Postar um comentário