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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 09, 2012

Os números de Obama

Até algumas semanas atrás, sobretudo quando considerado o fraco desempenho da economia europeia, era realçada a contida mas "prometedora" recuperação dos Estados Unidos e já falava-se dum provável crescimento de 3 % do Produto Interno Bruto, o PIB.

Nesta perspectiva os novos 180.000 lugares de trabalho eram considerados como um resultado excepcional.

No final do mês passado a musica mudou: o cresicmento diminuiu e os novos trabalhos afinal eram apenas...59.000.

Num discurso transmitido em todo o mundo, o simpático Obama culpou os problemas da Europa e a fixação da Alemanha, com a política de austeridade dela, qual "travão" da economia mundial. O que em parte pode bem ser verdade, pois as medidas pretendidas pela simpática Angela Merkel são um suicídio; mas o presidente dos Estados Unidos deveria ter a coragem para ir além disso e falar da desaceleração da economia global (China, Brasil...) e dos problemas americanos. Que não são poucos.

Em primeiro lugar, uma recuperação de cerca 3% para uma economia como aquela dos EUA é um resultado medíocre: historicamente, após as crises os EUA sempre tiveram "saltos em frente" de 5-6%. Além disso, este 3% é o fruto directo da nova "flexibilização quantitativa" (quantitaive easing) da Federal Reserve e dos programas de estimulo para as empresas.
Assim, 3% é menos do que "medíocre".

E as últimas estimativas falam dum fical do ano com um resultado de 1,5%. Isso com uma boa dose de optimismo, pois a realidade poderia ser até pior.
Miserável.

Os novos lugares de trabalho? 180 mil novos empregos, não é?
Nem aqui o resultado poderia ser considerado fabuloso, pois falamos dum País com uma taxa de desemprego (oficial, note-se) de 8-9% e uma população de 313 milhões de pessoas, duas vezes o Brasil. Um País onde por cada trabalho disponível há seis desempregados...

Mas vamos ver um pouco mais de perto estes dados.


Em primeiro lugar, não são absolutamente novos empregos, mas trabalhos onde eram empregados imigrantes (principalmente chicanos, os Mexicanos), forçados a voltar para casa, e onde foram colocados cidadãos americanos.
Demonstração: o PIB nem se mexe, e isso porque não são novos postos de trabalho.

Em segundo lugar, há contractos que tinham expirados em 2012 e que foram um pouco "esticados", tal como outros contractos de 2012 antecipados (e que, portanto, não estarão disponíveis no ano próximo). Por isso, falar de 180.000 (ou mais) novos postos de trabalho não faz muito sentido, se não na óptica pré-eleitoral.

Mas há mais assuntos que preocupam a Administração, e um em particular: o sistema bancário.

Desde o começo da crise, em 2008, mais de 400 bancos já fecharam as portas. Muitos, mas ainda poucos quando comparados com a hecatombe que poderia acontecer.

A crise dos bancos europeus (Espanha, onde estás tu?) ameaça envolver de forma pesada as instituições bancárias americanas, isso por causa do emaranhado de créditos e dívidas partilhadas. Como já tivemso modo de aprender, pensar hoje na economia e na finança como se fossem compartimentos estanques não faz entido: há uma profunda interdependência e um espirro em Hong Kong pode ser ouvido em Wall Street com a força dum trovão.

O sofrimento dum banco europeu (Commerzbank, onde estás?) é indirectamente o mal estar de outros bancos também.

Na Europa os bancos podem contar com a ajuda do Banco Central Europeu, avarento com os Estados mas bem pródigos com as instituições de crédito. Todavia trata-se de medidas que podem ganhar tempo mas que não resolvem os problemas: sem investimentos, a liquidez de hoje será a nova dívida de amanhã.

O simpático Obama foi bom em apresentar resultados medíocres ou até penosos como feitos: a política dele conseguiu ré-financiar os títulos de alto risco que caducavam este ano. Mas, mais uma vez, conseguiu adiar o problema, não resolve-lo.

Seria necessário, não apenas nos Estados Unidos, criar as condições para que possam existir investimentos: retirar o dinheiro da finança e desvia-lo até o mundo da economia real.
Mas para fazer isso seria preciso em primeiro lugar enfrentar as forças financeiras.

E aqui começam os problemas: repensar o papel da finança significa pôr em causa as bases da orgia de recíprocos interesses que sustenta as elites políticas também.

Afinal, é desde 2008 que assistimos sempre ao mesmo filme.
A propósito de remake: ao que parece, nos EUA começaram com os mútuos-habitação com taxa fixa de 3%. Outra vez...


Os números

Mas continuemos com números. São os próximos dados pelos quais Obama pode não ser o principal responsável (e não é, em muitos casos), mas que não deixam ser a realidade num País que afirma estar "no bom caminho". 

3.59 Dólares: este é preço médio dum galão de gasolina. Quando Obama entrou na Casa Branca, o mesmo galão custava 1.85 Dólares.

22 %: É difícil de acreditar, mas hoje a taxa de pobreza das crianças que vivem nos Estados Unidos é um gritante 22 por cento .

23: De acordo com a representante no Congresso Betty Sutton, uma média de 23 empresas encerraram definitivamente nos Estados Unidos todos os dias durante 2010.

30 %: Em 2007, cerca de 10 por cento de todos os desempregados americanos tinha ficado fora do mercado do trabalho durante 52 semanas ou mais. Hoje em dia, o número é superior a 30 por cento .

32 %: A quantidade de dinheiro que o governo federal dá directamente aos norte-americanos aumentou 32 por cento desde que Barack Obama chegou à Casa Branca.

35 %: Os preços das habitações nos EUA baixaram 35 por cento desde o pico da bolha imobiliária.

40: A taxa oficial de desemprego dos EUA tem ficado acima de 8 por cento para 40 meses consecutivos.

42 %: De acordo com uma pesquisa, 42 por cento de todos os trabalhadores norte-americanos estão actualmente a viver de salário em salário.

48 %: Neste momento 48 por cento de todos os americanos ou são considerados "de baixa renda" ou estão a viver na pobreza.

49 %: Hoje, um impressionante 49,1 por cento dos americanos mora em uma casa onde pelo menos uma pessoa recebe ajudas do governo.

53 %: No ano passado, um espantoso 53 por cento de todos os licenciados nas faculdades dos EUA abaixo de 25 ou eram desempregados ou subempregados .

60 %: De acordo com uma pesquisa do instituto Gallup, apenas 60 por cento de todos os americanos afirmam terem dinheiro suficiente para viver de forma confortavel.

61%: Nesta altura, a Federal Reserve está essencialmente a monetizar grande parte da dívida nacional dos EUA. Por exemplo, a Fed comprou cerca de 61 por cento de toda a dívida pública emitida pelo Tesouro em 2011.

63 %: Uma recente pesquisa descobriu que 63 por cento (ficheiro pdf) dos americanos acreditam que os EUA modelo económico fracassou.

71 %: Hoje, 71 por cento de todos os proprietários de pequenas empresas acreditam que a economia dos EUA ainda está em uma recessão.

80 %: Em cada ano, os americanos compram 80 por cento de todos os analgésicos vendidos no mundo.

81 %: A dívida relacionada com cartões de crédito entre os americanos na faixa etária de 25-34 anos aumentou 81 por cento desde 1989.

85 %: de todas as árvores de Natal artificiais são feitas na China (eis um caso no qual os americanos estão em atraso: em Portugal já devem rondar 99.9%).

86 %: De acordo com uma pesquisa, 86 por cento dos americanos que trabalham com uma idade de sessenta anos afirmam continuar a trabalhar além do 65 º aniversário.

93: Os Estados Unidos agora ocupam o lugar 93 do mundo em desigualdade de renda.

95 %: A classe média continua a diminuir: 95 por cento dos empregos perdidos durante a última recessão eram empregos da classe média.

107: A cada ano, o americano médio tem de trabalhar 107 dias só para ter dinheiro suficiente para pagar os impostos locais, estaduais e federais.

350: O CEO (executivo) média agora consegue um rendimento que é cerca de 350 vezes do que o trabalhador médio.

400: De acordo com Forbes, os 400 americanos mais ricos possuem mais riqueza do que os restantes 150 milhões combinados .

500: Em algumas áreas de Detroit, no Michigan, é possível comprar uma casa de três quartos por apenas 500 Dólares .

627: Em 2010, a China produziu 627 milhões de toneladas de aço. Os Estados Unidos só produziram 80 milhões de toneladas.

877: 20.000 trabalhadores se apresentaram por apenas 877 postos de trabalho numa fábrica da Hyundai (que é coreana...) em Montgomery, Alabama.

900 %: As exportações de componentes de automóveis da China para os Estados Unidos aumentaram em mais de 900 por cento desde o ano de 2000.

1.580: Quando Barack Obama foi eleito, uma onça de ouro valia cerca de 850 Dólares. Hoje a mesma onça custa mais de 1580 dólares.

1700 %: O endividamento do consumidor nos Estados Unidos aumentou 1700% desde 1971.

2016: As previsões anunciam que a economia chinesa ultrapassará aquela dos EUA no ano de 2016 .

4.155: O agregado familiar americano médio gastou um espantoso $ 4.155 em gasolina durante 2011.

4.300: O valor médio do rendimento familiar real diminuiu 4.300 Dólares desde que Barack Obama chegou à Casa Branca .

6.000: O preço médio de uma casa em Detroit é agora apenas 6.000 Dólares .

10.000: De acordo com o Employee Benefit Research Institute, 46 por cento (ficheiro pdf) de todos os trabalhadores norte-americanos têm menos de 10.000 Dólares guardados para a aposentadoria, e 29 por cento de todos os trabalhadores norte-americanos têm menos de 1.000 Dólares guardados para a aposentadoria.

49.000: Em 2011, o déficit comercial com a China foi 49.000 vezes maior do que era em 1985.

50.000: Os Estados Unidos perderam uma média de 50.000 empregos por mês na indústria desde que a China aderiu à Organização Mundial do Comércio em 2001.

56.000: Os Estados Unidos perderam mais de 56.000 instalações manufactureiras desde 2001.

85.000: De acordo com o New York Times , um Jeep Grand Cherokee que custa 27.490 Dólares nos Estados Unidos, custa cerca de 85.000 Dólares na China graças aos impostos.

175.587: A Administração Obama gastou 175.587 Dólares para descobrir se a cocaína faz com que a codorniz japonesa assuma comportamentos sexuais arriscados.

361.330: Este é o rendimento médio dum banqueiro em Nova York durante o ano 2010.

440.000: Se o governo federal começasse neste exacto momento a reembolsar a dívida nacional a uma taxa de um Dólar por segundo, seriam necessários mais de 440.000 anos para pagá-la totalmente.

500.000: De acordo com o Economic Policy Institute, a América está a perder meio milhão de empregos para a China a cada ano.

2.000.000: A agricultura familiar estão a ser sistematicamente eliminada nos Estados Unidos. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, o número de fazendas nos Estados Unidos caiu de cerca de 6,8 milhões em 1935 para apenas 2 milhões hoje.

2.000.000: A dívida nacional dos EUA está a aumentar em mais de 2 milhões de Dólares a cada minuto.

2.600.000: Em 2010, 2,6 milhões de americanos caíram na pobreza . Esse foi o maior aumento desde que o governo começou a manter as estatísticas em 1959.

5.400.000: Quando Barack Obama tomou posse havia 2,7 milhões de desempregados de longo prazo. Hoje são o dobro .

20.000.000: É este o total de Dólares gastos pelo governo dos EUA para criar uma versão de Rua Sésamo para as crianças no Paquistão .

25.000.000: Hoje, cerca de 25 milhões de adultos americanos estão a viver com os seus pais.

40.000.000: De acordo com o professor Alan Blinder, da Universidade Princeton, 40 milhões de empregos nos Estados Unidos podem ser transferidos para o estrangeiro durante as próximas duas décadas, se as tendências actuais continuarem.

46.405.204: O número de americanos que actualmente usufruem dos vales-refeição . Quando Barack Obama entrou na Casa Branca eram 32 milhões.

88.000.000: Hoje existem mais de 88 milhões de americanos em idade activa que não são empregados e que não estão a procura de emprego. Isso é um recorde absoluto.

100.000.000: No geral, existem mais de 100 milhões de americanos em idade activa que actualmente não têm emprego.

2.000.000.000: Dois biliões de Dólares é a quantidade de dinheiro que JP Morgan admitiu perder com os produtos financeiros fracassados. Muitos analistas estão convencidos de que o número real vai ser muito mais elevado .

295.500.000.000: O deficit comercial com a China em 2011 foi de 295,5 bilhões de Dólares . Esse foi o maior défice comercial que um País alguma vez teve com um outro País na história do planeta.

359.100.000.000: Durante o primeiro trimestre de 2012, a dívida pública dos EUA aumentou 359,1 bilhões de Dólares. No mesmo período, o PIB dos EUA só aumentou 142,4 biliões de Dólares.

454.000.000.000: Durante o ano fiscal de 2011, o governo dos EUA gastou mais de 454.000 milhões de Dólares só em juros da dívida nacional.

1.000.000.000.000: O montante total da dívida do empréstimo para estudante nos Estados Unidos ultrapassou recentemente a marca de um trilião de Dólares .

1.170.000.000.000: A China tem hoje cerca de 1.170.000 milhões de Dólares de dívida pública americana. No entanto, o governo dos EUA continua a enviar-lhe milhões de Dólares em ajuda externa a cada ano.

5.000.000.000.000: A dívida nacional dos EUA aumentou em mais de 5 trilhões de Dólares desde o dia em que Barack Obama tomou posse. Em pouco mais de 3 anos, Obama acrescentou mais dívida nacional do que os primeiros 41 presidentes juntos.

15.734.596.578.458,59: Este é o valor da dívida nacional dos EUA a partir de 7 de Junho de 2012 .

200.000.000.000.000: Hoje, os 9 maiores bancos dos Estados Unidos têm mais de 200 triliões de Dólares de exposição em produtos derivativos. Quando esta bolha ruir, não haverá dinheiro suficiente no mundo inteiro para paga-la.

 

Ipse dixit.
*informaçãoincorrecta

Apagão dos transportes em São Paulo não merece editorial?


O Folhão trouxe neste feriado (ontem) um editorial cobrando das autoridades a "precariedade" em que se encontram os aeroportos brasileiros, e das companhias aéreas que cumpram a determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e publiquem em seus portais o percentual de vôos atrasados e cancelados.

O editorial cobra o governo quanto a necessidade de maior fiscalização no setor por parte da ANAC. Até aí, tudo bem, realmente são 33 milhões de passageiros/ano viajando pelos ares, brasileiros que felizmente, agora sim, podem dispor de um transporte, de um benefício antes destinado a poucos. É natural que problemas ocorram e perfeito que o jornal cobre essas mudanças da parte do governo.

Agora, eu fiquei pensando neste conceito de situação de "precariedade". Ela existe não só para os 33 milhões de brasileiros que agora sim podem voar mas, também, para aqueles 4 milhões de paulistanos que dia sim e no outro também sentem na pele precariedade parecida.

Caos nos transportes públicos em São Paulo? Quem disse?
São os que se utilizam do metrô e dos transportes de subúrbio da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que não apenas trafegam como sardinhas em lata pelos trilhos de São Paulo, mas tem que aguentar lentidão e panes sucessivas nos sistemas de trens e metrô, os mais lotados do mundo.

E, mais, trafegam desde o choque dos dois três na Linha 3 do Metrô há duas semanas sob uma grande insegurança, fruto da ineficiência acumulada por sucessivas administrações tucanas ao longo dos últmos 30 anos no Estado. Desconforto, precariedade, insegurança, desrespeito ao trabalhador que precisa chegar no horário ao local de trabalho e merece voltar em segurança para o lar.
Mais:

Coisas da maldita Rede Globo

Renato de la Rocha: O mensalão do DEM está sendo julgado no DF, o mensalão do PSDB está na pauta do STF, o livro A PRIVATARIA TUCANA está bombando, PSDB e DEM estão, diretamente, envolvidos com a quadrilha do Cachoeira, a CPI DA PRIVATARIA está "autorizada" a ser instalada, governador Marconi Perigo/PSDB está enrascado com o crime organizado, a Veja está envolvida com o criminoso Cachoeira, mas para a Globo e seus sabujos jornalistas (todos) nada disso é "notícia". A "grande notícia" que a globo divulga é sobre a "provável" data do julgamento do mensalão do PT, que não tem 10 deputados do PT.
TEM QUE TER ESTÔMAGO FORTE PARA LIDAR COM ESTA QUADRILHA.


Charge do Dia

Laertevisão

Gravações indicam
Caixa 2 no DEMO/RN

O Conversa Afiada recebeu o seguinte e-mail:

Olá Paulo Henrique Amorim,

Jose Jorge te recomendou o artigo ‘Viomundo – O que você não vê na mídia – Daniel Dantas (o bom) Lemos: Gravações indicam caixa 2 do DEM no RN’.


(Não deixe de ler também a reportagem de Leandro Fortes na Carta Capital sobre a suspeita de Caixa Dois de Agripino Maia, o Papa do DEMO no Rio Grande do Norte e interlocutor privilegiado do Gilmar Dantas (*).)

Na campanha eleitoral de 2006. Interceptações telefônicas foram feitas pelo Ministério Público

O artigo posse ser visto nesse link – http://www.viomundo.com.br/denuncias/daniel-dantas-lemos-gravacoes-revelam-caixa-2-do-dem-no-rn.html

Daniel Dantas Lemos: Gravações indicam caixa 2 do DEM no RN


por Daniel Dantas Lemos, no seu blog


As eleições de 2006 foram realizadas sob a égide do controle das contas de campanha e dos seus gastos. No ano anterior, o escândalo do chamado mensalão expôs as vísceras dos vícios e indícios de crimes de financiamento de campanha em cena no país.

Era de se esperar que os partidos tomassem mais cuidado naquela eleição com as práticas vedadas pela legislação eleitoral. No Rio Grande do Norte (RN), o PFL, atualmente DEM,  não teve esse cuidado. É o que se depreende dos 42 áudios de interceptações telefônicas feitas pelo Ministério Público Estadual a que o blog teve acesso e publicou entre a segunda-feira (21) e o domingo (27).


No âmbito de uma investigação do Ministério Público estadual, o telefone celular de Francisco Galbi Saldanha, atualmente secretário-adjunto da Casa Civil do governo Rosalba Ciarlini (DEM), foi grampeado. E trouxe à luz conversas muito elucidativas, principalmente entre Galbi e Carlos Augusto Rosado, marido da atual governadora e então candidata ao Senado Federal.


Rosalba foi eleita em 2006, mas os telefonemas mostram esquemas de compra de apoio de políticos, compra de votos, fraude em prestação de contas com uso de notas fiscais frias e uma complexa rede de Caixa 2.


Por envolver políticos com o conhecido foro especial (o senador José Agripino, a então senadora Rosalba Ciarlini e o deputado federal Betinho Rosado), a investigação foi encaminhada pelo Ministério Público Estadual e também pelo Ministério Público eleitoral para a Procuradoria Geral da República (PGR),  em janeiro de 2009.  A PGR não conseguiu ainda esclarecer o que foi feito da investigação desde então.


Muitas conversas explicitam, por exemplo, o uso de dinheiro vivo para pagamento de gastos de campanha – enquanto a lei exigia o uso de cheques vinculados às contas.


Francisco Galbi Saldanha trabalha com Carlos Augusto Rosado desde os tempos em que o atual primeiro-cavalheiro era presidente da Assembleia Legislativa (1981-1983).


Até indícios do envolvimento com a máfia dos sanguessugas aparecem nessas ligações. Albert Nobrega, atual secretário de administração do estado, pede ajuda imediatamente a Galbi por causa de umas ambulâncias compradas pela prefeitura de Mossoró à época da máfia dos sanguessugas. Em 2006, Nobrega era presidente da Comissão de Licitação da prefeitura de Mossoró e é ele que diz que, sem ajuda de Galbi, “vai lascar Rosalba”, já senadora eleita.


Ouve-se também a voz de José Agripino Maia negociando com Galbi Saldanha o repasse de uma verba de R$ 60 mil (em três parcelas de R$ 20 mil) ao ex-vereador natalense Salatiel de Souza.


Carlos Augusto também orienta Galbi a repassar dinheiro para o ex-vereador de Natal, Renato Dantas (R$ 50 mil) e para o atual presidente da Câmara Municipal de Natal, Edivan Martins (R$ 25 mil). Tudo em troca do apoio dos políticos à candidatura de Rosalba ao Senado e Garibaldi Filho ao governo do estado.


Outro grave crime foi confessado nos áudios: Carlos Augusto Rosado informou à tesoureira da campanha do irmão que iria cair R$ 100 mil na conta de campanha de Betinho. Mas o dinheiro era de Rosalba. Depois, Carlos e Galbi tentam articular uma forma de, com uso de notas frias, justificar a retirada do dinheiro da conta de Betinho. Utilizam-se, inclusive, de notas frias do posto de combustível Leste-Oeste, de propriedade do irmão caçula de Carlos Augusto. O deputado federal Betinho Rosado é irmão de Carlos Augusto Rosado e atualmente ocupa o cargo de secretário de agricultura.


O pequeno relato não dá conta de tudo o que está nos áudios. Mas você pode ouvir os principais:


* Uso de duas contas pessoais de Galbi para pagar por apoio de dois vereadores de Natal, entre eles o atual presidente da Câmara.


* Citação de dinheiro a ser pago por apoio para deputados estaduais do RN, entre eles Ricardo Motta (PMN), atual presidente da Assembleia Legislativa


* Depósito de R$ 100 mil na conta de campanha do deputado federal Betinho Rosado (DEM), irmão de Carlos Augusto.  Dinheiro é de Rosalba


* Aqui, Galbi e Carlos Augusto discutem, entre outras coisas, como tirar o dinheiro da conta de Betinho com o uso de notas frias.


*Aqui, a voz do Senador José Agripino discutindo sobre o pagamento ao ex-vereador de Natal Salatiel de Souza (DEM).


* Nessa outra gravação, Salatiel é chamado de cabra safado porque recebeu dinheiro mas mudou de lado na eleição.


Essas são as mais significativas.  Há várias demonstrando a fraude em notas fiscais e recibos eleitorais para justificar gastos de campanha, como esta  AQUI.



(*) Clique aqui para ver como eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste  em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas (*) ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…”
*PHA

Homofobia tem cura: educação e criminalização

Os novos gladiadores


 

Zoroastro Sant’Anna - Jornalista e cineasta
Nosso Homem nº 21
Ilustrações e legendas - redecastorphoto
Chegaram os gladiadores eletrônicos do UFC. Todos os sistemas totalitários da história do mundo mesclaram pão e diversão numa estratégia perversa de dominação, o conhecido método panis et circenscis, pão e circo, ou seja, não deixar faltar pão nem diversão. Ainda está na memória de muitos brasileiros o general Médici fazendo embaixadinhas e o advento da televisão em cores para a transmissão da Copa do Mundo de 1970, TV colorida na sala e sessão de pau-de-arara nos porões.
Bandeira dos desgovernos MILICANALHAS
Durante mais de 700 anos, de 300 A.C. a 400 D.C., os imperadores romanos utilizaram os gladiadores como forma de “diversão” pública. Gladiadores porque usavam uma espada curta, chamada gladius e eram guerreiros capturados e treinados, ou mesmo cidadãos falidos, que recorriam as armas do circo romano para conseguir algum dinheiro ou a morte. Muitos mercadores enriqueceram alugando e vendendo gladiadores, os primeiros empresários do mundo do entretenimento.
Gladiadores no Coliseu romano
Tudo começou por volta de 288 A.C. quando o império romano enfrentou a primeira Guerra Púnica, contra a poderosa Cartago, hoje república árabe da Tunísia, no norte da África, perto da ilha da Sicília. Um exército de mercenários havia tomado a cidade italiana de Messina, matando todos os homens e tomando as mulheres como suas, controlando o estreito que ligava a Itália à ilha, causando sérios prejuízos comerciais ao império de Roma. Cartago enviou tropas para fortalecer os mercenários enquanto os romanos enviaram novos exércitos para retomar a região.
Esta guerra custou muito ao império criando grande descontentamento entre os romanos e o imperador Diocleciano decretou então as temporadas de “jogos” que duravam até oito meses, com uma agenda de combates na grande arena de Roma, depois conhecida como Coliseu. Sangue humano para ensopar o pouco de pão, eterna e infalível  receita para acalmar as multidões sedentas de liberdade e diversão. A guerra durou mais de 100 anos e terminou com a destruição de Cartago e o trágico espetáculo dos gladiadores ficou mais 600 anos em cartaz.
Gladiador romano
Desde a antiguidade a humanidade cria brigas, muitas sangrentas e mortais, sob a capa do esporte, briga de cães, peixes, galos, pássaros, cobras, insetos e até mesmo a briga de aranhas. Os homens brigam desde os tempos imemoriais, sejam por mulheres, terras, dinheiro, honra, vingança ou poder. Há algo de atávico e imperioso no ato de brigar, característica aguçada pelo espírito de competição estimulado pelo capitalismo enquanto forma de produção e organização social, onde a pior humilhação que se pode impor a um ser um humano é a de qualificá-lo como um loser, um perdedor, quando na verdade perder é apenas uma probabilidade lógica ao se disputar.
Tenta-se desde os tempos longínquos transferir o sentimento de disputa esportiva e saudável das Olimpíadas para as raias menores da violência física, como o box clássico e agora a temível MMA-Mix Martial Arts, esse sarapatel de pancadarias explícitas do UFC, com sanguinolência ao vivo e em cores pelos maiores canais de televisão do mundo ocidental e agora do Brasil, onde corpulentos brutamontes espancam seus adversários com técnicas misturadas até que um deles desabe humilhado e sangrando ou desista por dor insuportável. A técnica e a força de machucar pessoas, cobertas de aplausos, dor e dinheiro.
A banalização da violência faz com que se encare a questão de uma mulher enciumada, detonar a cabeça do marido com uma pistola P 380, esquartejar seu corpo, ensacar e distribuir num terreno baldio como apenas mais um crime do cotidiano urbano de uma cidade atormentada. O fato do rico marido assassinado ter em casa mais de 40 armas de fogo modernas, inclusive fuzis, e mais de 10 mil munições não é sequer discutido, afinal era tudo legal, ricamente registrado.
Novo gladiador
Uma emissora brasileira de televisão brasileira está investindo milhões no MMA, esse novo “esporte” que, certamente, será um sucesso de audiência. Da mesma forma que são sucessos de audiência imbecilidades como o BBB, o programa do Ratinho, Pânico na TV e outras aberrações. Não se trata aqui de ser contra ou a favor do UFC-MMA, o fato está aí e o que cabe é discutir o porque da sua existência e que forças e interesses estão por trás dessa iniciativa.
Não é apenas mais um esporte inocente. É a violência física entrando por nossa casa a dentro. É  fácil argumentar que se não quer ver, mude de canal, mas as coisas não são tão simples assim. Existe todo um marketing, toda uma motivação introdutória, uma cooptação quase indefensável praticada pela mass mediadirigida aos jovens e aos menos avisados. Existe uma apologia explícita da técnica exercida com força bruta para domínio e submissão do próximo. Além do mais, os maiores campeões mundiais são brasileiros, verdadeiros ícones de uma cultura do vencer, nem que seja na porrada.
Arena de UFC-MMA, o novo Coliseu romano
As lutas consideradas esportivas com o box, judô, taikwondô, jiujitsu, mai-tai e tantas outras não foram suficientes para satisfazer aquele gostinho de sangue na boca que toda sociedade saboreia com maior ou menor prazer. Foi preciso retirar a elegância de um Muhamed Ali, Sugar Ray Robson ou Rocky Marciano, diminuir o tamanho de suas luvas de box, para proteger menos e machucar mais. Foi preciso juntar todas as formas de combate físico conhecidos numa briga só para tornar o espetáculo mais atraente e sangrento. Não há um único round do UFC em que o sangue não jorre, não seja aparente, provocante e rico. E, atrás de tudo, o dinheiro, muito dinheiro.
Em cada golpe, soco ou ponta pé desferido no outro, cada cidadão esmurra e se vinga do guarda de trânsito achacador, do flanelinha indevido, do político corrupto, da sogra incômoda, da mulher desamada, do vizinho mau caráter e do Estado injusto e incompetente. Cada gota de sangue derramada no ringue é uma lágrima  derramada neste triste viver no mundo inóspito do século XXI. Os novos gladiadores eletrônicos chegaram para o delírio da plebe. Enfim.
· Travesti – O ator Antônio Fagundes está fisicamente travestido do falecido político Antônio Carlos Magalhães, na novela “Gabriela” que estréia na próxima semana. ACM foi um dos últimos coronéis da política brasileira, Vice-Rei da Bahia, responsável por vários escândalos como o dos grampos no Congresso e o da distribuição de concessões de rádios e televisões para políticos corruptos enquanto Ministro das  Comunicações do governo Sarney.
· Safado – Sucesso absoluto a peça de Paulo Lobo “O Anjo Safado”, com a participação do ator Antônio Leite e direção de Jorge Lins, exibida no Atheneo.
· Era outro – Já virou piada a CMPI do Cachoeira. Todo mundo mente, até quem pergunta. São tantos os fios a serem puxados nesse novelo, que não há tantos dedos possíveis e muito menos onde guardar tanta lã. Agora, o vereador que intermediou a casa que o governador Marcondes Perillo vendeu por R$ 2,4 milhões ao criminoso Cachoeira, diz que não foi ele quem pagou em dinheiro vivo, que o negócio dele foi de R$ 1,6 e pago em dinheiro. Quem comprou não foi um e nem quem pagou foi o outro. Ninguém entende mais nada.
· Mengão – Roubaram o Flamengo e não foi em campo, foi na tesouraria mesmo, aqui no Leblon. Dois homens armados levaram quase R$ 15 mil dos cofres do clube. O comentário é que o roubo teve a participação de funcionários pois um dos ladrões chamou o tesoureiro pelo nome. Dizem que não tem a nada a ver com Ronaldinho Gaúcho a quem o time deve mais de R$ 40 milhões.

· Igualzinho – O atual presidente do Uruguai, Jose Pepe Mujica, tem 77 anos, é ex-guerrilheiro tupamaro, vive em casa própria, uma chácara a 20 km de Montevidéu, doa 90% do salário e faz um bom governo, segundo a imprensa. Mujica saiu sozinho outro dia para comprar uma tampa de privada, quando foi reconhecido pelos jogadores do time local, Huracán, que o convidaram para um churrasco e lá foi ele com a tampa da privada debaixo do braço.
*GilsonSampaio

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