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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 11, 2012

Advogados denunciam Editora Abril

Do sítio do Coletivo Advogados para a Democracia:
O Coletivo Advogados para a Democracia protocolou na última quarta-feira (06/06) uma representação ao Ministério Público contra a Editora Abril.

Há algumas semanas, recebemos a informação de que a empresa circulava por escolas estaduais de São Paulo distribuindo pacotes de figurinhas e bonecos em miniaturas pertencentes a um álbum produzido por ela em uma prática covarde e criminosa de induzir crianças e adolescentes ao consumismo infantil.

“É muito melhor sofrer diante da verdade do que viver na omissão dela ou na mentira, como acontece hoje no Brasil”
 

Presidente da OAB-RJ: Judiciário conservador impede punição de crimes da ditadura

Divulgação / OAB-RJ
Wadih Damous diz que é necessário apoiar a Comissão da Verdade e pressionar para que agentes da ditadura militar sejam investigados | Foto: Divulgação / OAB-RJ

Rachel Duarte no SUL21

Convidado pela presidenta Dilma Rousseff para o lançamento da Comissão da Verdade, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, Wadih Damous, é conhecido como apoiador da luta por verdade e justiça e da punição às violações de direitos humanos ocorridos no Brasil na ditadura militar. No exercício do segundo mandato, que encerra em dezembro deste ano, Wadih Damous defende que a verdadeira democracia só será desfrutada pelo Brasil quando a sua história for esclarecida. “Houve tortura e milhares de pessoas estão desparecidas. E os agentes do Estado que o fizeram não foram identificados. Existe uma série de perguntas sem resposta que precisam vir à tona”, defendeu em entrevista ao Sul21.
O advogado confia e afirma defender junto aos movimentos de direitos humanos e de familiares de desaparecidos políticos o trabalho dos integrantes da Comissão da Verdade brasileira. Ele admite que não prever punição é uma limitação da Comissão, mas diz que os jovens brasileiros estão dando um exemplo com o ‘escracho’ dos agentes da ditadura. “Já que o Estado brasileiro não pune, eles punem moralmente, apontando o dedo para aqueles que macularam a história do Brasil”, afirmou.
Ainda que esperançoso na possibilidade de revisão da Lei de Anistia, diante da abertura de uma brecha jurídica levantada pelo Ministério Público Federal no caso do coronel Sebastião Curió Rodrigues de Moura, Wadih Damous é realista ao afirmar que, apesar dos esforços, o conservadorismo do Poder Judiciário poderá vencer mais uma vez. “Infelizmente o Judiciário tem arquivado estes procedimentos. Este é o grande obstáculo que temos aqui no Brasil para punir estes agentes públicos. Se o julgamento fosse hoje, acredito que a posição atual do STF seria não rever sua decisão”, falou.
“É muito melhor sofrer diante da verdade do que viver na omissão dela ou na mentira, como acontece hoje no Brasil”
Sul21 – Quem teme a verdade da história brasileira?
Wadih Damous – Os agentes que praticaram crimes de lesa-humanidade que ainda estão por ai. Eles vivem no Brasil, gozando de liberdade e convivem de forma absolutamente tranquila entre nós, com a sustentação judicial de já terem sido considerados anistiados. A sociedade brasileira, por sua vez, não tem o que temer. Eu acho que a verdade, em qualquer situação individual ou jurisdicional que envolva toda uma nação, é sempre necessária e imprescritível. É muito melhor sofrer ou sentir dores por estarmos diante da verdade do que vivermos na omissão dela ou na mentira, que é o que acontece hoje no Brasil. Sobretudo quando pensamos na futuras gerações. Quando em sala de aula se fala sobre ditadura militar, os jovens imaginam que foi algo que ocorreu há muito tempo na história, centenas de anos atrás. E o que aconteceu é muito recente. É fundamental nossa democracia amadurecer enfrentando as mazelas que aconteceram a partir de 1964. Por isso é necessário que nós apoiemos a Comissão da Verdade e cobremos para que ela atue na revelação da verdade. E não é só revelar a verdade dos familiares de mortos e desaparecidos. O ex-presidente Juscelino Kubitschek morreu em um acidente mesmo ou foi assassinado? O ex-presidente João Goulart morreu doente ou morreu envenenado? Há uma série de episódios que precisam ser esclarecidos.
Divulgação / OAB-RJ
Querer que Comissão da Verdade investigue perseguidos políticos é "descabido", diz Wadih Damous | Foto: Divulgação / OAB-RJ
Sul21 – De qual verdade o senhor está falando?
Wadih Damous – A verdade de que houve tortura e os autores que torturaram não foram identificados na história. A verdade de que milhares de pessoas estão desaparecidas. Precisamos saber quem os fez desaparecer. E, se os mataram, a mando de quem o fizeram? Onde estão enterrados os corpos? Então, existe uma série de perguntas sem respostas deste período que precisam vir à tona. Para isso, confiamos na capacidade da Comissão da Verdade.
Sul21 – A Lei de Acesso à Informação e a Comissão da Verdade foram duas conquistas importantes para a democracia, mas entidades e ativistas dos Direitos Humanos alegam que no formato em que foi instituída e com alguns de seus integrantes, ela corre risco de ser ineficiente.
Wadih Damous – Isso vai depender do trabalho que for feito pela Comissão da Verdade e do que ela irá conseguir de fato apurar. Eu não sei exatamente o que alguns críticos qualificam como ‘meia verdade’. Se for o fato da Comissão ser criada para apurar as arbitrariedades cometidas pelo Estado e os atentados aos direitos humanos e desejarem também que se investigue os perseguidos políticos, é algo descabido. Porque quando se fala em Direitos Humanos, nós estamos falando de práticas cometidas pelo Estado, pelos agentes públicos. E é isto que a Comissão da Verdade vai investigar. Dizer onde algum desaparecido foi enterrado, revelar o nome de quem torturou ou matou não é meia verdade, é uma verdade inteira. Não aceitamos este tipo de crítica.
Sul21 – Mas a Comissão da Verdade do Brasil, diferente de outros países, como Argentina, África, não punirá os agentes da tortura.
Wadih Damous – Cada país tem seu processo e condicionâncias da história. Aqui o caminho que se encontrou foi este. Infelizmente o Supremo Tribunal Federal entendeu que os agentes públicos que cometeram estas atrocidades e atos bárbaros estavam anistiados, perdoados. Então, a Comissão da Verdade foi criada neste contexto de interpretação da Lei de Anistia. Mas, de fato, ela acaba limitada. Se comparado com as comissões de outros países que também passaram por ditaduras, ela é limitada. Realmente, não punir é uma limitação que nós teremos.
“ Ao anistiar torturadores, o Brasil está na contramão de toda a Justiça internacional”
Sul21 – Sobre os crimes de lesa-humanidade, imprescritíveis na maior parte do mundo, o Brasil descumpre as recomendações da Organização dos Estados Americanos (OEA) ao não revisar a Lei de Anistia. O presidente da OAB nacional, Ophir Cavalcante, afirmou ao Sul21 que isto é um desrespeito com a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Qual a sua posição?
Wadih Damous – Sem sombra de dúvida. Ao anistiar torturadores, o Brasil está na contramão de toda a Justiça internacional, que age no sentido de não reconhecer leis de autoanistia e de considerar imprescritíveis os crimes de lesa-humanidade, como os praticados pelos agentes da ditadura brasileira.  O STF já decidiu que as normas internacionais têm natureza supralegal no ordenamento jurídico brasileiro, mas isso não quer dizer que as decisões emanadas da Corte Interamericana sejam hierarquicamente inferiores às suas. Ao contrário. Tampouco se pode falar em atentado à soberania nacional, por dois motivos: a Corte Interamericana não usurpa a competência do STF de analisar a constitucionalidade das leis brasileiras, já que sua análise é de convencionalidade, de adequação das leis à convenção, e soberania não é conceito absoluto. Sendo assim, só caberia uma decisão legítima a partir do requerimento feito pelo Conselho Federal da OAB: o reconhecimento de que a decisão da Corte Interamericana tem validade jurídica plena no Brasil, tendo retirado do mundo jurídico a Lei de Anistia brasileira. O que não aconteceu.
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"Foi uma interpretação perfeita a feita pelos procuradores do MPF no caso de Curió. Mas o Judiciário tem arquivado esses procedimentos" | Foto: Divulgação / OAB-RJ
Sul21 – Recentemente o Ministério Público Federal (MPF) descobriu uma brecha na Lei de Anistia e o Brasil tem a possibilidade de voltar atrás no perdão dado aos torturadores quando o Supremo Tribunal Federal não revisou a Lei de Anistia em 2010. Qual a sua avaliação sobre a tese jurídica do caso do coronel Sebastião Curió Rodrigues de Moura (que considera o sequestro não resolvido de militantes políticos, dos quais o coronel é acusado, como ainda em andamento e portanto não passível de prescrição)?
Wadih Damous – Os procuradores da República têm tentando encontrar uma brecha para rever a Lei de Anistia no Brasil, mas ainda não conseguiram. As teses não encontram respaldo do Judiciário. No caso de Curió, foi uma interpretação perfeita a feita pelos procuradores do MPF. Eles merecem todo nosso aplauso. Mas quem irá decidir sobre a validade dela é o Poder Judiciário. Infelizmente, o Judiciário tem arquivado estes procedimentos. Este é o grande obstáculo que temos aqui no Brasil para punir estes agentes públicos. O entendimento (do Judiciário) é de que, apesar da tese do MPF, os crimes estão prescritos e os agentes anistiados.
Sul21 – Ainda não há data para o STF julgar os embargos declaratórios interpostos pela OAB, questionando a validade da Lei de Anistia, mas o julgamento deve ocorrer em breve. A decisão esteve marcada para o último dia 22 de março, mas a própria OAB pediu adiamento porque o jurista Fabio Konder Comparato não poderia comparecer. Com todos os novos fatos jurídicos e políticos e a nova presidência do STF, o senhor imagina um desfecho diferente de 2010?
Wadih Damous – Assim nós esperamos e torcemos. Não sei se no julgamento dos embargos a composição do STF já terá mudado. Mas não é essa a tendência atual (derrubar a Lei da Anistia). Neste momento, se fosse julgado hoje, acredito que a posição atual do STF seria não rever sua decisão. Mesmo assim, nós estamos pressionando para a revisão da posição anterior e que o Brasil trate de se adequar às determinações da Corte Internacional de Direitos Humanos.
Sul21 – Esta convicção vem de alguma informação que o senhor dispõe?
Wadih Damous – Não. O Poder Judiciário brasileiro tem uma vocação conservadora, tende sempre a manter suas decisões. Ainda mais se tratando de uma decisão tão recente. Eu até agora não vi ou ouvi nenhum ministro do STF dizendo que mudou de ideia ou que concorda em rever posição. Então, isso me leva a fazer uma previsão. Eu tenho o palpite que se for ser julgado os embargos hoje, não será revista a Lei de Anistia.
“Já que o estado brasileiro não pune os responsáveis por crimes tão bárbaros, que eles sejam punidos moralmente. É o que os jovens estão fazendo”
esculacho
"Esculacho" na casa de Maurício Lopes Lima, acusado de chefiar torturas a Dilma Rousseff | Foto: Divulgação
Sul21 – Jovens militantes da justiça e da memória têm promovido, em várias partes do país, atos públicos ridicularizando militares e policiais acusados de envolvimento em torturas durante a ditadura pós 1964. A OAB/RJ apoia o ‘esculacho’ feito pelo Levante Popular da Juventude?
Wadih Damous – Mais uma vez os jovens, e aí pouco importa qual ideologia que têm ou a que partido político estão filiados, adotam atitudes corajosas. Talvez sequer os pais deles tenham vivenciado o que foi de fato a ditadura militar. E eles, de forma muito combativa, estão fazendo esta cobrança da retomada da memória e condenação moral dos torturadores. Já que o estado brasileiro não pune criminalmente os agentes públicos responsáveis por crimes tão bárbaros, que eles sejam punidos moralmente. É o que os jovens estão fazendo. Ele estão revelando algumas destas pessoas e apontando o dedo, dizendo o que eles fizeram, práticas bárbaras e que maculam a história do Brasil. Nós apoiamos este movimento e recebemos estes jovens aqui (OAB-RJ) com muita satisfação. Eu afirmo que a OAB-RJ está absolutamente empenhada no esclarecimento destes fatos, no sentindo de preservar a memória do Brasil e revelação da verdade. Nós entendemos que a democracia brasileira jamais se consolidará sem isto ser revelado.
Sul21 – Mas o promotor militar Otávio Bravo criticou a OAB do RJ em março, alegando falta de vontade do órgão em contribuir efetivamente com informações sobre o período da ditadura militar.
Wadih Damous – Eu fiquei espantado com a declaração deste promotor, porque ele nos procurou na época e teve toda a nossa atenção. Ele foi inclusive entrevistado pelo nosso jornal, uma publicação da Ordem com 150 mil exemplares. Porém, ao que parece, ele está muito mais preocupado em aparecer do que propriamente colaborar com a busca pela verdade em relação aos episódios da ditadura militar. Nesta declaração dele, ele talvez tenha nos confundido com órgãos de informação, porque o que ele alega como informação necessária ele já dispunha quando veio nos procurar. A afirmação dele de que defende uma tese nova sobre os desaparecidos também não é verdadeira. É o MPF que sustenta, com bravura e competência, a tese do crime continuado. De que o sequestro e o desaparecimento forçado não têm data de inicio para prescrição – portanto, são crimes que seguem acontecendo. Além disso, fomos alertados por diversas entidades ligadas aos direitos humanos de que ficaríamos vinculados a um Inquérito Policial Militar. E nós consideramos em primeiro lugar que a competência jurídica neste tema é da Justiça Federal e em segundo, não temos qualquer confiança de que setores militares tenham competência para ajuizar este tipo de investigação. Isso compete ao MPF.
Wadih Damous recebeu integrantes do Levante Popular da Juventude: "estão fazendo esta cobrança da retomada da memória e condenação moral dos torturadores" | Foto: Bruno Marins/OAB-RJ
Sul21 – Ele alegou ter enviado ofício algumas vezes sem nunca obter respostas. Ele considerou no mínimo contraditório com o discurso público da Ordem, que promove campanha e abaixo assinado pela abertura dos arquivos.
Wadih Damous – Isso é uma inverdade. Eu desconheço a trajetória deste procurador no combate à ditadura militar. A OAB-RJ tem história neste sentido. É alguém que saiu da obscuridade e seguirá falando sozinho.
Sul21 – O senhor confia na possibilidade de investigação e abertura dos arquivos da ditadura militar no Brasil?
Wadih Damous – A dificuldade será na localização dos arquivos. Porque os detentores da ditadura militar afirmam que boa parte dos documentos foi queimada. Primeiro temos que focar na abertura dos arquivos já localizados e garantir que os agentes que integraram a ditadura militar compareçam para serem ouvidos na Comissão da Verdade. E que digam aquilo que devem dizer. Nós temos esperança de que a Comissão da Verdade consiga efetivamente revelar esta face ainda oculta do período do regime militar no Brasil e recupere a memória de tudo o que está relacionado aos desaparecidos políticos.
*Turquinho
 

A moralidade cristã é psicótica


*DiarioAteista

Bocejo de Sísifo LXXXIX


por Paulo Jonas de Lima Piva
Entregar-se resignado à lógica inconsciente dos cães de rodoviária: o tempo não existe, só a fome, a dor e o sono são a posteriori. De um pedaço de coxinha caído no chão, um pisão de rabo, a um raio de sol, a existência vai sendo evaporada, cinicamente...
*opensadordaaldeia

DROGADOS PELO DINHEIRO: FISSURA DE SUPER-RICOS SUSTENTA A MISÉRIA DO MUNDO E ABALA AS ECONOMIAS DOS EUA E DA EUROPA

Teste seu vício: o que isso lhe provoca?

Nos últimos tempos temos visto no Brasil muitas reportagens sobre os milionários, os mega ricos, os super-ricos. O sucesso econômico do país com o governo do ex-presidente Lula consolidou alguns impérios financeiros pessoais e de grupos econômicos. Isso fez com que um grupo de pessoas, ainda que seleto, pudesse usufruir do mais alto luxo e extravagância. O patrimônio dessas pessoas pode atingir 100 milhões de dólares.

Esse processo não foi diferente na Europa e Estados Unidos, que já garantiam há algum tempo essa cultura do dinheiro sem limite. Mas essa cultura neoliberal pelo enriquecimento sem freio, esse culto ao dinheiro, tem se transformado num grande clube da destruição. Apesar de gerar prazer extasiante para seus viciados, a falta de regras e controles do Estado têm arrasado a economia de vários países. Nesta semana,  por exemplo, os bancos espanhóis vão receber 100 bilhões de euros!

Os super-ricos, os altos executivos de bancos e seus lucros sem controle, os corruptores do sistema político, os manipuladores de má fé de produtos industriais para baratear custos e aumentar o lucro e os ruralistas que se beneficiam de trabalho escravo são alguns drogados pelo dinheiro. 

Essa cultura, que abalou a estrutura da maior economia mundial, os EUA, e do continente mais próspero, a Europa, está imbuída de sentidos falsos e cínicos. Um deles é de que “o mundo é dos espertos”, “todo mundo rouba”, “o importante é levar vantagem”, “política é assim mesmo” etc etc etc. Esse mesmo pensamento é associado à ideologia que combate o fantasma do comunismo. Contra esse fantasma, tudo pode. É a ideologia da extrema-direita, que foi eficiente para combater os comunistas durante a guerra fria e hoje se tornou uma tragédia e uma farsa, replicadas pela mídia.

Esse substrato cultural sustentou as políticas de desregulamentação econômica da Europa e EUA. Nesse bonde, as redes de rádio, TV e Jornais serviram de sustentação espalhando o medo ideológico e avalizando mega fusões de empresas controladoras de mercado. Isso tem destruído a economia de países para manter intactos os drogados pelo dinheiro, também conhecido como “o mercado”, os grandes apostadores das bolsas, os grandes compradores de ações, os grandes corruptores do sistemas, os grandes falsificadores de produtos de mega empresas etc.

A fissura pelo dinheiro se tornou uma droga tão pesada que permitiu o rompimento dos laços societários, da vida em comunidade, da vida em uma cidade, de uma nação. Nesse panorama, não há sequer pudor em se associar a criminosos, corruptores, assassinos, espiões, usurpadores e escravocratas.

A busca pela manutenção ideológica do vício do ganho financeiro permite o vale tudo, da mesma forma como age o garoto pobre que rouba casas, carros, pessoas e mata para poder se drogar e viver em uma bela noite de delírio.

Leia mais em Educação Política:

ONG da Globo garfou R$ 2,9 milhões dos cofres públicos às custas da UNE

 

O jornalão O Globo critica convênios e patrocínios à UNE (União Nacional dos Estudantes) bem acima do tom.

Mas o que o jornalão não conta, é que a ONG da Globo, Fundação Roberto Marinho, usando da lei de incentivo à cultura, garfou R$ 2,9 milhões do dinheiro público dos impostos, para fazer a "Memória da UNE" (Ver PRONAC nº 030926 no Ministério da Cultura), quando queria melhorar um pouco sua imagem de empresa filhote da ditadura.

Clique na imagem para ampliar


Por sinal, é difícil compreender como um site relativamente modesto, e que deveria ter o respaldo técnico da TV Globo na produção de vídeos, conseguiu consumir tanto dinheiro:

Clique na imagem para ampliar
http://www.mme.org.br
O que os amigos leitores que são webmasters ou webdesign acham?
Que tal o jornalão fazer uma reportagem a respeito, abrindo com transparência a prestação de contas?
Detalhes sórdidos

Apesar do "site" ser feito com dinheiro público e com informações que pertencem à História da Brasil, a Fundação Roberto Marinho registrou todos os direitos autorais em seu nome.

Na proposta apresentada ao Ministério da Cultura, a ONG da Globo queria que os cofres públicos pagassem:

- R$ 5.000,00 para "coquetel"
- R$ 37.800,00 para compra de computador Pentium.

Estes itens foram vetados. 
*osamigosdopresidentelula

Gilmar e Veja:
o conluio dos desesperados

Extraído da Carta Maior, a partir do Viomundo:

(Não deixe de ler, também, a denúncia de Leandro Fortes na Carta Capital: “Sócio acusa Gilmar de desvio e sonegação fiscal”; e “Ayres Britto, marque o seu mandato com punição exemplar a Gilmar”.)

Elvino Gass: Gilmar Mendes, Veja e o conluio dos desesperados


por Elvino Bohn Gass, em  Carta Maior, sugestão de MVM


Aos petistas interessa que os episódios do que se convencionou chamar, retoricamente (conforme o próprio inventor do termo), de mensalão, sejam julgados. A permanência do falatório acerca deste assunto só serve aos adversários do PT que, confrontados com os governos muito bem sucedidos de Lula e Dilma, há anos perderam a linha. E a compostura.

Eles sabem. O que se chamou de mensalão foi uma prática inaugurada por um dos seus (o tucano Azeredo, em Minas). Mas sabem, também, que em caso de condenação de um petista, a foto deste é que estampará a capa da revista Veja. Provavelmente ilustrado com chifres e fumaça nas ventas.


A ideia que preside a tática antipetista é simples: é preciso diminuir a força do PT. Porque o PT tem Dilma e o governo federal mais bem avaliado da história, a maior e uma das mais qualificadas bancadas do Congresso e é o partido preferido dos brasileiros. Como se isso não bastasse, às vésperas de mais uma eleição municipal, investigações da Polícia Federal provam que alguns dos maiores acusadores do PT fazem parte de um esquema criminoso que reúne corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e outros malfeitos.


Encurralados, PSDB, DEM, PPS e outros ainda menores, precisam arranjar um jeito de tentar jogar o PT no vento – e o julgamento do dito mensalão parece ser o sopro da hora.

As investigações da PF já prenderam Carlos Cachoeira, o bicheiro a quem o líder do Democratas, senador Demóstenes, servia como um office-boy. Demóstenes era apontado pela revista Veja como um dos ícones éticos do Senado e mais forte acusador do PT. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça também comprometem seriamente o governador tucano Marconi Perillo, com quem Cachoeira negociou uma mansão e cuja Chefia de Gabinete utilizava um telefone “à prova de grampos”, presenteado pelo bicheiro. Demóstenes, Perillo, o desespero só aumenta. Até porque, há uma CPI em andamento no Congresso com potencial para estabelecer a responsabilidades políticas, cassar mandatos e desmontar de um esquema criminoso do, qual se beneficiaram os oposicionistas do PT. E quem conhece, sabe: o PT irá até o fim nesta investigação.


É neste contexto de desespero oposicionista que se insere um episódio tardio, a conversa entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes presenciada pelo ex-ministro Nelson Jobim. Dos três personagens do encontro, dois – Lula e Jobim – dizem a mesma coisa: não houve qualquer pressão para que se adiasse o julgamento do mensalão. O terceiro, Mendes, insinua que foi pressionado. Não por acaso, a insinuação vira manchete da revista Veja.


Logo Veja, que centenas de vezes moldou fatos, inventou dossiês, usou fontes suspeitas, sempre contra o PT.


Mas quem é Mendes e qual o papel de Veja em tudo isso? Mendes é o homem para quem um outro ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, disse: -Vossa Excelência não está nas ruas, está na mídia destruindo a Justiça desse país. Me respeite porque o senhor não está falando com seus capangas do Mato Grosso”.


Capangas? Um ministro do Supremo com capangas? Reportagem da revista Carta Capital explica a afirmação do ministro Barbosa: “Nas campanhas de 2000 e 2004, Gilmar (Mendes), primeiro como advogado–geral da União do governo Fernando Henrique Cardoso e depois como juiz da Corte, não poupou esforços para eleger o caçula da família (Chico) prefeito de Diamantino, município a 208 km de Cuiabá/Mato Grosso… circulou pelos bairros da cidade, cercado de seguranças, para intimidar a oposição…”


Para registro: o irmão do ministro é do PPS.


Sobre Mendes, vale lembrar que viajou várias vezes com Demóstenes, de quem era um dos interlocutores prediletos. A relação entre ambos é forte. E vem de longe.


Tome-se, por exemplo, o ano de 2008, quando Mendes presidia o Supremo. Naquele ano, a Polícia Federal já estava chegando perto de Cachoeira. De repente, vem a revista Veja (Veja, sempre Veja) e traz uma notícia “bombástica”: o Supremo está sendo espionado. As fontes? Demóstenes e Gilmar Mendes. Nunca houve um áudio sequer que desse crédito ao grampo. Entretanto, Veja fez manchete. Mas justificado pelas suspeitas nunca provadas de que estaria sendo espionado, Mendes contrata para ser seu consultor de contra-espionagem, um ex-agente da ABIN chamado Jairo Martins.


Sabem que é Jairo Martins? Ele mesmo, o homem apontado pela Polícia como um dos principais operadores do esquema de… Cachoeira, o araponga do bicheiro. Não por acaso, em Brasília, já se diz que entre Cachoeira e Mendes há pelo menos um dado comum incontestável: ambos utilizavam o mesmo personal-araponga. Seria risível se não fosse tão revelador. Há mais: Mendes foi o ministro que concedeu o discutível habeas corpus ao banqueiro Daniel Dantas num inesperado final de semana. Dantas… sim, a fonte a quem a revista Veja (olha a Veja aí de novo) deu crédito na história do estapafúrdio dossiê que revelaria contas de figurões da República no exterior, Lula entre eles. Jamais comprovado porque absolutamente forjado, o dossiê desapareceu das páginas da revista.


Pois é, esta é a Veja. Uma publicação que manteve relações tão estreitas com Cachoeira que este determinava até em qual espaço da revista suas “informações” deveriam ser publicadas. É diretor de Veja o jornalista que manteve centenas de telefonemas com Cachoeira e que das informações dele se servia para atacar o governo do PT. Veja é, portanto, o veículo de imprensa que melhor conhecia o modus operandi de Cachoeira. No entanto, jamais o denunciou. Repito: jamais o denunciou! Muito se poderia dizer ainda sobre Veja, mas fique-se com a fala de Ciro Gomes, um aliado de Dilma mas um crítico do PT: “Todo mundo sabe que a revista Veja tem lado. Todo mundo sabe que a revista Veja é a folha da canalhocracia brasileira. É ali que o baronato brasileiro explora o moralismo a serviço da imoralidade”.


Veja, a revista que mais ataca o PT, perdeu sua principal fonte oficial – Demóstenes – e sua principal fonte não-oficial – Cachoeira. Restou-lhe tentar um último golpe: atacar Lula, o maior símbolo petista. E a escolha de Gilmar Mendes para o serviço faz todo o sentido neste verdadeiro conluio de desesperados.


Elvino Bohn Gass é deputado Federal PT/RS, Secretário Nacional Agrário e vice-líder da bancada do PT na Câmara.

*PHA

Mapeados imensos aquíferos de água doce no Saara e em toda África


Entre os medos espalhados por um falso ecologismo está o do fim da água doce e o de uma desertificação planetária. De acordo com a sua patranha propagandística, o mundo, inclusive a Amazônia, estariam a caminho de virar um imenso Saara, por culpa da ‘infausta’ obra do homem!

Descendo, contudo, à realidade, recente mapa geológico elaborado por cientistas britânicos mostra que a África descansa sobre uma “descomunal reserva de água subterrânea” cujos maiores aquíferos ficariam no norte, quer dizer, debaixo do Saara, informou o diário “ABC” de Madri.

O volume total de água sob a superfície atingiria meio milhão de quilômetros cúbicos ou 500 quatrilhões de litros, quantidade suficiente para alimentar a cidade de São Paulo durante 4.453 anos sem levar em conta a reposição do aquífero.

Água das Cataratas Victoria parece quase nada ao lado dos aquíferos mapeados
Água das Cataratas Victoria parece quase nada ao lado dos aquíferos mapeados
Tal volume equivale a vinte vezes as precipitações anuais em todo o continente africano e é cem vezes maior de tudo o que se conhece na superfície africana.


Alguns poços já podem ser explorados com mínimo investimento, pois a água se encontra a apenas 25 metros de profundidade.

A exceção é a Líbia, onde os aquíferos se encontram a partir de 250 metros. Neles seria necessária uma infraestrutura mais cara e complexa.

Cerca da metade dessas colossais reservas encontram-se na Líbia, na Argélia e no Chade, coincidindo com boa parte do deserto do Saara, explicou Alan MacDonald, o geólogo que liderou a investigação.

“Estas grandes jazidas de água não só poderiam aliviar a situação de mais de 300 milhões de africanos que agora não dispõem de água potável, mas também melhorar a produtividade das plantações”, disse o especialista do instituto científico British Geological Survey.

Download trabalho completo AQUI.
O trabalho final foi publicado com o título “Quantitative maps of groundwater resources in Africa” em “Environmental Research Letters”.
Ver PDF AQUI.

Participaram do trabalho especialistas do University College de Londres e se tratou da primeira investigação de todas as reservas de águas subterrâneas mapeadas do continente.

Os especialistas aproveitaram também os planos hidrológicos elaborados por diversos países e os resultados de 283 estudos regionais prévios.

300 milhões de africanos poderão ter resolvido o problema da água
300 milhões de africanos poderão ter resolvida
a falta de água potável e para irrigação
No norte da África – a região desértica do continente – os depósitos de água têm uma altura de 75 metros e encontram-se protegidos por camadas rochosas de grande resistência, como o granito.

Esses aquíferos não acumulam água de chuva filtrada através da terra, mas remontam a cerca de 5.000 anos, época em que o Saara era formado por hortos, com numerosos lagos e vegetação de savana.

Os aquíferos do Saara não são os únicos na Africa. Os geólogos acharam grandes jazidas na costa da Mauritânia, do Senegal, da Gâmbia, em parte da Guiné-Bissau e do Congo, bem como na região partilhada entre Zâmbia, Angola, Namíbia e Botswana.

“No Chifre da África há aquíferos menores, mas em quantidade suficiente para o consumo humano e não seria caro explorá-los por meio de poços. Além do mais, não seria necessário investir no tratamento da água, porque sua qualidade é muito boa”, esclareceu MacDonald.

O especialista observou que embora esses sistemas possam sustentar 300 milhões de pessoas, seria prudente explorá-los com certos limites. “Na maioria da África as precipitações não são suficientes para recompor os aquíferos, por isso eu recomendaria não tirar uma quantidade de água maior que a recarregada a cada ano pela chuva”, acrescentou.

Trata-se de um conselho de bom senso palmar, o qual falta ao ambientalismo catastrofista (que talvez finja não possuí-lo).
*verdeacornovadocomunismo

PT quer levar Serra à CPI para explicar contratos de SP com a Delta

O PT apresentou requerimento para ouvir na CPI o candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), para que explique contratos da Delta firmados quando era prefeito.
O partido quer convocar também o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira, o Paulo Preto, figura incômoda para os tucanos. 
*comtextolivre 


O deputado Dr. Rosinha (PT-PR) propôs que o candidato a prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), compareça à Comissão de Inqueirto Parlamentar. "A construtora Delta chegou à Prefeitura de São Paulo quando o Serra era prefeito e depois aprofundou suas contas com o governo do Estado, quando ele era governador", disse o deputado. Segundo a Polícia Federal, a Delta era um dos braços da organização criminosa.
Dr. Rosinha também defendeu a convocação do ex-diretor de engenharia da estatal paulista Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Nas eleições presidenciais de 2010, Paulo Preto foi o arrecadador do caixa dois do PSDB.Depois, acabou sumindo com 4 milhôes da campanha de Serra que na época era candidato á Presidência da República
Paulo Preto, ja disse que criou condições para que houvesse aporte de recursos nas campanhas do PSDB.
Dr. Rosinha também pediu a convocação, na condição de testemunha, do secretário de Educação de Goiás, deputado federal licenciado Thiago Peixoto (PSD), pré-candidato do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), à Prefeitura de Goiânia. Sua candidatura, contudo, se enfraqueceu após ter sido citado em um áudio por Gleyb Ferreira da Cruz, apontado pela Polícia Federal como auxiliar de Cachoeira. Na conversa, Cruz disse que Peixoto repassou modelos de escolas chinesas que o grupo de Cachoeira construiria para posterior aluguel pelo Estado.
Kátia Abreu sai em defesa dos corruptos
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) apresentou requerimentos para convocação do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), e do secretário de Governo de Palmas, Pedro Duailibe. Segundo ela, motivo são as interceptações telefônicas que mostraram que uma ex-assessora da deputada Solange Duailibe (PT), teria recebido R$ 120 mil da construtora Delta.
Entretanto, o governador de Tocantins, Siqueira Campos (PSDB), aliado da senadora Kátia Abreu, mas isso, ela não viu, ou faz vistas grosas, ele também foi citado em áudios da Polícia Federal. Em uma das conversas, Cachoeira diz a seu auxiliar Gleyb ter um encontro marcado com o tucano para tratar de assuntos relacionados à Superintendência da Polícia Federal em Goiânia. Em outra conversa, Cachoeira diz estar ao lado do filho do governador, o ex-senador Eduardo Siqueira Campos, e outras pessoas importantes do Judiciário em um restaurante.
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Raúl Zibechi: a nova estratégia dos EUA ameaça a América Latina

 

O governo dos Estados Unidos lançou em abril uma potente contraofensiva para recuperar o terreno perdido em uma região que continua sendo vital para a sua dominação global. Ninguém com bom senso poderia imaginar que o império deixaria dissolver a sua influência na América Latina sem jogar todas as cartas.
Raúl Zibechi*
No novo cenário mundial, marcado pela crise econômica e financeira, e quando o Pentágono precisa se concentrar no Pacífico, a sua presença neste continente não pode assumir só um perfil militar.
O general Martin Dempsey, chefe do Estado Maior conjunto, debateu no dia 1º de maio a nova Estratégia de Defesa no Carnegie Endowment for International Peace, afirmando que não só consiste em "reequilibrar" as forças armadas em direção à região Ásia-Pacífico, como disse Barack Obama em janeiro. Definiu a necessidade de "construir uma rede de alianças no mundo inteiro", para o qual será necessário "resolver os desafios pendentes, tais como as questões relacionadas com transferência tecnológica, intercâmbio de inteligência e vendas militares ao estrangeiro" (Carnegieendowment.org).
Em abril, o Secretário da Defesa, León Panetta, realizou uma viagem pela América do Sul que o levou à Colômbia, seu principal aliado militar, depois ao Brasil e finalmente ao Chile, onde acaba de ser inaugurada a base militar de Concón. "O objetivo desta viagem é participar de consultas com vários parceiros nesta região do mundo e tentar promover alianças de segurança inovadoras na região".
(http://spanish.chile.usembassy.gov).
A base de Concón, na província de Valparaíso, faz parte dessa política de "inovação". Foi construída em 60 dias pelo Comando Sul e a marinha do Chile, como campo de treinamento para a guerra urbana, as chamadas Operações Militares em Territórios Urbanos (MOUT) incluídas nas missões "humanitárias" e preventivas. Em setembro de 2011, o Ministro da Defesa chileno, Andrés Allamand, assinou um acordo de cooperação que permite "a entrada de tropas estadunidenses em solo chileno, diante da possibilidade do exército nacional ser superado por alguma situação de emergência". (El Ciudadano, 3/5/12).
Brasil
Mas o clímax da miniviagem de Panetta aconteceu no Brasil, um dia depois da entrevista com o Ministro da Defesa, Celson Amorim, na qual ofereceu ampla transferência de tecnologia se o país decidir comprar os caças F-18 Super Hornet da Boeing, ao invés dos Rafale da francesa Dassault. No dia 25 de abril, Panetta deu uma palestra na Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro, onde deu detalhes de sua proposta de ampla cooperação estratégica entre os EUA e o Brasil.
Dirigiu-se às elites militares, empresariais e políticas do Brasil, não ao público em geral. Começou dizendo que os dois países "estão em um ponto crítico da história comum" (Defesanet, 25/4/12). "É o momento de nos esforçarmos no nascimento de um novo acordo, ao mesmo tempo forte e inovador, baseado nos interesses mútuos dos dois países, como potências ocidentais". Insinuou que o Brasil poderia chegar a ocupar a tão esperada cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, mas não foi claro.
Chamou a estabelecer um novo diálogo para "transformar a relação Brasil-EUA na área da defesa", envolvendo a nação emergente nas questões militares internacionais e garantiu que as relações bilaterias estão em seu melhor momento desde 1945.
Em um parágrafo crucial, falou do aspecto mais espinhoso da relação bilateral: "O Brasil é uma potência econômica e a cooperação em alta tecnologia, que precisa fluir nos dois sentidos, parece limitada pelos controles da exportação existentes atualmente. Respondendo a isto, tomamos a decisão de liberar quatro mil licenças de exportação para o Brasil, um nível semelhante ao que temos com nossos melhores aliados mundiais".
Panetta acrescentou que a compra dos 36 caças F-18 pode "transformar radicalmente a relação entre as duas indústrias da defesa" e concluiu garantindo que "Amorim é esperado em Washington, em breve, para continuar com o diáolgo".
Chantagem
Como deve ser interpretado esse discurso? Sem dúvida, acontece em um momento fundamental e delicado. A vitória de François Hollande é analisada no Brasil como a oportunidade de potencializar a aliança com a França, enquanto a presença da China na região não para de crescer. Amorim garantiu meses atrás que a decisão da compra dos caças será tomada na metade do ano, mas logicamente, depois das eleições francesas. Este é o momento. No entanto, o império não costuma ofertar uma ampla transferência tecnológica pela compra de três dúzias de aviões. O objetivo parece mais ambicioso: o Pentágono realiza sua "generosa" oferta tecnológica e diplomática (a cadeira no Conselho de Segurança) em troca de uma submissão militar e estratégica. Na minha opinião, é uma chantagem.
Os documentos revelados pelo Wikileaks afirmam que em 2009, os EUA tentaram sabotar a transferência de tecnologia espacial e nuclear da Ucrânia ao Brasil (Defesanet, 13/5/12), dois aspectos decisivos para a autonomia estratégica do país emergente. Mas o Brasil já está desenvolvendo tecnologia espacial com a China e tem o seu próprio e avançado programa nuclear. A mensagem é clara: se Brasília não se subordinar, o cerco militar será cada vez mais estreito, como demonstra a nova base militar no Chile.
Não é simples antecipar o caminho que será tomado pelas elites brasileiras. Por muito menos, Getúlio Vargas foi encurralado até ser levado ao suicídio. As próximas semanas revelarão boa parte do enigma: a demorada decisão da compra dos caças mostrará o estado de ânimo que impera no país que se propõe unir a região para falar com voz própria ao mundo.
*Raúl Zibechi é analista uruguaio de assuntos internacionais e foi integrante do movimento Tupamarus
Fonte: Surysur
Tradução: TeleSUR
*GilsonSampaio