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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 11, 2012

DROGADOS PELO DINHEIRO: FISSURA DE SUPER-RICOS SUSTENTA A MISÉRIA DO MUNDO E ABALA AS ECONOMIAS DOS EUA E DA EUROPA

Teste seu vício: o que isso lhe provoca?

Nos últimos tempos temos visto no Brasil muitas reportagens sobre os milionários, os mega ricos, os super-ricos. O sucesso econômico do país com o governo do ex-presidente Lula consolidou alguns impérios financeiros pessoais e de grupos econômicos. Isso fez com que um grupo de pessoas, ainda que seleto, pudesse usufruir do mais alto luxo e extravagância. O patrimônio dessas pessoas pode atingir 100 milhões de dólares.

Esse processo não foi diferente na Europa e Estados Unidos, que já garantiam há algum tempo essa cultura do dinheiro sem limite. Mas essa cultura neoliberal pelo enriquecimento sem freio, esse culto ao dinheiro, tem se transformado num grande clube da destruição. Apesar de gerar prazer extasiante para seus viciados, a falta de regras e controles do Estado têm arrasado a economia de vários países. Nesta semana,  por exemplo, os bancos espanhóis vão receber 100 bilhões de euros!

Os super-ricos, os altos executivos de bancos e seus lucros sem controle, os corruptores do sistema político, os manipuladores de má fé de produtos industriais para baratear custos e aumentar o lucro e os ruralistas que se beneficiam de trabalho escravo são alguns drogados pelo dinheiro. 

Essa cultura, que abalou a estrutura da maior economia mundial, os EUA, e do continente mais próspero, a Europa, está imbuída de sentidos falsos e cínicos. Um deles é de que “o mundo é dos espertos”, “todo mundo rouba”, “o importante é levar vantagem”, “política é assim mesmo” etc etc etc. Esse mesmo pensamento é associado à ideologia que combate o fantasma do comunismo. Contra esse fantasma, tudo pode. É a ideologia da extrema-direita, que foi eficiente para combater os comunistas durante a guerra fria e hoje se tornou uma tragédia e uma farsa, replicadas pela mídia.

Esse substrato cultural sustentou as políticas de desregulamentação econômica da Europa e EUA. Nesse bonde, as redes de rádio, TV e Jornais serviram de sustentação espalhando o medo ideológico e avalizando mega fusões de empresas controladoras de mercado. Isso tem destruído a economia de países para manter intactos os drogados pelo dinheiro, também conhecido como “o mercado”, os grandes apostadores das bolsas, os grandes compradores de ações, os grandes corruptores do sistemas, os grandes falsificadores de produtos de mega empresas etc.

A fissura pelo dinheiro se tornou uma droga tão pesada que permitiu o rompimento dos laços societários, da vida em comunidade, da vida em uma cidade, de uma nação. Nesse panorama, não há sequer pudor em se associar a criminosos, corruptores, assassinos, espiões, usurpadores e escravocratas.

A busca pela manutenção ideológica do vício do ganho financeiro permite o vale tudo, da mesma forma como age o garoto pobre que rouba casas, carros, pessoas e mata para poder se drogar e viver em uma bela noite de delírio.

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