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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 25, 2012

AHMADINEJAD – “ATACAM E INVADEM OUTROS TERRITÓRIOS PARA ESCRAVIZAR OS POVOS”


 

Laerte Braga
“Os norte-americanos e sionistas têm bombas de todas as espécies e as usam contra as pessoas”. A afirmação é do presidente do Irã Mahamoud Ahmadinejad em entrevista que concedeu num hotel do Rio, um dia depois de discursar na RIO+20 defendendo uma nova ordem mundial “baseada na paz e no respeito entre os povos”.
Sem citar uma única vez o nome da presidente Dilma Roussef, mas classificando de “definitivo” o documento firmado entre os governos do Brasil, da Turquia e do seu país sobre a questão nuclear, Ahmadinejad lembrou Lula, à época desse acordo o presidente da República.
Lúcido e seguro em sua análise o presidente iraniano não teve dúvidas em falar da guerra midiática, uma das frentes do complexo terrorista ISRAEL/EUA TERRORISMO “HUMANITÁRIO” S/A. “Mostram nosso povo como pobre e atrasado. Somos a décima sétima economia do mundo, breve seremos a décima quinta e temos posição de ponta nas questões que envolvem biotecnologia”.
Distorcem para criar uma realidade que não existe, mas agrade aos seus interesses.
“Querem as nossas riquezas naturais, explorar nossos povos”.
Mahamoud Ahmadinejad fez alusão ao regime anterior à revolução islâmica, que definiu como de submisso aos interesses dos EUA. “Tínhamos uma população de 35 milhões de iranianos e 90% vivia na pobreza”. Hoje somos bem mais e a realidade é diferente daquela”. Enfatizou que quatro milhões de iranianos são judeus e muitos “foram tentar a vida em Israel após a revolução, mas voltaram, pois não conseguiram viver naquele país”.
Um estado islâmico não significa necessariamente restrição de liberdade religiosa. A Noruega, por exemplo, não é um estado laico e isso está escrito em sua constituição.
O presidente do Irã reuniu-se com intelectuais brasileiros e representantes dos movimentos sociais destacando a história de luta pela democracia, da qual todos foram partes.
Denunciou mais uma vez que a ONU faz o jogo dos EUA, através do controle do Conselho de Segurança. Com isso, países que dispõem de arsenais nucleares não são punidos com sanções, caso de Israel, com mais de 300 artefatos, enquanto o Irã que usa energia atômica para fins pacíficos sofre sanções severas e constantes ameaças.
“Temos sete mil anos de história e não nos submetemos nunca. Querem nos escravizar, voltar à ordem antiga, do regime antigo e assim explorar nossas riquezas. Por isso nos satanizam. Transformar o povo em escravo”.
“Os que querem o monopólio da energia nuclear são os que têm bombas e já usaram em tempos passados, na Segunda Guerra, contra seres humanos. Energia nuclear para todos, bombas para ninguém. São os mesmos desse passado”.
“Seis milhões de barris de petróleo dia os Estados Unidos tiravam do Irã no regime antigo e nosso povo estava na miséria”, disse Ahmadinejad. “É o que querem fazer de novo”.
O presidente lembrou a guerra Iraque e Irã. “Armaram Saddam contra nós, inclusive com armas químicas e biológicas, numa guerra que custou milhares de vidas e depois destruíram o Iraque para ficar com o petróleo”. “Não têm respeito pelos seres humanos”.
Citou o fato dos EUA apoiarem ditaduras no Oriente Médio como forma de assegurar o controle da região, de ignorar o arsenal nuclear de Israel e permitir a opressão contra o povo e o território palestinos.
Sobre a questão síria o presidente declarou que “tem que ser resolvida entre os sírios, pelo povo sírio e não com intervenção de outros países”.
“Não existem pessoas, seres humanos para os norte-americanos e sionistas, só interesses. Querem dominar para explorar”
Ahmadinejad deixou claro que só uma nova ordem mundial poderá assegurar a todos os povos “paz e respeito” e isso passa por contrariar os negócios das grandes potenciais mundiais, de Israel e dos Estados Unidos.
Citou a fome na África, as guerras do Afeganistão e travadas mundo afora pelos “colonizadores”, inclusive na América Latina, onde lembrou a exploração das riquezas pelos países que colonizaram a região e agora, pelos interesses norte-americanos diante das dificuldades com vários governos contrários a essa exploração.
“É uma luta de todos os povos oprimidos a nova ordem”.
A entrevista do presidente Ahamadinejad, ao contrário das normalmente concedidas por chefes de governo e estados, não registrou nenhuma paranóia típica de agentes norte-americanos e israelenses. Foi descontraída, a segurança limitou-se aos procedimentos normais e nenhum deles constrangedores. Nem o hotel onde estava hospedado e nem as ruas nas imediações foram fechadas, nada de franco atiradores. E pela primeira vez jornalistas das mídias alternativa e virtual lado a lado com os da mídia de mercado, fato que, numa certa medida, inibe a costumeira mentira de GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, etc.
Foram poucos os comentários sobre a RIO + 20, levando em conta que seu discurso abrangeu bem mais que as questões que ali estavam sendo discutidas. Foi um documento de amplo teor político com diagnóstico da conjuntura atual e a posição de seu país, sob constante ameaça de ataques tanto por parte dos EUA, como de Israel.
Coincidência ou não, no dia seguinte, na sexta-feira, as avaliações de Ahmadinejad sobre a intervenção norte-americana em função de interesses políticos, econômicos e militares, se materializou no Paraguai, no golpe que derrubou o presidente Fernando Lugo. Um dos objetivos dos norte-americanos é construir ali uma base militar que permita monitorar o Brasil e a posse do quinto maior aqüífero do mundo, o Guarani. A água hoje, segundo o presidente da Coca Cola, “vale mais que petróleo”. Afirmação que dá, mais uma vez, razão ao pensamento de Ahmadinejad.
A afirmação do presidente da Coca Cola foi feita na RIO + 20, num fórum restrito de empresários, quando defendeu a privatização plena e absoluta da água. Ou seja, o controle pelas grandes corporações e em função dos interesses que representam.
Ao contrário do “monstro” que a mídia de mercado (GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, RBS, ESTADO DE SÃO PAULO, ÉPOCA, etc) vende, o presidente do Irã se mostrou lúcido, sereno e correto em suas avaliações e análises.
Não é um fato que possamos ignorar levando em conta o que ocorre em todo o mundo hoje.
A percepção que a luta transcende ao chamado mundo institucional, controlado em sua maioria – no Brasil inclusive – por grupos ligados a interesses do imperialismo norte-americano, do capitalismo internacional.
A luta é nas ruas como aconteceu na Cúpula dos Povos, evento paralelo à RIO + 20. 
*GilsonSampaio

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