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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 23, 2012

Unasul fecha posição: foi golpe no Paraguai

Unasul fecha posição: foi golpe no Paraguai

Condenação à destituição relâmpago do presidente paraguaio Fernando Lugo une os seus colegas sul-americanos. Dilma defende democracia; a argentina Cristina Kirchner fala em situação inaceitável; Chávez, da Venezuela: “Golpe da burguesia paraguaia”
A mensagem dos presidentes sul-americanos ao colega - ou ex-colega - paraguaio Fernando Lugo não dá margem a dúvidas: na avaliação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), o que ocorreu no Paraguai, onde o presidente Fernando Lugo sofreu impeachment após um processo político relâmpago, foi golpe.

 
As mensagens dos chefes de estado diferem apenas em estilo, mas o conteúdo é consensualmente de condenação.

 
De Dilma Roussef, a presidenta brasileira: “Dar valor à democracia é algo muito importante”.

 
Do presidente boliviano Evo Morales: “A Bolívia não reconhecerá um governo que não surja das urnas e do mandato do povo”.
Do equatoriano Rafael Correa: “Foi um golpe ilegítimo do poder legislativo, em tempo recorde”.

 
Cristina Kirchner, da Argentina: “A situação em Assunção (capital paraguaia) é inaceitável”

 
Do presidente venezuelano, Hugo Chávez: “Não reconhecemos esse ilegal e ilegítimo governo em Assunção, um golpe da burguesia paraguaia”. Antes, seu partido, o PSUV, já havia dado o sinal: “Convocamos todos os movimentos e partidos políticos da região a apoiar o presidente Fernando Lugo”.

Inicialmente, às primeiras notícias sobre a votação pró-impeachment no Paraguai, os líderes sul-americanos mostraram temor quanto a uma onde de violência no país. A maioria estava no Brasil, participando da Rio+20. A avaliação é que, de estalo, era mais difícil falar em golpe, já que a dissolução havia partido após votação pelos deputados paraguaios.

 
Menos de um dia depois, contudo, o tom predominante nos discursos e recomendações aos diplomatas de cada governo passou a ser de condenação, sobretudo pela rapidez com que a retirada de Lugo do poder foi executada.

 
Na quinta-feira, um dia antes da consolidação da destituição, os chefes de estado da Unasul, reunidos no Rio, optaram por enviar uma missão diplomática a Assunção para evitar um golpe de estado. Como não obtiveram êxito, veio a condenação. Participaram da decisão Dilma, Correa, Morales, Juan Manuel Santos (Colômbia), Sebastian Piñera (Chile) e José Mujica (Uruguai).

 
Na sexta-feira à noite, o presidente venezuelano informou que conversara com Dilma, Cristina e Mujica. Segundo ele, todos consideram o que houve no Paraguai um atentado à democracia.Brasil 247.
*oterrordonordeste

 






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