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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 04, 2010

Salve Tiririca

Os deputados eleitos por Tiririca

 

foto: divulgação 

Com o final da apuração no Estado de São Paulo, pode-se avaliar o impacto da expressiva votação de Tiririca  (PR) à Câmara dos Deputados. Ao todo, Tiririca obteve 1.353.820 votos (6,35% dos votos válidos), ajudando a eleger outros três candidatos.
Abaixo, os três últimos candidatos eleitos pela coligação (PR - PRB / PT / PR / PC do B / PT do B) e que, sem os votos de Tririca, não estariam eleitos:
- Otoniel Lima, do PRB, cujo total de votos foi 95.971.
- Delegado Protógenes, do PCdoB, cujo total de votos foi 94.906
- Vanderlei Siraque, do PT, cujo total de votos foi 93.314
Para calcular os candidatos eleitos pela coligação, é preciso dividir o número de votos válidos (21.317.327,00) pelo número de cadeiras disponível (70), resultando num quociente eleitoral de 304.533 votos. Após o cálculo do quociente, divide-se o número de votos de Tiririca pelo quociente. Aí, chega-se ao número de vagas diretamente beneficiadas pelos votos de Tiririca. No caso, a divisão resultou em quatro nomes - desprezando a fração.

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