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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 15, 2011

Cuba classifica medidas de Obama de 'insuficientes' e pede fim do embargo

O que explica a manutenção do bloqueio a Cuba pelos EUA? 


Segundo vice-chanceler cubano, sanções causaram prejuízos de R$ 178 bilhões

O governo de Cuba classificou nesta quarta-feira (14) de “insuficiente” e “limitada” a flexibilização para viagens e remessas aprovada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e pediu que Washington acabe “sem demora” com o embargo contra a ilha – em vigor desde 1962.
“A autorização de viagens, as remessas e a permissão para que aeroportos” americanos organizem voos à ilha “são insuficientes e têm um caráter limitado”, disse o vice-chanceler cubano, Abelardo Moreno, ao divulgar o relatório que Cuba apresentará diante da Assembleia Geral da ONU no dia 25 de outubro.
Moreno afirmou que os EUA “continuam presos a condicionamentos e ingerências inaceitáveis” e pediu para Obama acabar “unilateralmente” e “sem mais demora” com o embargo, que segundo o relatório causou perdas equivalentes a R$ 178 bilhões (US$ 104 bilhões) a Cuba durante os últimos 49 anos.
Obama disse na segunda-feira (12) em Washington que manterá a política de facilitar o envio de remessas e de viagens de cubanos-americanos à ilha, adotada logo depois que ele assumiu o poder, mas pede “gestos” de Havana com relação ao respeito aos direitos humanos e comprometimento com a democracia para pôr fim ao embargo.
No entanto, Moreno criticou o fato de Obama manter “intacta” a proibição aos americanos de viajar a Cuba, em vigor há cinquenta anos, exceto em um breve período sob a presidência de Jimmy Carter, no fim dos anos 1970.
*cappacete

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