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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 18, 2011

O caso Battisti x Folha



Por Morales
Carta de Magno de Carvalho ao jornalista João Carlos Magalhães e ao jornal Folha de São Paulo a respeito da reportagem-lixo publicada pelo jornal direitoso paulista e assinada por Magalhães, difamando Cesare Battisti.
Como divulgada na lista de discussão Eskuerra (link abaixo para os arquivos públicos dessa lista:
Sr. João Carlos Magalhães e jornal Folha de São Paulo
Não pretendo continuar mantendo um debate com o Senhor sobre a infame matéria de capa que o senhor publicou na Folha de São Paulo de domingo 04/9/2011 se aproveitando da confiança que eu tinha não apenas por considerá-lo até então meu sobrinho mas principalmente pela história da sua família em especial seu pai um revolucionário perseguido, preso e torturado pela ditadura militar e coerente até os dias de hoje.
Espero encerrar esta troca de comunicação com esta resposta à sua mensagem dirigida a mim e ao companheiro Cesare Battisti a respeito da dita ou maldita matéria esperando não vir a ter doravante qualquer contato com o Senhor.
Em primeiro lugar. Quero lembrar que foi a partir de uma conversa em Brasília num jantar na presença de seus tios, que surgiu a possibilidade de uma entrevista sua com o companheiro Cesare Battisti que hoje mora em minha casa.
Nesta ocasião, o Sr. admitiu que a Folha de São Paulo sempre foi parcial contra Battisti o que depois confirmou ao companheiro quando declarou que o Editor executivo da Folha de São Paulo em reunião do qual o Sr. participou, ordenou que estava proibido qualquer jornalista se referisse o Cesare Battisti como ex-militante, ex-ativista mas sim como EX-TERRORISTA.
Varias condições foram estabelecidas para que esta entrevista fosse dada, uma delas foi de que o Senhor teria direito de veto sobre a publicação caso o Sr. não concordasse com a forma final da mesma a publicação seria suspensa e que nada seria publicado sobre declarações políticas, nada sobre a Itália, o que ocorreu na década de 70 e o que ocorre hoje; enfim a matéria versaria apenas sobre o escritor, sua obra, seu próximo livro e seus projetos sociais.
O Sr. Disse mais: que pretendia mostrar um outro lado do Cesare Battisti diferente do que setores da mídia inclusive a Folha de são Paulo tem apresentado, demonizando o militante.
E o que podemos ver no domingo passado quanto a Folha de São Paulo chega às bancas: Uma grande foto na capa, Cesare Battisti gargalhando com um copo de cerveja na mão e a manchete LA DOLCE VITA CLANDESTINA, a matéria na pagina 10 do primeiro caderno com o título em letras garrafais REVOLUÇÃO? ISTO É UMA PIADA.
O Sr. Descumpriu todos os acordos e o pior, sua matéria tem um efeito devastador como disse um advogado que se preocupa com o companheiro.
A foto e o título legenda da capa é uma provocação para grupos paramilitares e de outros de extrema direita da Europa e do Brasil.
A afirmação de que a revolução é uma piada como está no título da matéria ou como está no texto: QUE REVOLUÇÃO? ISTO É UMA PIADA além de ser uma afirmação política, que o Sr. garantiu que não sairia em nenhum momento colocada na matéria, é uma deformação proposital do que disse o companheiro Cesare, não em entrevista, mas em conversa informal como outras que ocorreram durante os três dias em que o Sr. ficou em minha casa que hoje também é a casa de Cesare .
O que ele disse em resposta a uma pergunta sua , foi que a idéia de uma revolução armada hoje no Brasil seria uma piada, ao contrário do que ocorre na África ou Países Árabes.
O Sr. Sabe muito bem que esta deformação do pensamento do companheiro serve para queimá-lo com todos os setores que o apóiam na Europa, em outros países e também no Brasil.
O Sr. Também diz nesta mensagem enviada para nós que cumpriu o acordo de não se referir a nada ocorrido na Itália nos anos de chumbo até os dias de hoje. Novamente o Sr. descumpre o compromisso além de deformar coisas e fatos comentadas em conversas informais que agora estão estampadas nas capas dos maiores jornais formais da Itália tais como: SE TIVESSEM ME MANDADO , EU TERIA MATADO.
O objetivo da matéria foi atingido basta ver os mais de seiscentos comentários no Folha online , em que a grande maioria detona Cesare Battisti e alguns até propõem uma campanha nacional pela expulsão do companheiro do país.
Por fim o Senhor diz cinicamente na sua mensagem endereçada a mim e ao Cesare que NÃO É TRAIDOR OU MAU CARÁTER POR QUE NÃO TEM CAUSA E POR TANTO NADA A TRAIR.
Esta declaração fala por si e demonstra a espécie de gente em que o Senhor se transformou.
Além de traidor e mau caráter o Senhor não passa de um mercenário, mas para um mercenário SEM CAUSA é estranho suas manifestações ideológicas contrarrevolucionárias e anticomunistas afirmadas nas conversas informais nestes dias em que ficou na minha casa. Sem dúvida seu editor-executivo o defenderá das acusações de falta de ética ou desvio de conduta apresentadas por Celso Lungaretti a ombudsman da Folha pelo Sr. se aproveitar de uma relação de parentesco (e eu realmente o considerava meu sobrinho até o último domingo) para tentar destruir a imagem de um companheiro que como ele próprio disse, lhe recebeu como um irmão.
Certamente, seu editor executivo, lhe dará até uma promoção, por se mostrar mais eficiente do que colegas seus da revista Veja, TV BANDEIRANTES, CARTA CAPITAL e outros veículos da imprensa de extrema direita e marrom do Brasil e da Itália.
Magno de Carvalho

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