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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 01, 2011

Pouso forçado em Paris

© Foto de Pierre Baudier. O avião da Varig realizou um pouso de emergência nas redondezas de Paris, matando 123 pessoas, apenas 11 sobreviveram. França, 1973.

Em 11 de julho de 1973, um Boeing 707 da Varig se preparava para aterrissar no Aeroporto de Orly em Paris, quando um incêndio a bordo obrigou a aeronave a realizar um pouso de emergência em uma plantação de cebolas, a cerca de 4 km do aeroporto, matando quase todos os seus ocupantes. Entre as vítimas, estavam o presidente do Senado Filinto Müller, o cantor Agostinho dos Santos, a atriz e socialite Regina Lecléry, o iatista Jörg Bruder e os jornalistas Júlio Delamare, Antônio Carlos Scavone e Celso Leite Ribeiro. Dos 137 ocupantes, 122 morreram. A perícia indicou que a causa mais provável do incêndio foi uma ponta de cigarro acesa, que teria sido jogada na lixeira do toalete da aeronave. O senador Felinto Müller, que morreu no desastre, era um torturador e apoiador de ditaduras, uma das figuras mais nefastas da política brasileira.
*Images&Visions

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