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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, setembro 19, 2011

Reflexões do companheiro Fidel

Fidel, 11 de setembro de 2001: Nenhum dos atuais problemas do mundo pode ser resolvidos pela força Versão para impressão Enviar por E-mail
Domingo, 18 Setembro 2011 22:39
Fidel Castro
Discurso proferido pelo Presidente de Cuba, Fidel Castro Ruz, no dia dos trágicos fatos acontecidos nos Estados Unidos, a 11 de Setembro de 2001.

Hoje é um dia de tragédia para os Estados Unidos de América. Vocês sabem muito bem que aqui jamais se tem semeado ódio pelo povo norte-americano. Talvez, precisamente por sua cultura e por sua falta de complexos, ao sentir-se totalmente livre, com pátria e sem amo, Cuba seja o país onde se trate com mais respeito aos cidadãos americanos. Nunca predicamos nenhum gênero de ódios nacionais, nem coisas parecidas ao fanatismo, por isso somos tão fortes, porque nossa conduta a baseamos em princípios e em idéias, e tratamos com grande respeito —e eles percebem isso— a cada cidadão norte-americano que visita nosso país.
Além disso, não esquecemos o povo americano que pôs fim à guerra de Vietnã com sua enorme oposição àquela guerra genocida; não esquecemos o povo americano que, em número superior a 80% apoiou o regresso de Elián para nossa pátria (Aplausos); não esquecemos quanto idealismo, perturbado muitas vezes pelo engano, porque —como já dizemos muitas vezes— para conseguir que um americano apoie uma causa injusta, uma guerra injusta, primeiro há que o enganar e o método clássico utilizado na política internacional desse enorme país é o método de enganar primeiro, para depois contar com o apoio da população. Quando acontece ao contrário e seu povo descobre que alguma coisa é injusta por sua tradição de idealismo, opõe-se a aquilo que esteve apoiando, muitas vezes, causas muito injustas, convencidos de que o que estava apoiando era justo.
Por isso nós —que sabemos não o número exato, mas que assistimos cenas impressionantes de sofrimentos e possíveis vítimas— temos sentido dor profunda e tristeza pelo povo norte-americano, fiéis à linha que temos seguido sempre.
Não estamos louvando governos, nem pedindo perdões, nem favores, nem nos nossos peitos se albergam nem sequer um átomo de temor. A história da Revolução tem demonstrado qu± o capaz é de desafiar, qu± o capaz é de lutar, de resistir o que tenha que resistir, o que nos tornou um povo invencível. Esses são nossos princípios, uma Revolução baseada em idéias, na persuasão e não na força. Espero que não exista um louco pelo mundo capaz de dizer que 1 200 000 cidadãos desfilaram por esse "Malecón" o passado 26 de Julho obrigados, pela força.
A nossa reação foi a que disse, e quisemos que nosso povo pudesse assistir as cenas e contemplasse a tragédia. Não hesitamos em expressar publicamente nosso sentimento. Aqui temos uma declaração que foi entregue à imprensa internacional por volta das 15h:00, redigida logo que foram conhecidos os fatos, enquanto nossa televisão estava engajada na divulgação dos acontecimentos. Seria comunicada ao nosso povo no noticiário da noite.
Adianto-me aqui alguns minutos para que conheçam a Declaração Oficial do Governo de Cuba, perante os fatos acontecidos nos Estados Unidos.
"O governo da República de Cuba recebeu com dor e tristeza as notícias sobre os ataques violentos e surpreendentes realizados hoje de manhã contra instalações civis e oficiais nas cidades de Nova Iorque e Washington, que provocaram numerosas vítimas.
"Conhece-se a posição de Cuba contra toda ação terrorista" —nossa história o demostra, isso o conhecem bem todos os que conhecem a história das nossas lutas revolucionárias. "Não é possível esquecer que nosso povo tem sido vítima durante mais de 40 anos da tais ações promovidas desde o próprio território dos Estados Unidos.
"Tanto por razões históricas quanto por princípios éticos, o Governo de nosso país rejeita e condena com toda energia os ataques realizados contra as referidas instalações e exprime suas mais sinceras condolências ao povo americano pelas dolorosas e injustificáveis perdas de vidas humanas que provocaram os referidos ataques.
"Nesta hora amarga para o povo americano, nosso povo solidariza-se com o povo dos Estados Unidos e exprime sua total disposição de cooperar, na medida de suas modestas possibilidades, com as instituições sanitárias e com qualquer outra instituição de caráter médico ou humanitário desse país, no atendimento, cuidado e reabilitação das vítimas ocasionadas pelos fatos acontecidos na manhã de hoje" (Aplausos).
Isto não apenas não o fizemos público, mas o transmitimos por via oficial, à tarde, especialmente quando começaram a aparecer somas impressionantes de possíveis vítimas e conhecemos que os hospitais estavam superlotados de feridos.
Embora não se saiba se são 5 000, 10 000, 15 000. 20 000 as vítimas, sabe-se que só nos aviões que foram colididos contra as torres, ou contra o Pentágono, viajavam centenas de passageiros, e oferecemos o que podíamos se fizesse falta.
Esse é um país que tem um grande desenvolvimento científico, médico, recursos; mas há momentos em que pudesse fazer falta sangue de um grupo específico, plasma — ou qualquer outro produto que nós possamos doar o que faríamosgostosamente—, ou apoio médico, ou de pessoal paramédico, porque sabemos que muitos hospitais têm défice de determinados técnicos e profissionais. Resumindo, o que queríamos era expressar nossa atitude e nossa disposição com respeito a estes trágicos acontecimentos.
Tudo isto tem alguns antecedentes, porque lhes mencionei que tínhamos suportado mais de 40 anos de terrorismo; inclusive, temos publicado que em determinadas ocasiões lhe transmitimos ao governo dos Estados Unidos importantes riscos para a vida de cidadãos norte-americanos. Aqui tenho um exemplo, é uma página e um quarto.
Nos dias posteriores aos ataques terroristas a nossos hotéis pela máfia terrorista sediada na Flórida que apoiada e paga pelos ataques terroristas contra Cuba, da mesma maneira que dezenas de planos de atentado contra mim, as vezes tive a necessidade de viajar ao estrangeiro, o grupo, chefiado pelo monstro Posada Carriles, ao que tínhamos capturado já alguns cúmplices que eram mercenários estrangeiros, ao entrarem ao território nacional com os meios correspondentes, tinha projetado utilizar o procedimento sofisticado das bombas que colocavam nos hotéis ou em lugares visitados por turistas estrangeiros como por exemplo "La Bodeguita del Medio", e que podiam explodir até 99 horas depois de colocadas para atacar aviões. Podiam viajar, colocar a bomba no avião, estar três dias de festa e voltar para seu país antes que explodisse. Aconteceu o caso de um mercenário salvadorenho que projetou colocar cinco bombas em hotéis e lugares públicos da capital para que explodissem quase simultaneamente, uma detrás da outra. Vejam até onde tinha chegado.
Mais de uma ocasião entramos em contato, por vias confidenciais, com o governo dos Estados Unidos e aqui há um das mensagens diretas ao que presidia o país nesse momento —mensagens por vias confidenciais, não vamos dizer como, através de pessoas de inteira confiança, que tinham amizade conosco e com ele, às que explicávamos com exatidão o que queríamos que comunicassem—; uma vez já foi utilizado uma parte desse material, mas vou colocar textualmente um exemplo:
"Um assunto importante.
"Número um: Mantêm-se planos de atividade terrorista contra Cuba, pagos pela Fundação Nacional Cubano Americana e empregando mercenários de América Central. Já foram feitos duas novas tentativas de fazer explodir bombas em nossos centros turísticos, antes e depois da visita do Papa.
"No primeiro caso os responsáveis conseguiram escapar, voltando por via aérea para América Central, sem conseguir seus propósitos, deixando abandonados os meios técnicos e os explosivos, que foram ocupados.
"Na segunda tentativa foram apreendidos três mercenários, ocupando-se os explosivos e o resto dos meios; são de nacionalidade guatemalteca. Por cada uma das quatro bombas que deviam explodir receberiam 1 500 dólares" —foram dos primeiros capturados, não o que colocou o maior número de bombas.
"Os dois casos foram contratados e fornecidos por agentes da rede criada pela Fundação Nacional Cubano Americana; agora estão planejando e dando passos já para fazer explodir bombas em aviões das linhas aéreas cubanas ou doutro país que viajem a Cuba, trazendo ou levando turistas desde e até países latino-americanos.
"O método é semelhante: colocar o dispositivo de pequeno tamanho num lugar oculto do avião, explosivo potente, detonador controlado por relógio digital que pode ser programado até com 99 horas de antecedência, abandonar o avião normalmente no lugar de destino; a explosão aconteceria em terra ou em pleno vôo posterior. Procedimentos verdadeiramente diabólicos: mecanismos fáceis de armar, componentes quase impossíveis de descobrir, treino mínimo para seu emprego, impunidade quase total, sumamente perigosos para as linhas aéreas, instalações turísticas ou de qualquer outro tipo; instrumentos utilizáveis para crimes e delitos muito graves.
"Se chegam a ser divulgadas e conhecidas tais possibilidades" —nós nos opúnhamos a que fossem divulgadas a tecnologia que usavam— "podem tornar-se epidemia, como aconteceu noutros tempos com os seqüestros de aviões. Outros grupos extremistas de origem cubana, sediados nos Estados Unidos, começam a movimentar-se nessa direção.
"As agências policiais e de inteligência dos Estados Unidos possuem informações fidedignas e suficientes dos principais responsáveis, se realmente o desejam podem fazer abortar em tempo esta nova forma de terrorismo; impossível detê-la se os Estados Unidos não cumpre o elementar dever de combatê-la. Não se pode deixar a responsabilidade de fazê-lo só a Cuba, muito em breve poderia ser vítima de tais atos qualquer país do mundo."
Isto o informamos, emprestaram-lhe atenção, a tal ponto que fomos consultados sobre a conveniência de enviar um texto do governo norte-americano a companhias aéreas.
Enviaram o texto em que lhes comunicavam às linhas aéreas:
"Recebemos informação sem confirmar sobre uma conspiração para colocar artefatos explosivos ´ bordo de aviões civis que operam em Cuba e países latino-americanos. As pessoas envolvidas no controle planejam deixar um pequeno artefato explosivo ´ bordo...", isto é, explicam o que lhes tínhamos transmitido.
"Não podemos descontar a possibilidade de que a ameaça possa incluir operações da carga aérea internacional desde os Estados Unidos.
"O governo dos Estados Unidos continua procurando informação adicional para esclarecer, verificar ou refutar esta ameaça."
Nós lhes colocamos nossa oposi¸ ão para que publicassem esse aviso, porque um dos objetivos que estavam perseguindo os indivíduos era semear o pânico, e lhes colocamos que haviam outros procedimentos, como os que nós empregamos: fazemos plantões em todos os lugares que existia um risco de colocar uma dessas bombas, verificamos e sabíamos quem podiam colocá-las e quem estavam envolvidos nos planos. Estivemos vigiando, que é o que há que fazer, se não querem semear o pânico, criar escândalo ou outorgar-lhes aos autores o objetivo que procuravam afetar a economia do país e semear o terror.
De qualquer maneira publicaram a informação. Muito bom, já nós tínhamos fortalecido muito os mecanismos para a captura dos indivíduos e desde então não conseguiram colocar mais nenhuma bomba e o plantão mantém-se onde é necessário. Quando foram fazer o atentado lá em Panamá, nós sabíamos mais do que estavam planejando do que eles próprios sabiam. Isso está muito claro.
Aí está a máfia de Miami fazendo esforços por colocar em liberdade os terroristas surpresos in fraganti e apreendidos em Panamá. Já têm planos como o fazer, qual é o país por onde vão ser evacuados e como, fingindo estar doentes e movimentando-se; recebem visitas de Miami de maneira livre, e até inclusive, participaram no envio de uma infiltração armada a Cuba há uns meses por Santa Clara.
Graças a muitos amigos que temos por todas as partes e a homens como os que estão aí (refere-se aos patriotas cubanos presos em Miami por procurar informação sobre planos terroristas contra Cuba), o país se defendeu desse terrorismo (Aplausos).
Falo nisto porque há uma realidade, por aí há mais papéis e apontamentos e nós temos enviado às vezes mensagens verbais, e às vezes temos deixado constância escrita, e um dos argumentos que temos utilizado é um argumento incontestável: os Estados Unidos é o país que tem maior número de grupos extremistas organizados e 400 deles estão armados.
Os seqüestros aéreos, método inventado contra Cuba, tornaram-se uma praga universal, e foi Cuba que afinal resolveu esse problema quando, depois de ser advertido reiteradamente, devolvemos aos Estados Unidos a dois dos seqüestradores, é doloroso, eram cidadãos cubanos, mas o advertimos, vieram e os enviamos, cumprimos com a palavra pública; mas nunca, nem sequer depois nos deram notícias para seus familiares. Têm seu modo de agir. Ninguém sabe. Sei que foram condenados a 40 anos, e aquilo foi o que pôs fim ao seqüestro de aviões.
Mas ouçam bem, lá têm 800 grupos extremistas. Às vezes se têm fechado num lugar por alguma razão, têm-se dado fogo, têm morto todos; grupos que por uma razão, muitos deles por razões políticas, às vezes por razões religiosas, mas grupos violentos, tendentes ao emprego da força ou a preparar venenos, produtos para agir contra as próprias autoridades norte-americanas. Não estou falando da máfia, estou falando de centenas de grupos de extremistas organizados e que agem dentro dos Estados Unidos. Há pouco explodiram aquele edifício de Oklahoma.
O país mais vulnerável ao terrorismo é os Estados Unidos, aquele que tem mais aviões, mais dependência de recursos técnicos, vias elétricas, gasodutos, etc. etc. E muitos desses componentes desses grupos são fascistas, não lhes importa matar; mentalmente devem estar muito mais perto da loucura que de uma inteligência equilibrada. Nós lhes dizemos às autoridades norte-americanas: há que evitar que tais métodos sejam divulgados —esse argumento o usamos—, são fáceis de utilizar, é um perigo para vocês.
Neste mesmo momento, quando cheguei aqui, não havia nenhum elemento de juízo para afirmar quem conseguiu colocar essas bombas, porque pode ter sido uma ação pensada e executada por algum destes grupos, que já o fizeram em Oklahoma, ou podem ser grupos do estrangeiro; mas é evidente, pelos pormenores que chegaram, que isto foi organizado com bastante eficácia, poderíamos dizer, bastante organização e sincronização, próprio de pessoas que conhecem, que têm preparação, que possuíam pilotos capazes de pilotar os Boeing, de grande tamanho, que coordenaram as horas exatas em que os que iam agir, seqüestraram, sem dúvida, o avião da rota aérea onde viajavam, e tinham os pilotos que podiam conduzir esses aviões diretos a uma torre ou outros objetivos, e uns minutos depois de uma a outra, e quase ao mesmo tempo, outro dirigido contra o Pentágono.
Isto é, é pessoal com nível de preparação técnica, organização, e não têm necessariamente que ser grupos grandes; ninguém sabe o prejuízo que pode fazer os grupos pequenos, de 20, 25 ou 30 pessoas fanatizadas, ou comprometidas com determinadas idéias, e o lugar onde mais prejuízo podem fazer é nos Estados Unidos. Vê-se o estudo da hora em que podia ter mais pessoas nos escritórios, por volta das 9h:00, o prejuízo que podiam ocasionar, as milhares de vítimas que podiam causar.
Na realidade, neste momento terão que procurar pistas, alguma pista, porque este fato tem caraterísticas especiais. É por isso que o dever mais importante que, ao meu ver, têm os dirigentes dos Estados Unidos é lutar contra o terrorismo, e em parte estas tragédias são conseqüência de ter aplicado os métodos terroristas, no caso de Cuba durante um monte de anos, e no caso doutros países; pois tem difundido a idéia do terrorismo, e hoje, não poder no mundo, por grande que seja, que possa evitar fatos dessa natureza, porque são levados a cabo por pessoas fanáticas, pessoas indiferentes totalmente à morte. Portanto, a luta contra tais métodos é difícil.
Disto podemos tirar uma idéia: nenhum dos atuais problemas do mundo podem ser resolvidos pela força, não há poder global, nem poder tecnológico, nem poder militar que possa garantir a imunidade total contra tais fatos, porque podem ser ações de grupos reduzidos, difíceis de descobrir, e o mais complexo, aplicados por pessoas suicidas. De tal maneira que, o esforço geral da comunidade internacional é pôr fim a uma série de conflitos que andam pelo mundo, quando menos nesse terreno; pôr fim ao terrorismo mundial (Aplausos), criar uma consciência mundial contra o terrorismo. Falo-lhes em nome de um país que viveu mais de 40 anos de Revolução e que adquiriu muita experiência, está unido e tem um nível cultural grande; não é um povo de fanáticos, nem semeou o fanatismo, mas idéias, convicções, princípios.
Estaríamos em melhores condições de nos defender, e o demonstramos, quantas vida não se salvaram, perante tanto dinheiro e tantos recursos para semear o terrorismo em nossa pátria! Vivemos 40 anos de experiência, estamos dez vezes mais preparados para previr tais atos do que, inclusive, os Estados Unidos.
É muito importante saber qual vai ser a reação do Governo dos Estados Unidos. Possivelmente venham dias perigosos para o mundo, não estou falando de Cuba, Cuba é o país que mais tranqüilo está no mundo, por várias causas: por nossa política, por nossas formas de luta, por nossa doutrina, nossa ética, e para além, companheiras e companheiros, pela ausência total do temor.
Nada os inquieta, nada nos intimida. Seria muito difícil fabricar uma calúnia contra Cuba, não seria acreditada nem por aquele que a inventasse e fizesse a patente, é muito difícil; e Cuba não é hoje qualquer coisa neste mundo (Aplausos), tem uma posição moral muito grande e uma posição política muito sólida. Nem me passa pela cabeça a idéia, embora tenha saído um dos tolos da máfia a ver como intrigava, e acho que mencionou até a Venezuela e Cuba, um dos tantos da máfia, charlatães depreciáveis. Ninguém lhes vai fazer caso; mas haverá situação de tensões, riscos, segundo a maneira em que atue o governo dos Estados Unidos.
Os próximos dias vão ser tensos dentro dos Estados Unidos e fora dele começaram a emitir opiniões não se sabe quantas pessoas.
Sempre que acontece uma tragédia dessas, por difíceis que às vezes resultem de ser evitadas, não vejo outro caminho, e se em alguma ocasião é permitido fazer-lhe alguma sugestão ao adversário –adversário que tem sido duro conosco durante muitos anos, mas que sabe que somos duros, sabe que resistimos, sabe que não somos tolos, e pode até existir um bocadinho de respeito para com nosso país-, há muitos problemas em muitas partes, mas se fosse correto nalguma circunstância sugerir alguma coisa ao adversário, em prol do bem-estar do povo norte-americano e na base dos argumentos que eu coloquei, lhes sugeriríamos àqueles que dirigem o poderoso império que sejam serenos, que tentem agir com equanimidade, que não se deixem arrastar por impulsos de ira ou de ódio, nem se lancem a caçar pessoas lançando bombas pro todo o lado.
Reitero que nenhum dos problemas do mundo, nem o do terrorismo, podem ser resolvidos pela força, e cada ação de força, cada ação disparatada do uso da força, em qualquer parte, agravaria seriamente os problemas do mundo.
O caminho não é a força, nem a guerra. Digo-o aqui com toda a autoridade de ter falado sempre com honradez, possuir convicções sólidas e a experiência de ter vivido os anos de luta que Cuba tem vivido. Só a razão, a política inteligente de procurar a força do consenso e a opinião pública internacional pode arrancar de vez o problema. Julgo que este fato tão insólito deveria servir para criar a luta internacional contra o terrorismo, mas a luta internacional contra o terrorismo não se resolve eliminando um terrorista por aqui e outro lá, usando métodos semelhantes e sacrificando vidas inocentes. Resolve-se pondo termo, entre outras coisas, ao terrorismo de Estado e outras formas repulsivas de matar (Aplausos); pondo termo aos genocídios, seguindo lealmente uma política de paz e de respeito pelas normas morais e legais que são ineludíveis. O mundo não tem salvação se não segue uma linha de paz e de cooperação internacional.
Ninguém imagine que estamos tentando comprar uma tonelada de qualquer coisa no mercado dos Estados Unidos. Nós temos demonstrado que podemos sobreviver, viver e progressar, e tudo o que cá se mostra hoje é uma expressão de um progresso sem paralelo na história (Aplausos). Não se progressa apenas produzindo automóveis, progressa-se desenvolvendo inteligências, administrando conhecimentos, criando cultura, atendendo aos seres humanos como eles devem ser atendidos, que é o segredo da enorme força de nossa Revolução.
Não tem salvação o mundo por outras vias, e estou me referindo neste caso às situações de violência. Procure-se a paz em todas partes para proteger a todos os povos contra essa praga do terrorismo, que é uma das pragas (Aplausos), porque hoje há outra terrível praga que se chama, por exemplo, AIDS; há outra praga terrível que mata a dezenas de milhões de crianças, adolescentes e pessoas no mundo por fome, doenças e por falta de assistência e medicamentos.

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