No JN, processar jornalistas é um "revés catastrófico" para a liberdade de expressão. Só o Kamel pode?
Ano passado, o Jornal Nacional, da Rede Globo, principal peça do
jornalismo da Rede, cujo diretor geral chama-se Ali Kamel, exibiu
reportagem em que criticava duramente o presidente do Equador, Rafael
Correa, que havia processado um jornalista e os donos do jornal que
publicou a coluna, onde o jornalista afirmava o seguinte contra Correa:
Rafael Correa entrou com a ação por causa de uma coluna publicada em fevereiro do ano passado. Nela, Emílio Palácio criticava a atuação de Correa durante uma revolta de policiais em setembro de 2010. E dizia que o presidente, a quem chamava de ditador, "tinha dado ordem de abrir fogo, sem aviso prévio, contra um hospital cheio de civis e gente inocente".
O presidente Correa os processou e a Justiça condenou jornalistas e
donos do El Universo (uma Rede Globo do Equador) a três anos de prisão e
ao pagamento de uma indenização de US$ 40 milhões ao presidente.
Edições do Jornal Nacional (repito, sob Ali Kamel) criticaram a atitude do presidente Correa:
A OEA poderá pedir oficialmente ao governo equatoriano que respeite os direitos humanos dos jornalistas e que faça uma revisão de todo o processo.
A organização Repórteres Sem Fronteiras declarou que a decisão da Suprema Corte é um "revés catastrófico" para a liberdade de expressão.
A Sociedade Interamericana de Imprensa considerou a sentença desproporcional e teme que outros veículos adotem a autocensura. [Fonte]
O Instituto Internacional de Imprensa disse que ficou escandalizado com a sentença, desproporcional ao possível delito. A organização Repórteres Sem Fronteiras considerou a decisão uma intimidação judicial.
O Instituto de Imprensa e Sociedade afirmou que Rafael Correa é um exemplo deplorável de abuso e falta de tolerância de um mandatário. Para a Sociedade Interamericana de Imprensa a sentença é um golpe aos princípios da liberdade de informação. [Fonte]
O curioso é que o presidente do Equador, Rafael Correa, não é exatamente um defensor da liberdade de imprensa, ao contrario de Assange. O presidente equatoriano vive dizendo que a imprensa está a serviço de grandes grupos empresariais, que só querem desestabilizar as instituições. [Fonte]
Agora, o mesmo Ali Kamel do Jornal Nacional, que criticou processos
contra jornalistas como atentados à liberdade de expressão, processa
jornalistas, conseguindo algumas vitórias na Justiça, ainda que em
primeira instância. O último condenado foi o Azenha, do Viomundo.
Será que o JN de hoje vai denunciar o Diretor de Jornalismo e Esportes
da Rede Globo, Ali Kamel, por perseguição a jornalistas e atentado à
liberdade de imprensa?
No Blog do Mello
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