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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 05, 2014

Sonegação no Brasil supera em 26 vezes os investimentos nos estádios



A soma de todos os impostos sonegados no Brasil nos últimos seis meses ultrapassa em 26 vezes o valor investido pelo governo nos estádios para a realização da Copa do Mundo de Futebol. No ano passado, o Brasil perdeu mais de R$ 211 bilhões em impostos não pagos, segundo estudo encomendado pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz). O governo investiu R$ 8 bilhões nas arenas que receberão os jogos do Mundial.


O montante sonegado é oito vezes superior ao repassado anualmente ao programa Bolsa Família, que atende cerca de 50 milhões de pessoas no País.


Para se ter uma ideia, com esse valor seria possível construir mais de 15 milhões de salas de aula equipadas, sete milhões de postos de saúde, sete mil presídios de segurança máxima, quatro milhões de postos policiais ou 6 milhões de casas populares, por exemplo.


A contabilidade dos valores da sonegação fiscal é feito por meio do “Sonegômetro”. O instrumento faz parte da campanha “Quanto Custa o Brasil para você?”, do Sinprofaz. Os cálculos consideram apenas os principais tributos federais, estaduais e municipais.

Segundo o ranking, o valor total não pago em impostos em 2013 soma R$ 415 bilhões. Isso corresponde a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2011, que foi de R$ 4,15 trilhões.

“A sonegação é brutal”, disse o  presidente do Sinprofaz, Heráclio Camargo.

O estudo Sonegação no Brasil – Uma estimativa do Desvio da Arrecadação, do sindicato, mostra que se não fosse a sonegação, o governo poderia diminuir a carga total tributária. “Quando todo mundo paga, paga-se menos”, observa Heráclio.

Somente no ano passado, o valor sonegado no País foi superior ao total arrecadado com o Imposto de Renda em 2011, que foi de R$ 278,3 bilhões, e mais da metade do valor dos tributado sobre bens e serviços, R$ 720 bilhões.
Para Heráclio, é preciso conscientizar a população e punir com mais rigor, especialmente, os empresários da lista dos grandes sonegadores.

Por Flávia Umpierre da Agência PT de Notícias

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