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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 16, 2016

ATO DE JURISTAS PELA LEGALIDADE E PELA DEMOCRACIA - LARGO SÃO FRANCISCO 17

Blog da Maria Frô
ATO DE JURISTAS PELA LEGALIDADE E PELA DEMOCRACIA - LARGO SÃO FRANCISCO
Com Fábio Konder Comparato, Pierpaolo Cruz Bottini, Márcia Semer (Procuradora do Estado de São Paulo), Gilberto Bercovici, Ana Elisa Bechara, Maria Paula Dallari Bucci, Sérgio Salomão Shecaira, Marcelo Semer (Associação Juízes para a Democracia - AJD), José Francisco Siqueira Neto (Mackenzie) e outros convidados/as
17 de março | quinta-feira | 19 horas
Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP
(Largo de São Francisco, 95 – Centro)
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Vivemos, hoje, sob fortes ameaças ao Estado Democrático de Direito.
Em várias esferas do Poder Judiciário, desmontam-se prerrogativas legais arduamente conquistadas no processo de redemocratização do país. A Justiça Federal e o Ministério Público Federal violam sistematicamente princípios como o devido processo legal no curso da operação Lava Jato, em ações que culminaram na ilegal condução coercitiva infligida contra o ex-presidente Lula. O Ministério Público de São Paulo, em uma manifesta ação partidarizada, irresponsável e carente de fundamentação jurídica, requereu a prisão preventiva do ex-presidente. Tudo isso ao mesmo tempo em que o STF flexibiliza seu entendimento quanto à presunção de inocência e o Tribunal de Justiça de São Paulo impõe perseguições aos seus quadros mais progressistas.
Tendo em vista esse cenário, estudantes e professores do Largo São Francisco convocam uma manifestação pública de personalidades do mundo do Direito, como acadêmicos, advogados, defensores públicos, magistrados e intelectuais, para reivindicar a defesa da legalidade nos processos em curso na Operação Lava Jato e uma guinada progressista no âmbito das instituições que compõem o Poder Judiciário.
O ato ocorrerá no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, lar de diversas lutas democráticas na história brasileira, no dia 17 de março em que se completam 43 anos da morte do estudante Alexandre Vannucchi Leme, assassinado pela Ditadura Militar.
Convidamos todos e todas para estarem presentes no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, no dia 17 de março, às 19h.

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