CHEbola

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.

É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.

É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.

Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.

Fernando Evangelista

quarta-feira, março 23, 2016

O STF é corajoso?

by biologosocialista

*Por Luiz Fernando Leal Padulla

A conversa privada de Lula, ilegalmente grampeada, tentou coloca-lo em maus lençóis quando disse que “o STF está acovardado”. Lula mentiu? O silêncio do Supremo Tribunal Federal é ensurdecedor e só confirma sua tese. Lembremos que o mesmo Gilmar Mendes – inimigo declarado do PT e seus aliados, portanto, não se poderia esperar outra atitude a não ser a suspensão da posse de Lula – é o mesmo que devolveu o mandato ao ex-prefeito Diego de Nadai (que era do PSDB!) na cidade de Americana-SP, quando este foi cassado. Outro fato: a advogada que assina a petição do PPS no mandado de segurança contra a posse do Lula, e que foi “julgada” pelo digníssimo ministro, é coordenadora de pós-graduação de Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), onde Mendes é sócio proprietário. Isso para citar apenas os casos mais recentes que envolvem esse cidadão. A pergunta que faço é se podemos ainda acreditar na imparcialidade de Gilmar Mendes? Como membro do STF, suas atitudes deveriam ser isentas de partidarismo e perseguições pessoais. E sobre a coragem do STF, podemos acrescentar as perguntas: por que arquivaram as denúncias contra Aécio Neves e Anastasia (ambos do PSDB)? Por que não pediram a prisão de Eduardo Cunha, réu em casos de corrupção e presidente da sessão do impeachment? Sinceramente, a afirmação de Luiz Inácio Lula da Silva mostra-se cada vez mais verdadeira. Infelizmente.

Crédito: Ilimar Franco

Em tempo: mera coincidência o almoço de Gilmar Mendes com José Serra e Armínio Fraga ter acontecido horas antes do julgamento do rito de impeachment, onde o mesmo ministro destilou seu ódio sobre a possível posse de Lula como ministro da Casa Civil?

*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências