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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 19, 2016

Cuba: em defesa da democracia no Brasil e da integração latino-americana


Nota do Ministério de Relações Exteriores de Cuba

Lula e Raúl Castro
Do Granma

O Ministério de Relações Exteriores rechaça o ataque contra a Constituição e a democracia no Brasil, que converteu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder histórico do Partido dos Trabalhadores, assim como o governo liderado pela presidenta Dilma Rousseff, em alvos de ações judiciais e parlamentares injustificadas e desproporcionais.

A manipulação indignante da luta contra a corrupção tem o propósito de desacreditar e criminalizar um líder emblemático de Nossa América, desqualificar uma das organizações políticas mais combativas da região, derrocar o governo legítimo da presidenta Dilma Rousseff e liquidar o processo progressista regional.

A condução coercitiva de Lula e a tentativa de golpe parlamentar contra Dilma têm levantado uma onda de repúdio em seu país, desde o governo e seus aliados até organizações populares, sindicatos e movimentos sociais, que têm saído às ruas de dezenas cidades de todo o Brasil. Por sua vez, multiplicam-se as expressões de rechaço em numerosos países latino-americanos e caribenhos.

Com estes métodos sujos, setores dos aparatos policiais, legislativos e judiciais de alguns Estados de nossa região, em estreita aliança com grupos transnacionais de comunicação, de oligarquias e do imperialismo, pretendem impor através da força o que não foram capazes de vencer nas urnas.

Os companheiros Lula e Dilma Rousseff têm demonstrado valentia e determinação admiráveis ao enfrentar esse ataque.

O governo da República de Cuba não tem dúvidas de que a verdade prevalecerá e o povo trabalhador do Brasil se organizará em sua defesa, assim como na salvaguarda dos avanços políticos e sociais alcançados pelos governos do Partido dos Trabalhadores.

Havana, 6 de março de 2016.

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