Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 19, 2016

Cunha é a principal arma do golpe

A oposição está fazendo um movimento duplo para provocar a dispersão daqueles que defendem as liberdades democráticas e as conquistas da constituição de 88. Moro ataca Lula e Dilma, ameaça as instituições e chama a atenção da mídia, instilando ódio e provocando reações as mais diversas, concentrando todas os esforços das forças populares. Mas enquanto esse enorme espetáculo midiático é encenado, no Congresso articula-se o movimento que provocará efetivamente o golpe: o impeachment de Dilma.
A Avenida Paulista tomada pela direita para provocar o confronto com as forças populares é outra manobra financiada pela FIESP. Diversificar, dispersar, trazer a atenção para fatos secundários. Esse é o plano.
Se o STF e os judiciário em geral estão atemorizados com a repercussão da espetacularização da mídia, o que não dizer dos deputados que irão dar seu voto contra ou a favor do impeachment? É aí que está a grande aposta da oposição conservadora.
Cunha, apoiado pelos corruptos e pela oposição oportunista e desprovida de qualquer moralidade que lhe serve de máscara nas sucessivas entrevistas na rede Globo, é a grande arma desse movimento e é contra ele que o movimento em defesa das liberdades democráticas e das conquistas de 88 deve dirigir seu esforço.
Moro é a expressão mais canhestra e acabada do sonho ditatorial dos setores conservadores que sonham com a ordem que lhes mantenha os privilégios e benesses. Sua ação desmedida, apoiada pela grande mídia, cumpre o papel fundamental de construir a narrativa da "quadrilha que tomou o poder", e enquanto Gilmar Mendes discursa a favor do golpe, Celso de Mello preocupa-se em dizer que não há acovardamento no STF. Que prove! Que mostre sua preocupação efetiva com a defesa do Estado Democrático de Direito impedindo as ações midiáticas de juízes açodados com seus poderes ampliados pela mídia.
Mas não se pode deixar de perceber que há um movimento para distrair o foco do combate ao golpe. Cunha é a arma. Cunha - o grande corrupto poupado pela mídia - é a ferramenta que articula o golpe. Ele deve ser o centro das denúncias que os movimentos nas ruas irão fazer neste fim de semana. Não é possível que um corrupto declarado promova a cassação de um governo eleito por 54 milhões de votos.
É preciso denunciar e cassar Cunha já!

Nenhum comentário:

Postar um comentário