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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 08, 2016

Carta aberta à CNBB

Carta aberta à CNBB

by biologosocialista
Reproduzo abaixo o e-mail que enviei à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB), em relação à fatídica fala do bispo Dom Darci Nicili que, em referência a fala do ex-presidente Lula, que havia se comparado a uma jararaca após a ação coercitiva da Polícia Federal, incitou o ódio à população dizendo "Peço, meu irmão e minha irmã, a graça de pisar a cabeça da serpente. De todas as víboras que existem e persistem em nossas vidas (...). Daqueles que se autodenominam jararacas. Pisar a cabeça da serpente. Vencer o mal pelo bem, por Cristo nosso Senhor".
Lastimável que esse sujeito (não me referirei ao mesmo com o devido respeito que os bispos merecem, pois me senti afrontado por sua fala) use de seu posto católico/cristão, colocando o nome de Deus em vão, em troca de interesses políticos.
A foto que se segue, exime de maiores comentários e justificaria sua atitude inconsequente e irracional:
BISPO-DE-APARECIDA diariodocentrodomundo com br
Dom Darci Nicili, entre os inimputáveis e "santos", Aécio Neves e Geraldo Alckimin.                  Crédito: diariodocentrodomundo.com.br
"Prezados Senhores ,
Infelizmente assisti recentemente a declaração fatídica do bispo Dom Darci Nicili, ao promover o ódio contra o ex-presidente Lula. Sua fala irônica foi compreendida - e para bom entendedor, bastou.
Escrevo a todos para demonstrar meu repúdio às colocações infelizes desse senhor. Tenho certeza, pelo convívio de amigos e conhecidos, que a revolta é geral. A militância e segmentos da esquerda estão igualmente ofendidas. 
É lamentável que, enquanto temos a figura exemplar do Papa Francisco promovendo a união dos povos e o respeito à democracia, eis que surge uma criatura dessas e promove o mal e o rompimento democrático. 
Sua fala irônica, não condiz em nada com as conquistas que governos progressistas do PT, na figura de Lula e Dilma, obtiveram ao Brasil, tirando milhares da pobreza, por exemplo. A Igreja Católica deveria ser muito grata, pois foi igualmente favorecida na luta pela desigualdade social.
O tempo é de promover a união, e competiria à Igreja e seus representantes, intermediarem e auxiliarem no acalmar dos ânimos. Em troca disso, só acirraram os mesmos. Um verdadeiro desserviço, que nos remete justamente ao período em que apoiaram à Ditadura.
Não adianta depois, a própria CNBB lamentar pela perda de fiéis e ver um levante popular. São atitudes parciais e irresponsáveis como essa que afastam cristão/católicos dessa religião.
Espero, sinceramente, que algum atitude seja tomada em relação a este senhor, que a partir de agora, não terá mais meu respeito e consideração.
Atenciosamente,
Prof. Luiz Fernando Leal Padulla"

A quem interessar, e quiser igualmente expressar sua indignação, segue relação dos emails da CNBB:

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