
O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, deu hoje as boas-vindas a uma eventual mediação do Brasil na polêmica questão do programa nuclear de Teerã, acusado por grande parte da comunidade internacional de ter fins militares.
Larijani recebeu nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que chegou de madrugada a Teerã para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã.
O parlamentar, citado pela agência de notícias local “Mehr”, não ofereceu, no entanto, detalhes sobre o papel que o Brasil poderia desempenhar para solucionar a polêmica.
Amorim, por sua vez, manteve a postura do Governo brasileiro e insistiu que Brasília apóia o programa nuclear iraniano, desde que seja voltado para fins pacíficos, mas não comentou se o país apoiaria possíveis sanções internacionais contra o regime persa.
O ministro já havia anunciado há dois meses a vontade do Brasil de atuar como mediador do conflito, mas não oferecera detalhes.
“O que queremos para o povo brasileiro é o que queremos para o povo iraniano, ou seja, a expansão das atividades nucleares pacíficas”, disse Amorim, depois de se reunir também com o negociador nuclear iraniano na questão, Saeed Jalili.
Grande parte da comunidade internacional, sob a liderança dos Estados Unidos, acusa o regime dos aiatolás de ocultar, sob seu programa civil, outro de natureza clandestina e ambições bélicas, cujo objetivo seria adquirir um arsenal atômico, alegação negada por Teerã.
A polêmica se radicalizou no final do ano passado, depois de o Irã rejeitar uma oferta dos EUA, Reino Unido e Rússia para enviar seu urânio enriquecido a 3,5% ao exterior e recuperá-lo depois enriquecido a 20%, nas condições que diz precisar para manter em operação seu reator em Teerã.
Perante a falta de acordo, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou o início do enriquecimento a 20%, apesar das advertências internacionais.
Desde então, o Governo americano busca aprovar uma nova rodada de sanções internacionais para tentar frear o polêmico programa nuclear iraniano.
Neste ano, o Brasil assumiu uma das 15 cadeiras do Conselho de Segurança da ONU, órgão responsável pelas possíveis sanções ao regime iraniano.
A este respeito, o presidente do Parlamento iraniano voltou hoje a culpar as grandes potências pela falta de acordo e insistiu que chegar a uma solução é “simples”.
“Polemizar com dados irreais não terá efeito algum sobre a vontade do povo iraniano. As grandes potências tentam complicar este assunto para favorecer assim seus próprios interesses políticos”, criticou.
Durante a reunião, Larijani e Amorim expressaram a necessidade de ampliar as relações bilaterais em diversos campos, disseram à Agência Efe fontes diplomáticas brasileiras.
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