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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 03, 2012

Obama diz não estar blefando em ameaça militar ao Irã



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Por Matt Spetalnick e Jeffrey Heller
WASHINGTON/OTTAWA- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez a ameaça mais direta até agora de uma ação militar norte-americana contra o programa nuclear iraniano, mas alertou Israel a não realizar um ataque preventivo.
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"Como presidente dos Estados Unidos, eu não blefo", disse Obama em entrevista publicada na sexta-feira pela revista Atlantic, três dias antes de receber o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca.
Os EUA temem as repercussões de um ataque unilateral de Israel às instalações militares iranianas, e esse assunto deve dominar a reunião em Washington. 
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Mas Netanyahu disse que buscará preservar a "liberdade de ação do Estado de Israel diante das ameaças de nos varrer do mapa".
O Irã nega ter a intenção de desenvolver armas nucleares, e promete reagir se sofrer um ataque. Os EUA continuam sendo os maiores aliados de Israel nessa e em outras questões, mas Obama e Netanyahu têm relações turbulentas, com uma clara desconfiança mútua.
Netanyahu está tentando convencer Obama a definir mais claramente qual é o limite nuclear que o Irã não pode cruzar, ao passo que o presidente norte-americano pede a Israel que dê mais tempo para a busca por uma solução diplomática, que inclui a imposição de sanções a Teerã.

"Acho que tanto o governo iraniano quanto o israelense reconhecem que, quando os Estados Unidos dizem que é inaceitável que o Irã tenha uma arma nuclear, estamos falando sério", disse Obama à Atlantic.
Ele repetiu o bordão de que todas as opções estão sobre a mesa", mas acrescentou termos mais diretos. "Isso inclui um componente militar. E acho que as pessoas entendem isso", afirmou.
Ele admitiu que Netanyahu tem uma "profunda responsabilidade" de proteger o seu povo, mas apontou "consequências potenciais indesejadas" numa ação militar. "Num momento em que não há muita simpatia pelo Irã, e que seu único aliado real (a Síria) está nas cordas, queremos uma distração na qual de repente o Irã se coloque como vítima?", argumentou.
Mas Obama não pode ser duro demais com Netanyahu, já que os pré-candidatos republicanos à Presidência fazem marcação cerrada sobre sua política para o Oriente Médio, e tendem a criticar qualquer sinal de desgaste na aliança com Israel. Por outro lado, a Casa Branca receia que uma nova guerra no Oriente Médio semeie o caos e faça o preço do petróleo disparar.
Netanyahu está no Canadá e chega no domingo a Washington. Na sexta-feira, ele disse a jornalistas em Ottawa que não acredita em uma negociação internacional para tentar impedir o Irã de obter armas atômicas. "Acho que a comunidade internacional não deveria cair nessa armadilha", declarou.


(Reuters)

 Reportagem adicional de Caren Bohan 
*MilitânciaViva

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