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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, novembro 18, 2013

Pelo impixamento de Joaquim Barbosa

 

 de Maria Luiza Quaresma Tonelli
"É uma vergonha e temerário que aceitemos que Joaquim Barbosa continue na condução da corte suprema de justiça do país. Vivemos numa democracia sustentada pelo Estado democrático de Direito. Nenhuma instituição e ninguém, individualmente, se levantou contra as arbitrariedades cometidas por aquele que representa um dos três poderes da República. Quem se omite é cúmplice no cometimento da injustiça. Recuso-me a aceitar que meus netos tenham que viver num país onde um vocacionado a ditador seja alçado à condição de herói. O Brasil é uma República que tem uma Constituição a ser respeitada. Vivemos numa democracia, na qual o poder emana do povo. Poder que em seu nome é exercido por meio de seus representantes eleitos. Somente estes nos representam. Joaquim Barbosa não nos representa. Preside a corte que é a guardiã da Constituição. Se não respeita a lei, então, que nossos representantes tomem alguma medida antes que seja tarde. A democracia agradece e o povo se ainda não exige deveria fazê-lo, sob pena de perder a sua identidade política ou própria dignidade enquanto povo. A ameaça que recai sobre um, onde todos são iguais perante a lei, é ameaça que recai sobre todos.
Maria Luiza Quaresma Tonelli"
*GilsonSampaio

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