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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 15, 2016

Fim da Lava Jato, corruptos impunes, Temer presidente e Cunha vice., Impeachment é escudo para obstruir Justiça

Fim da Lava Jato, corruptos impunes, Temer presidente e Cunha vice. O Brasil não vai aceitar isso




Na reta final da votação do impeachment da presidenta Dilma, no próximo domingo, a mídia golpista vende um cenário de vitória consagradora do golpe. Mas é mentira. E o principal operador do golpe na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (ainda e inacreditavelmente há mais de seis meses no cargo, mesmo com todas as acusações e provas de corrupção e envio de dinheiro para o exterior contra ele) sabe disso.

Tanto sabe que mudou a ordem de votação, de nominal - como sempre foi - para por regiões. Primeiro votarão deputados do sul e do sudeste, áreas mais favoráveis ao impeachment, com destaque para o coração direitista do golpe - São Paulo.

A ideia é que o número de votos a favor acabe provocando um efeito manada e levando os indecisos a optarem pelo golpe.

Só que o governo teria que ser muito incompetente para não conseguir ao menos um terço mais um dos votos contra o impeachment. E se é possível ter dúvidas quanto à capacidade de negociação política da presidenta Dilma, ninguém pode falar o mesmo do ex-presidente Lula, que está em Brasília fazendo o que melhor sabe fazer - política.

Se há um número grande de deputados com processos e acusações de corrupção e que, portanto, querem o corrupto Eduardo Cunha pondo um fim à Lava Jato, que os pode mandar para a cadeia, há outros que só têm a perder com a mudança de governo, por saber o alto preço (em grana mesmo e em barganhas) que terão a pagar com os golpistas no poder.

Com a totalidade dos votos do PT, PC do B e PSOL, a quase totalidade do PDT (que fechou questão, o que pode significar todos os votos do partido, 20), e grande parte do PP (que mantém ministério, e rachou), PR, PSD, mais os dissidentes do PMDB, são, no mínimo, 150 votos. Sem contar os dissidentes de outros partidos - alguém acredita que todos os 32 deputados de um partido com a história do PSB, por exemplo, vão votar a favor do golpe?

A concentração de forças de todos os ministros e políticos da base do governo, mais o ex-presidente Lula têm que conseguir apenas 22 votos entre os 363 deputados restantes.

Logo, não vai ter golpe.
*blogdoMello



Impeachment é escudo para obstruir Justiça

É espantoso que “as ruas”, esse movimento difuso, misterioso, obscuro cuja principal bandeira é a “luta contra a corrupção” não se deem conta de que na verdade estão protegendo os corruptos, estão servindo de biombo para inocentar os que já têm os pés na lama e os futuros enlameados.
Por: Alex Solnik, no: Brasil 247 
cunha_golpeNão foi apenas movido pelo sentimento de vingança que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deflagrou o processo de impeachment.
Agora está ficando claro que o verdadeiro objetivo foi escapar da Justiça, ou seja, obstruir as investigações a respeito de suas atividades pretéritas.
Se o seu plano der certo, ele se torna vice-presidente da República e, como tal, vai matar dois coelhos com uma só cajadada: o processo de sua cassação no conselho de ética vai ser deletado porque ele não será mais deputado e sim vice-presidente, assim como as acusações que pesam contra ele na Lava Jato, pois, como vice-presidente, só pode ser processado por malfeitos ocorridos durante o seu mandato. O passado não o condenará mais.
O mesmo raciocínio se aplica a Michel Temer. Se conseguir assumir a presidência da República caem por terra as delações feitas contra ele na República de Curitiba, assim como morre o impeachment que o ministro Marco Aurélio Mello praticamente obrigou Cunha a abrir contra ele.
Temer vai se livrar dos dois problemas, pois, se tudo der certo, assumirá um novo mandato, e só poderá ser processado pelo que fizer no decorrer dele, não respondendo mais pelo que fez no passado.
Diante da perplexidade dos que defendem a legalidade e a retomada do crescimento econômico e do cinismo dos que mentem, inventam, camuflam e enganam os incautos, os dois próceres do PMDB comandam um movimento em que a obstrução da Justiça e o desvio de finalidade estão na cara, mas a sua caravana desfila com a conivência da imprensa, o silêncio da Justiça e a histeria das ruas.
Eles serão os principais beneficiados se o STF continuar calado diante dos fatos, mas não os únicos. É evidente que a isca com que atraem novos adeptos é a esperança de salvá-los também. Não por outro motivo o PP, principal implicado na corrupção sob investigação na Lava Jato, mais implicado que o PT e o PMDB anunciou sua adesão aos dois perdidos numa noite suja.
É espantoso que “as ruas”, esse movimento difuso, misterioso, obscuro cuja principal bandeira é a “luta contra a corrupção” não se deem conta de que na verdade estão protegendo os corruptos, estão servindo de biombo para inocentar os que já têm os pés na lama e os futuros enlameados.
O que Temer e Cunha comandam não é apenas um golpe contra a democracia e contra os beneficiários de programas sociais; é um golpe contra a Justiça, é um salvo conduto para continuarem arrastando o país para o buraco da impunidade, da ilegalidade, da corrupção, dos privilégios.
*Ocarcará

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