A polícia militar de São Paulo tentou, mas não conseguiu intimidar o ato
que pediu a investigação sobre o envolvimento da revista Veja com o
bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Promovido pela União da Juventude
Socialista (UJS), com o apoio de diversas entidades, o protesto
realizado na tarde desta terça-feira (8) levou palavras de ordem e
bandeiras à redação da revista. Os jovens reivindicam que o dono do
Grupo Abril, Victor Civita, e resposável pela revista semanal, seja
convocado à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para explicar
as relações criminosas da Veja com o bicheiro Cachoeira.
Mesmo
sendo um protesto pacífico, mais de três viaturas da PM foram enviadas
ao local. Após a manifestação, um policial oficilmente não identificado,
mas que se apresentou como Sargento Renato, exigiu um documento com
foto do repsonsável pela atividade. Os manifestantes resistiram ao
pedido, uma vez que a mesma solicitação já havia sido feita por outros
policiais na concentração da manifestação, e foram ameçados pela PM.
Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, maio 09, 2012
Expor uma criança a apelos de consumo cotidianamente é uma forma velada de coerção e abuso.
Expor uma criança a apelos de consumo cotidianamente é uma forma velada de coerção e abuso.
No Facebook Infância Livre de Consumismo
Leia o depoimento que a Dra. Telma Pileggi Vinha, docente da Faculdade de Educação da Unicamp e doutora na área de psicologia, desenvolvimento humano e educação, deu para o Infância Livre de Consumismo.
"Sou favorável à restrição de propagandas dirigidas ao público infantil. Devido às características de desenvolvimento, as crianças não são capazes de compreender a complexidade envolvida nas decisões de consumo, isto é, não são capazes de compreender as relações de necessidade, ilusão, satisfações momentâneas, lucro, trabalho e remuneração, valor do dinheiro, ganhos e perdas.
Também são incapazes de compreender a relação entre consumo e impacto ambiental. Justamente por tais características, não se pode afirmar que elas têm poder de escolha no que se refere ao consumo, pois isto implicaria em análise dos fatores envolvidos, das possibilidades e das consequências das decisões, o que começa a ocorrer na adolescência.
Até então, as crianças possuem condições apenas de compreender que não podem ter determinado brinquedo, por exemplo, tão somente porque os pais não querem ou porque eles não possuem dinheiro. Como as crianças têm dificuldades de regular seus impulsos, exigem-no como se, aquilo que se trata apenas de um desejo, fosse uma necessidade!
E os pais acuados, confundindo o atendimento as satisfações imediatas com atendimento às necessidades reais dos filhos, acabam por ceder a tais exigências, muitas vezes contrariados ou abrindo mão de prioridades.
Considero que expor uma criança a tais apelos de consumo cotidianamente sem que ela tenha condições cognitivas e afetivas para compreender e lidar com as questões envolvidas é uma forma velada de coerção e abuso."
*Mariadapenhaneles
Carta aberta ao Ministro Ayres Brito
Autor:
Luis Nassif Ministro Ayres Brito,
Em que mundo o senhor vive? O senhor tem feito o jogo do jornalismo mais vergonhoso que já se praticou no país, usurpado os direitos de centenas de pessoas que buscavam na Justiça reparação contra os crimes de imprensa de que foram vítimas. E não para, não se informa, não aprende, não consegue pisar no mundo real, dos fatos.
No poder judiciário, o senhor tornou-se o principal responsável pelo aprofundamento inédito dos vícios jornalísticos. Sua falta de informação, sua atração pelo aplauso fácil, fez com que olhasse hipnotizado para os holofotes da mídia e, ao acabar com a Lei de Imprensa sem resolver a questão do Direito de Resposta, deixasse de cumprir seu dever constitucional de zelar pelos direitos individuais de centenas de vítimas de abusos da imprensa.
Centenas de pessoas sendo massacradas pelo jornalismo difamatório e o senhor ainda vem com essa história de defender a mídia das decisões de juízes de primeira instância.
Tomo meu caso.
Por conta das ligações de Roberto Civita com Daniel Dantas, fui alvo de ataques difamatórios da revista Veja. Entrei com direito de resposta na Vara de Pinheiros. Caiu com a juíza Luciana Novakoski Ferreira, uma magistrada sem nenhuma sensibilidade para com a reputação alheia, capaz de considerar como meras ironias os piores ataques difamatórios.
A juíza alegou que a inicial de meu advogado estava incorreta, por não especificar os crimes cometidos pela revista. Com toda a bagagem, de juíza de inúmeras ações de Direito de Resposta contra a Veja, ela não sabia que Direito de Resposta não exige especificação de crime – cuja tipificação entra em outro tipo de ação.
O advogado apelou para a Segunda Instância e, por unanimidade, os desembargadores determinaram que voltasse para a Vara de Pinheiros e que a juíza proferisse sua sentença – fundamental para dar andamento à ação.
A juíza recusou-se outra vez, e aí recorrendo ao álibi Ayres Brito: alegou que a Lei de Imprensa tinha revogado o Direito de Resposta. Volta para a Segunda Instância que, por unanimidade, constata o óbvio: o direito de resposta é norma constitucional.
Volta para a juíza, a esta altura com 3 anos de atraso. E ela alega que o STF eliminou a lei de imprensa e não regulamentou novo procedimento. E que não cabia a um juizado criminal apreciar a ação.
Agora os advogados da Abril pedem a anulação da ação alegando que, devido ao tempo decorrido, não há mais o que reparar.
Aí tenta-se a Vara da Freguesia do Ó para outras ações contra a Abril. Mais de dois anos e não chegou sequer às mãos dos juízes, que fogem de casos de mídia como o diabo da Cruz. E vem o senhor defender o mau jornalismo do quê?
Repito: o senhor é responsável direto pelo aumento do descalabro da mídia, os assassinatos de reputação que pegavam indistintamente culpados e inocentes, que arrasaram com a vida de centenas de pessoas. Não extirpou o Direito de Resposta, porque é norma constitucional. Mas fez pior: anulou um direito constitucional, sentando em cima do vácuo da lei.
O senhor não entendeu que, ao contrário do que propaga, a mídia não precisa ser defendida do Judiciário; é o Judiciário que precisa ser defendido do mau jornalismo. Ele intimida e corrompe. Intimida com ataques e dossiês; corrompe ao oferecer visibilidade a magistrados de espírito fraco.
O senhor deveria por um minuto sair de sua redoma, de seu mundo do faz-de-conta e passar o que passaram as vítimas desse jornalismo, testemunhar o abalo que esses ataques produziram em famílias, em mães, filhos, avós, entender por um minuto sequer o sentimento de indignação e impotência de ver direitos básicos sendo pisoteados a cada ataque difamatório sem que a Justiça se manifeste. E, depois, olhar para a esperança de justiça – o Supremo Tribunal Federal – e se deparar com o senhor, com sua insensibilidade e desinformação.
Por tê-lo como desinformado, não desejo para o senhor um centésimo do que esses assassinos de reputação provocaram em centenas de vítimas.
Se tiver estômago, se não afetar sua alma poética, leia parte dos ataques que Roberto Civita encomendou a seus jagunços: está aqui no endereço https://sites.google.com/site/luisnassif02/acaradaveja
Ato de Solidariedade ao Povo Palestino - Lembrar a NAKBA - ATO DIA 15 DE MAIO de 2012
Vamos nos
reunir para lembrar a NAKBA, a catástrofe de um povo que teve o país roubado e
celebrar a força da resistência palestina ao longo de mais de 60 anos, com a
certeza da vitória, custe o que custar. Junte-se a nós!
*redecastorphoto
Na Ditadura militares chegaram a usar métodos nazistas
Ex-presa
política, a jornalista Rose Nogueira, do Grupo Tortura Nunca Mais,
considerou “estarrecedoras” as declarações de Cláudio Antônio Guerra no
livro "Memórias de uma guerra suja". O ex-delegado do DOPS do Espírito
Santo afirma que, sob ordens militares, incinerava corpos de militantes de esquerda em uma usina de açúcar em Campos dos Goytacazes (RJ).
É
o Auschwitz do Brasil. Os militares usaram métodos nazistas, como a
tortura, e agora vemos que houve também a incineração - disse Rose,
referindo-se ao campo de concentração nazista na Polônia.
Para
Rose Nogueira, as denúncias contidas no livro precisam ser investigadas
com profundidade. Ex-presa da Torre das Donzelas, no Presídio
Tiradentes, o mesmo onde ficou a presidente Dilma Rousseff por mais de
três anos, Rose disse não conhecer o ex-delegado Guerra, que atuava
principalmente no Espírito Santo e no Rio.
“Mas
sempre soubemos que, no Espírito Santo, a coisa era muito pesada
(contra os militantes de esquerda). Pelo que vimos desse livro, muita
coisa coincide”, relata ela.
Sobre a usina Cambahyba, onde Guerra disse ter incinerado os corpos, Rose pede investigação:
“É preciso ir até essa usina. E, mais que isso, ela deveria se tornar um memorial, um grande museu sobre o que ocorreu lá”.
De
acordo com Guerra, dez pessoas foram atiradas ao incinerador da usina,
de propriedade de empresário Heli Ribeiro, hoje morto. O casal Ana Rosa
Kucinski e Wilson Silva, João Batista e Joaquim Pires Cerveira, que
foram presos na Argentina, os militantes da Ação Popular Marxista
Leninista (APML) Fernando Augusto Santa Cruz e Eduardo Collier Filho, e
os líderes do PCB David Capistrano, João Massena Mello, Luiz Ignácio
Maranhão Filho e José Roman.
O ex-delegado
Claudio Guerra, que chefiou o DOPS do Espírito Santo e participou da
rede informações e investigações da repressão, afirmou ter recebido do
Estado brasileiro carta branca para “julgar, torturar, matar e
desaparecer com o corpo” dos militantes de esquerda. Guerra, que se
prepara para virar pastor de igreja, é acusado de tortura, homicídios, formação de quadrilha, tráfico de drogas, roubo de armas e até de chefiar grupos de extermínio, além de responder a pelo menos duas condenações por assassinato.
Leia trecho do livro “Memórias de uma Guerra Suja”:
“Em
nome da segurança do Estado brasileiro, os membros da comunidade de
informações podiam tudo: perseguir, grampear, investigar, julgar,
condenar, interrogar, torturar, matar, desaparecer com o corpo e alijar
famílias do paradeiro de seus entes queridos. Não havia um código de
ética, nem formal nem informal, que direcionasse nossas condutas. Tudo
era permitido.
Essa foi a comunidade de
informações em que eu transitei, e fui um eficiente membro, um matador
implacável que ajudou a ganhar uma guerra da qual o povo não tomava
conhecimento por causa da censura aos meios de comunicação.
Ninguém nunca soube, nem mesmo minha família, o poder que tive nas mãos.
Não tenho orgulho disso”.
*OCarcará
Ditadura foi nazista
Frei Betto
Escritor, autor de Diário de Fernando %u2013 Nos cárceres da ditadura militar brasileira (Rocco), entre outros livros
A notícia é estarrecedora: militantes políticos envolvidos no combate à ditadura militar tiveram seus corpos incinerados no forno de uma usina de cana-de-açúcar em Campos dos Goytacazes, no Norte do estado do Rio de Janeiro, entre 1970 e 1980.O regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985 merece, agora, ser comparado ao nazismo. A revelação é do ex-delegado do Dops (polícia política) do Espírito Santo, Cláudio Guerra, hoje com 70 anos.
Segundo seu depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, no livro Memórias de uma guerra suja (Topbooks), no forno da usina Cambahyba – de propriedade de Heli Ribeiro Gomes, ex-vice-governador do Rio de Janeiro entre 1967 e 1971, já falecido –, foram incinerados Davi Capistrano, o casal Ana Rosa Kucinski Silva e Wilson Silva, João Batista Rita, Joaquim Pires Cerveira, João Massena Melo, José Roman, Luiz Ignácio Maranhão Filho, Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira.
Os militantes teriam sido retirados de órgãos de repressão de São Paulo – Deop e DOI-Codi – e do centro clandestino de tortura e assassinato conhecido como Casa da Morte, em Petrópolis. Cláudio Guerra acrescenta às suas denúncias que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra, um dos mais notórios torturadores de São Paulo, teria participado, em 1981, do atentado no Riocentro, na capital carioca, na véspera do feriado de 1º de Maio.
Se a bomba levada pelos oficiais do Exército não tivesse estourado no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, ceifando-lhe a vida, centenas de pessoas que assistiam a um show de música popular teriam sido mortas ou feridas. O objetivo da repressão era culpar os “terroristas” pelo hediondo crime e, assim, justificar a ação perversa da ditadura.
Guerra aponta ainda os agentes que teriam participado, em 1979, da Chacina da Lapa, na capital paulista, quando três dirigentes do PCdoB foram executados. Acrescenta que a “comunidade de informação”, como eram conhecidos os serviços secretos da ditadura, espalhou panfletos da candidatura Lula à Presidência da República no local em que ficou cativo o empresário Abílio Diniz, vítima de um sequestro em 1989, em São Paulo, de modo a tentar envolver o PT.
Uma das revelações mais bombásticas de Cláudio Guerra é sobre o delegado Sérgio Paranhos Fleury, o mais impiedoso torturador e assassino da regime militar, morto em 1979 por afogamento. Tida até agora como um acidente, a morte, segundo o ex-delegado, teria sido“queima de arquivo”, crime praticado pelo Cenimar, o serviço secreto da Marinha. Guerra assume ter assassinado o militante Nestor Veras, em 1975, alegando que apenas deu “o tiro de misericórdia” porque ele havia sido “muito torturado e estava moribundo”.
Das notícias da repressão há sempre que de
sconfiar. Guerra fala a verdade ou mente? Tudo indica que o ex-delegado, agora travestido de pastor adventista, não se limitou, na prática de crimes, à repressão política. Em 1982, a Justiça o condenou a 42 anos de prisão pela morte de um bicheiro, dos quais cumpriu 10 anos. Em seguida mereceu 18 anos de condenação por assassinar sua mulher, Rosa Maria Cleto, com 19 tiros, e a cunhada, no lixão de Cariacica, em 1980. Ele alega inocência nos três casos, embora admita que matou o tenente Odilon Carlos de Souza, a quem acusa de ter liquidado sua mulher Rosa.
Espera-se que a presidente Dilma anuncie, o quanto antes, os nomes dos sete integrantes da Comissão da Verdade, que deverá apurar crimes e criminosos da ditadura. E investigar as denúncias do policial capixaba. Infelizmente a comissão ainda não será da Verdade e da Justiça. O Brasil é o único país da América Latina que se recusa a punir aqueles que cometeram crimes em nome do Estado, entre 1964 e 1985. O pretexto é a esdrúxula Lei da Anistia, consagrada pelo STF, que pretende tornar inimputáveis algozes do regime militar.
Ora, como anistiar quem nunca foi julgado e punido? Nós, as vítimas, sofremos prisões, torturas, exílios, banimentos, assassinatos e desaparecimentos. E os que provocaram tudo isso merecem o prêmio de uma lei injusta e permanecer imunes e impunes como se nada houvessem feito? O nazismo foi derrotado há quase 70 anos, e ainda hoje novas revelações vêm à tona. Enganam-se os que julgam que a Lei da Anistia, o silêncio das Forças Armadas e a leniência dos três poderes da República haverão de transformar a anistia em amnésia. Como afirmou Walter Benjamin, a memória das vítimas jamais se apaga.
Ditadura foi nazista
Frei Betto
Escritor, autor de Diário de Fernando %u2013 Nos cárceres da ditadura militar brasileira (Rocco), entre outros livros
A notícia é estarrecedora: militantes políticos envolvidos no combate à ditadura militar tiveram seus corpos incinerados no forno de uma usina de cana-de-açúcar em Campos dos Goytacazes, no Norte do estado do Rio de Janeiro, entre 1970 e 1980.O regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985 merece, agora, ser comparado ao nazismo. A revelação é do ex-delegado do Dops (polícia política) do Espírito Santo, Cláudio Guerra, hoje com 70 anos.
Segundo seu depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, no livro Memórias de uma guerra suja (Topbooks), no forno da usina Cambahyba – de propriedade de Heli Ribeiro Gomes, ex-vice-governador do Rio de Janeiro entre 1967 e 1971, já falecido –, foram incinerados Davi Capistrano, o casal Ana Rosa Kucinski Silva e Wilson Silva, João Batista Rita, Joaquim Pires Cerveira, João Massena Melo, José Roman, Luiz Ignácio Maranhão Filho, Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira.
Os militantes teriam sido retirados de órgãos de repressão de São Paulo – Deop e DOI-Codi – e do centro clandestino de tortura e assassinato conhecido como Casa da Morte, em Petrópolis. Cláudio Guerra acrescenta às suas denúncias que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra, um dos mais notórios torturadores de São Paulo, teria participado, em 1981, do atentado no Riocentro, na capital carioca, na véspera do feriado de 1º de Maio.
Se a bomba levada pelos oficiais do Exército não tivesse estourado no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, ceifando-lhe a vida, centenas de pessoas que assistiam a um show de música popular teriam sido mortas ou feridas. O objetivo da repressão era culpar os “terroristas” pelo hediondo crime e, assim, justificar a ação perversa da ditadura.
Guerra aponta ainda os agentes que teriam participado, em 1979, da Chacina da Lapa, na capital paulista, quando três dirigentes do PCdoB foram executados. Acrescenta que a “comunidade de informação”, como eram conhecidos os serviços secretos da ditadura, espalhou panfletos da candidatura Lula à Presidência da República no local em que ficou cativo o empresário Abílio Diniz, vítima de um sequestro em 1989, em São Paulo, de modo a tentar envolver o PT.
Uma das revelações mais bombásticas de Cláudio Guerra é sobre o delegado Sérgio Paranhos Fleury, o mais impiedoso torturador e assassino da regime militar, morto em 1979 por afogamento. Tida até agora como um acidente, a morte, segundo o ex-delegado, teria sido“queima de arquivo”, crime praticado pelo Cenimar, o serviço secreto da Marinha. Guerra assume ter assassinado o militante Nestor Veras, em 1975, alegando que apenas deu “o tiro de misericórdia” porque ele havia sido “muito torturado e estava moribundo”.
Das notícias da repressão há sempre que de
sconfiar. Guerra fala a verdade ou mente? Tudo indica que o ex-delegado, agora travestido de pastor adventista, não se limitou, na prática de crimes, à repressão política. Em 1982, a Justiça o condenou a 42 anos de prisão pela morte de um bicheiro, dos quais cumpriu 10 anos. Em seguida mereceu 18 anos de condenação por assassinar sua mulher, Rosa Maria Cleto, com 19 tiros, e a cunhada, no lixão de Cariacica, em 1980. Ele alega inocência nos três casos, embora admita que matou o tenente Odilon Carlos de Souza, a quem acusa de ter liquidado sua mulher Rosa.
Espera-se que a presidente Dilma anuncie, o quanto antes, os nomes dos sete integrantes da Comissão da Verdade, que deverá apurar crimes e criminosos da ditadura. E investigar as denúncias do policial capixaba. Infelizmente a comissão ainda não será da Verdade e da Justiça. O Brasil é o único país da América Latina que se recusa a punir aqueles que cometeram crimes em nome do Estado, entre 1964 e 1985. O pretexto é a esdrúxula Lei da Anistia, consagrada pelo STF, que pretende tornar inimputáveis algozes do regime militar.
Ora, como anistiar quem nunca foi julgado e punido? Nós, as vítimas, sofremos prisões, torturas, exílios, banimentos, assassinatos e desaparecimentos. E os que provocaram tudo isso merecem o prêmio de uma lei injusta e permanecer imunes e impunes como se nada houvessem feito? O nazismo foi derrotado há quase 70 anos, e ainda hoje novas revelações vêm à tona. Enganam-se os que julgam que a Lei da Anistia, o silêncio das Forças Armadas e a leniência dos três poderes da República haverão de transformar a anistia em amnésia. Como afirmou Walter Benjamin, a memória das vítimas jamais se apaga.
*Mariadapenhaneles
Putin promete Rússia forte no cenário mundial
O presidente Vladimir Putin fez nesta quarta-feira um
discurso patriótico ao lado de generais na Praça Vermelha, glorificando a
vitória soviética sobre a Alemanha na 2a Guerra Mundial e prometendo
intensificar a presença russa no cenário mundial.
Dois dias depois de tomar posse para um mandato presidencial de seis
anos, Putin usou seu pronunciamento a soldados e veteranos de guerra,
durante o desfile militar anual na praça mais simbólica de Moscou, para
reforçar seus apelos por unidade nacional -- que ficou abalada depois
dos protestos iniciados em 2011 contra a hegemonia política de Putin.
"A Rússia consistentemente se ergue determinadamente por nossas posições, porque nosso país sofreu o golpe do nazismo", disse Putin sob as muralhas vermelhas do Kremlin, ao lado de generais cobertos de condecorações.
"Os bárbaros estavam tramando para destruir nações inteiras. O
inevitável aconteceu -- a responsabilidade e a resolução comum
prevaleceram sobre o mal", acrescentou.
Putin, de 59 anos, costuma usar uma retórica agressiva em questões de
política externa para atrair o apoio dos russos. Ele recorreu a
declarações antiamericanas antes da eleição presidencial de 4 de março,
numa tática que também era usada por líderes soviéticos, especialmente
em feriados nacionais como o Dia da Vitória na Europa.
Durante a campanha eleitoral, Putin acusou a secretária
norte-americana de Estado, Hillary Clinton, de estimular protestos
contra os seus 12 anos de domínio político no país.
Ao tomar posse nesta semana, porém, Putin disse que pretende melhorar as relações com os EUA, principal inimigo da Rússia na época da Guerra Fria. Ele deixou claro, no entanto, que não aceitará interferências em assuntos domésticos, e que a relação com Washington deve acontecer em pé de igualdade.
No palanque da praça Vermelha estava também o ex-presidente Dmitry Medvedev, afilhado político de Putin, que na véspera teve seu nome aprovado pelo Parlamento para assumir o cargo de primeiro-ministro. Na prática, houve uma troca de lugar com Putin, que passou os últimos anos como premiê, depois de cumprir dois mandatos presidenciais (2000-2008).
Esse continuísmo irritou muitos russos, que se sentem alijados do
processo político. Mais de 400 pessoas foram detidas após um protesto no
domingo, inclusive os líderes de oposição Sergei Udaltsov e Alexei
Navalny, que continuavam detidos na quarta-feira.
Udaltsov informou, por intermédio de um advogado, que iniciou uma greve de fome na prisão.
TIMOTHY HERITAGE E ALISSA DE CARBONNEL - REUTERS
Comandante Hugo Chávez quebra silêncio, anuncia retorno de Cuba para a Venezuela e ataca adversários
Há uma semana em Cuba, em mais uma etapa do tratamento de
radioterapia para o combate ao câncer, o presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, quebrou ontem (7) à noite o silêncio e concedeu uma entrevista,
por telefone, à emissora estatal de televisão venezuelana, VTV. Sem
especificar quando, Chávez disse que regressará a Caracas “nos próximos
dias”.
A cinco meses das eleições presidenciais, nas quais tentará a
reeleição, Chávez disse ainda que vencerá a disputa “por nocaute”.
Crítico dos adversários, o presidente acrescentou que a oposição precisa
de “mais organização e um projeto político mais claro”.
Foi a primeira vez que Chávez falou publicamente desde que viajou
para Havana, capital cubana. Até então, ele só havia se comunicado por
meio de mensagens na rede social Twitter. Mesmo longe da Venezuela, o
presidente definiu várias medidas políticas e administrativas.
Chávez autorizou a liberação de recursos públicos, adotou medidas de
revisão das reservas internacionais, fundos de investimento e de
avaliação de projetos petrolíferos. Também foram autorizadas ações do
programa de reforma agrária em fazendas da região de Machiques de
Perijá, no estado de Zulia.
Fonte: Agência Brasil
*MilitânciaViva
Para analistas, novo líder pode aproximar França do Brasil
A eleição do socialista François
Hollande à presidência da França pode aproximar as relações do país com o
Brasil, sem que haja, no entanto, mudanças em relação a temas
polêmicos, como a agricultura, segundo especialistas ouvidos pela BBC
Brasil.
Para o cientista político
Stéphane Montclaire, da Universidade Sorbonne, Hollande deverá buscar
apoio de grandes emergentes, como o Brasil, para tentar convencer a
Alemanha a revisar o pacto fiscal europeu e incluir medidas de estímulo
ao crescimento econômico.
'As críticas da presidente Dilma
Roussef e de Hollande sobre as políticas de austeridade na Europa para
superar a crise são muito semelhantes', diz Montclaire.
A presidente brasileira declarou
várias vezes que 'simples medidas de austeridade e consolidação fiscal
não permitirão superar a crise na zona do euro' e que também são
necessárias políticas de expansão dos investimentos no continente.
Esse é exatamente o mesmo
argumento de Hollande. Em seu primeiro discurso no domingo, o presidente
eleito afirmou que 'a austeridade não pode mais ser uma fatalidade na
Europa'.
'Hollande vai precisar
demonstrar que as propostas da França também têm apoio fora da União
Europeia por parte de países com peso no cenário econômico
internacional', diz ele.
'O Brasil também precisa de uma
Europa forte para exportar seus produtos. Poderá haver nessa questão um
ponto de convergência entre os dois países', diz o cientista político.
Segundo Montclaire, a
aproximação maior entre o Brasil e a França será por razões estratégicas
e irá facilitar relações que já são 'muito boas'.
O presidente Nicolas Sarkozy,
que ficará no cargo até 15 de maio, havia firmado com o Brasil, no final
de 2008, uma parceria estratégica que prevê cooperações em várias
áreas, sendo a mais importante a da Defesa.
Conhecimento
O pesquisador Jean-Jacques
Kourliandsky, especialista em América Latina do Instituto de Relações
Internacionais e Estratégicas da França, diz que Hollande conheceria
melhor o Brasil do que Sarkozy e também possui vários interlocutores no
país, o que é um fator positivo.
'Hollande deverá ter uma
compreensão mais rápida dos dossiês envolvendo o Brasil. O contato com
autoridades brasileiras poderá ser mais fácil', diz ele, lembrando que o
socialista participou de edições do Fórum Social Mundial em Porto
Alegre e já se encontrou com o ex-presidente Lula.
Ele ressalta que essa maior
proximidade nas relações entre a França e o Brasil não estão ligadas a
questões ideológicas, pelo fato de Hollande ser socialista, e que
posições assumidas pelo Estado francês não deverão mudar.
'Hollande deverá apoiar a
candidatura do Brasil a uma vaga de membro permanente do Conselho de
Segurança da ONU porque isso é uma posição já assumida
internacionalmente pela França', diz Kourliandsky.
Da mesma forma, diz o
especialista, não deverá haver mudanças na posição francesa em relação
às reivindicações do Brasil para obter maior acesso aos seus produtos
agrícolas nos mercados europeus.
'Isso é uma posição do Estado francês em relação aos seus agricultores e não irá mudar', afirma.
México
Para o analista, a principal
mudança em termos de relações internacionais na gestão de Hollande
poderá ser na relação com o México.
Os laços entre os dois países
ficaram profundamente abaladas depois que Sarkozy começou a fazer
pressão pela libertação de uma cidadã francesa, Florence Cassez,
condenada no México a 60 anos de prisão por sequestro.
Florence Cassez |
A pressão provocou um imbróglio diplomático entre os dois países, que acabou levando ao cancelamento do Ano do México na França.
Segundo o especialista, ao
França estaria tendo atualmente dificuldades para discutir com
autoridades mexicanas a reunião do G20 - grupo de países desenvolvidos e
grandes emergentes - que ocorre no México em junho.
Ele afirma que Hollande, prevendo sua vitória, já teria enviado colaboradores ao México para tentar resolver a crise com o país.
MSN Notícias
*MilitânciaViva
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