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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 22, 2014

O grande comunista Mario Lago deve ter rolado no caixão, ao ver um fascista receber troféu com seu nome

Xeque - Marcelo Bancalero





Quando escolhi o querido Mario Lago como patrono de minha cadeira na AVLAH -Academia de Letras, Artes e História de Votorantim, o fiz baseado em sua história de vida,com algumas pequenas mais significativas semelhanças com minha vida, numa mistura de arte e politica. http://goo.gl/MgbGju
Por isso, acho um insulto ao grande comunista Mario Lago dar um troféu com seu nome, a um representante da direita fascista.
O prêmio Mario Lago dado a Willian Bonner no programado Faustão,foi uma armação global, para dar a este, uma chance de justificar sua truculência e desrespeito com nossa presidenta.
Tendo omo coadjuvantes da cena teatral apresentada, Fernanda Montenegro e Ali Kamel, dois desafetos do PT, mostrou claramente a falsidade do prêmio.
Um prêmio mais condizente com Bonner seria o troféu Banana do ano...
E como a própria mulher, ao final de sua tentativa de homenagear o "marido", não terminou com um esperado "Eu te amo"...
Eu também me limito ao mesmo ao finalizar esse post...
Beijinho Bonner...
Mas beijinho no ombro!
Saudações petistas!
http://xeque-mate-noticias.blogspot.com.br/2014/12/o-grande-comunista-mario-lago-deve-ter.html


 PRÊMIO MÁRIO LAGO 2014. FILHA DO ATOR SE DIZ ENOJADA COM A FARSA DA GLOBO


Em uma postagem recente que está repercutindo pelas redes sociais, a filha do célebre e inesquecível Mário Lago se mostrou indignada com a entrega do troféu (que leva o nome do mesmo) para Willian Bonner, feita no último domingo no Domingão do Faustão.
Abaixo o texto postado no Facebook de Graça Lago:

MEU PAI, MÁRIO LAGO, MERECE RESPEITO!

Enojada e revoltada com a farsa que foi o Prêmio Mário Lago 2014. Com a audiência do JN despencando, o premiado foi o editor geral do panfleto global. E tome elogios ao jornalismo da globo, à “ética, lisura e imparcialidade” do JN, à maneira “firme, mas respeitosa” como Bonner conduziu as entrevistas com os presidenciáveis, ao serviço prestado pelo JN à moralização do país… E tome pau nas redes sociais “instrumentalizadas pelos partidos” para atacar a globo e seu jornalismo.
Nojo. Lá no infinito papai e mamãe devem ter ficado muito revoltados.
E atenção, Rede Globo, não sou instrumentalizada por ninguém ou por nada. Sei pensar, refletir, fazer escolhas, opinar, me posicionar.

A heroína do Fantástico e a Venina do Linkedin… Duas vidas diferentes?

: Fernando Brito


venina1a
Depois de aceitar que Paulo Roberto Costa passou ao menos três anos roubando “enojado” e “enojado” continuava recebendo parcelas de propinas por contratos mesmo depois de ter sido afastado da empresa, agora temos a história mais que capciosa de D. Venina Fonseca, a quem não posso, por desconhecimento, acusar de nada – a Petrobras não abriu os detalhes dos processos interno que correm contra ela, embora ela tenha ido ao Fantástico acusar a presidente da empresa de cúmplice de todos os malfeitos da empresa.
Mas posso, como qualquer jornalista deveria fazer, comparar o que ela disse na televisão com o que é, segundo ela própria, sua carreira na empresa.
Segundo a transcrição da entrevista feita pelo Diário do Centro do Mundo, ela diz que “eu trabalhei junto com Paulo Roberto, isso eu não posso negar. Na diretoria de abastecimento, a partir de 2005″.
Não é verdade, segundo a própria Venina informa em seu currículo no Linkedin.
Lá, consta que ela era – o texto eu cito em inglês, como está escrito – “Manager, Implementation of Integrated Management Systems at Natural Gas Logistics Supervision Centre. De “ –  (2 years 1 month)“.
Ora, de 2001 a 2003, Paulo Roberto Costa era responsável pela Gerência Geral de Logística da Unidade de Negócios Gás Natural da Petrobras…
Depois, segundo a própria Venina, em  seu Linkedin, foi ser “Assistant Manager to the Downstream Director’s Office” (diretor de abastecimento), em maio de  2004.
Paulo Roberto Costa assumiu a diretoria de abastecimento em… 14 de maio de 2004.
Não seria justo inferir ligações anteriores, mas é a própria Venina quem documenta que não foi “na diretoria de Abastecimento, a partir de 2005″, mas que durante ao menos sete anos era auxiliar de confiança de Paulo Roberto Costa.
Mais adiante, Venina diz:
“A opção que eles fizeram em 2009 foi realmente me mandar para o lugar mais longe possível, isso está entre aspas, onde eu tivesse o menor contato possível. Com a empresa, aparentemente eu estaria ganhando um prêmio indo para Cingapura, mas o que aconteceu foi que realmente quando eu cheguei lá me foi dito que eu não poderia trabalhar, que eu não poderia ter contato com o negócio, era para eu procurar um curso”.
De fato, Venina foi para Cingapura, como “Chief Executive Officer, PM Bio Trading Pte Ltd”, uma joint-venture entre a Petrobras, a Mitsui e a empreiteira Camargo Correia, empresa subordinada a… Paulo Roberto Costa, o diretor de Abastecimento, o enojado …
Quando PRC cai, Venina não é perseguida, mas promovida.
Passa a diretora-gerente (“Managing Director, Petrobras Singapore Private Limited”).
E, segundo ela própria, com amplos poderes pois assim ela define suas funções, desde então:
“Responsável por conduzir o aumento das receitas junto com as margens de lucro e ser responsável por todos os contratos, a evolução dos negócios, as principais partes interessadas e clientes. – Reestruturação de toda a unidade, que resultou em significativa redução de custos e aumentando o lucro líquido três vezes nos primeiros seis meses de nomeação. – Liderou s Petrobras Singapore (PSPL) para atingir um lucro líquido recorde de US 59,5 milhões  em 2012 de US $ 18 milhões em 2011, e, posteriormente, outro avanço no lucro líquido, de US $ 184 milhões em 2013″
Nada de ficar “encostada”, portanto. E muito menos de viver trancada, numa situação de quase “escrava branca”, algo que justificasse a melodramática declaração ao Fantástico de que ” me afastar(am) do meu país, das empresas que eu tanto gostava, dos meus colegas de trabalho. Eu fui para Cingapura, eu não vi minha mãe adoecendo. Minha mãe ficou cega, transplante de coração, eu não pude acompanhar minha mãe. Meu marido não pôde mais trabalhar, ele teve que retornar.”
O marido de Venina, Mauricio Luz, também segundo o seuLinkedin, “had been lived in Singapore from january 2010 to june 2012, working as a consultant and helping to implement the Braskem office in Singapore“.
A Braskem é uma empresa que tem, entre os principais acionistas … a Petrobras, com 47% e a Odebrecht, com 50%.
A saída de Luz, também casualmente, coincide com a queda de Paulo Roberto Costa.
Não se faz aqui, como se viu, nenhuma acusação a Venina, porque seria um absurdo acusar, como ela faz, alguém de irregularidades e cumplicidades sem ter provas cabais disto.
Mas não é possível afastá-la de todo deste caso. Ela estava dentro dos esquemas de Paulo Roberto ou, pelo menos, aceitou-os.
O Brasil está mesmo virando uma fábrica de “santinhos”
*Tijolaço

Cuba ainda tem algo a dizer ao Brasil


Cuba só não virou pó graças ao planejamento, à organização social e à consciência política: a ilha ainda fala aos nossos dias e à realidade que nos constrange

Outdoor em Cuba: "Até a vitória sempre. Che"

Por Saul Leblon  na Carta Maior

Quem nunca entendeu porque Cuba ainda suscita tanta paixão e debate na política do século XXI está vivendo um novo espasmo de perplexidade.

O reatamento das relações diplomáticas entre Havana e Washington, anunciado na semana passada, dia 17/12, em pronunciamento casado de Obama, nos EUA, e Raúl Castro, em Cuba, tornou-se um dos assuntos mais importantes da agenda internacional, rivalizando com o derretimento do rublo e o mergulho nas cotações do petróleo.

Por que Cuba ainda magnetiza, a ponto de ostentar uma estatura geopolítica dezenas de vezes superior ao seu tamanho demográfico e territorial?

Digamos que não é comum que um país tenha seu nome imediatamente associado, em qualquer lugar do mundo, a sinônimo de audácia, soberania e justiça social.

Tampouco é trivial uma nação ser confundida com a legenda da bravura e da resistência por mais de meio século.

Todas essas exceções viram regra quando quatro letras se juntam para formar a palavra Cuba.

A pequena ilha do Caribe, na verdade um arquipélago de 4.195 restingas, ilhotas e ilhas,  soma um território de apenas 110 861 km² (pouco maior que Santa Catarina).

Os cubanos formam um povo de 11,2 milhões de pessoas.

Cuba, porém, está a léguas de ser uma simples ocorrência ensolarada no cardume das pequenas nações.

As quatro letras de seu nome condensam um dicionário de experiências, de esperanças, de vitórias, de tropeços, de lições e de problemas no caminho da construção de uma sociedade mais justa e convergente.  

Talvez a mais longeva e atribulada experiência no gênero trazida do século XX para o XXI.
Isso faz dela uma ponte de múltiplas conexões que singularizam e agigantam a sua presença em um tempo em que a utopia socialista perdeu o seu horizonte de transição. Mas ao mesmo tempo, em que a razão de ser dessa travessia avulta torridamente atual.

Os picos de desigualdade no capitalismo, e tudo o que isso denuncia em relação às formas de viver e de produzir em nosso tempo, são uma evidência dessa teimosa pertinência.

Tome-se o caso dos EUA, para deliberadamente radiografar o cenário mais favorável da opulência capitalista.

Nunca a desigualdade foi tão aguda. Jamais a probabilidade de que ela solape as bases da sociedade foi tão presente.

Não é Fidel Castro quem o diz.

A advertência partiu da contida presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, Janet Yellen.

Os abismos sociais no núcleo central do capitalismo atingiram o ponto em que, segundo a discreta Yellen, os americanos deveriam se perguntar se isso é compatível com os valores dos Estados Unidos.

E uma conferência recente, em Boston, a presidente do Fed disse que os níveis de desigualdade nos EUA são os mais altos em um século. “A desigualdade de renda e riqueza estão nos maiores patamares dos últimos cem anos, muito acima da média desse período e provavelmente maior que os níveis de boa parte da história americana antes disso”, afirmou.

Cuba não poderia ser tomada como um contraponto histórico a esse espiral.

A ilha jamais concluiu a transição para onde decidiu caminhar em 1960.

Tangido pela truculência imperial norte-americana, Fidel Castro proclamou, então, a natureza socialista e marxista do governo.

Um ano antes havia derrubado a ditadura de Fulgêncio Batista e iniciara uma reforma agrária que intensificou a guerra da elite local e estrangeira contra o novo regime.

Cuba nunca se propôs a ser um modelo.

Desde o início foi uma aposta.

De olhos voltados para o relógio da história.

Quem já não ouviu a velha glosa segundo a qual ‘se não existe socialismo em um só país, quanto mais em uma só ilha’?

Nem os irmãos Castro, nem Che, nem nenhum dos pioneiros que desceram de Sierra Maestra para tomar o poder no réveillon de 1959 imaginavam desmentir esse interdito estrutural.

A aposta alternativa, porém, tampouco se consumou.

Um punhado de golpes de Estado sangrentos e preventivos, que tiraram a vida de milhares de pessoas e seviciaram um contingente ainda maior em toda a América Latina, fizeram dos anos 60 e 70 um cinturão profilático em torno da grande esperança cubana.

Todas as artérias que poderiam misturar seu frágil metabolismo ao corpo vigoroso de uma integração regional progressista foram cirurgicamente seccionadas.

A ação conjunta das elites, da mídia e dos exércitos latino-americanos, orientados e auxiliados pela mão longa do Departamento de Estado e da CIA, foi como se sabe implacável.

Durante meio século o cerco asfixiante –que teve no embargo econômico iniciado em 1962 a sua fivela mais arrochada-- não cedeu.

A obsessão conservadora contra a aposta cubana, símbolo de múltiplas transgressões em relação aos valores e interesses das plutocracias regionais, ficou comprovada mais uma vez nas eleições presidenciais brasileiras de 2014 .

Em um dos debates mais virulentos da campanha, o candidato conservador Aécio Neves trouxe a ilha para o palanque.  

O tucano acusou o governo da candidata à reeleição, Dilma Rousseff, de cometer duas heresias do ponto de vista do cerco histórico à audácia caribenha.

A primeira, o financiamento de US$ 802 milhões para a construção de um porto estratégico de um milhão de conteiners na costa cubana de Mariel, a 200 quilômetros da Flórida. A obra, capaz de transformar Cuba em uma intersecção relevante do comércio entre as Américas, foi denunciada por Aécio como evidência de cumplicidade com o castrismo.

Mariel se somou a uma ampla parceria na área da saúde, igualmente bombardeada. Através dela, mais de 11 mil médicos cubanos ingressaram no país, onde asseguram assistência a 50 milhões de pessoas. O programa Mais Médicos levou doutores cubanos a lugares onde profissionais brasileiros não querem trabalhar.

O simbolismo inaceitável pelas elites recebeu o devido tratamento das falanges de jaleco branco e dos guardas-de-turno do cerco a Havana.

O reatamento das relações diplomáticas da semana passada trincou as patas desse discurso.

A calculadora política do conservadorismo operava –e agia--  ancorada na certeza ideológica de que a ‘ilha’ era apenas uma ditadura enferrujada, falida, desmoralizada e fadada à reconversão capitalista.

Jamais uma fonte de lições ao regime de mercado.

Cambaleante, servia à demonização de qualquer traço de planejamento econômico que viesse afrontar a proficiência da autorregulação dos capitais.

Morta, jogaria a pá de cal nos resquícios estatistas e socializantes teimosamente colados à tradição da esquerda  latino-americana.  

O vaticínio sincronizava o tempo de vida do regime ao do metabolismo de Fidel Castro –cujo epílogo antecipado foi tentado inúmeras vezes pela CIA e fracassou.

Paciência. O câncer, era esse o diagnóstico da grande Miami instalada na alma das elites locais, faria a implosão do regime diante da qual os agentes e os mercenários tropeçaram, desde a desastrosa tentativa de invasão da baía dos Porcos, em abril de 1961.

O reatamento diplomático entre Havana e Washington adiciona ar fresco à impressionante resistência daquilo que se imaginava mais frágil do que tem se mostrado.
Faz mais que isso.

Agrega um inesperado ruído à transição de ciclo econômico em marcha na América Latina.

Marcada por dificuldades cambiais e de crescimento, que parecem devolver o mando de jogo às receitas de arrocho e de rendição incondicional aos ditames dos mercados, vê-se agora diante de uma incógnita: Cuba ainda teria algo a dizer ao futuro regional?

Em edição recente, de agosto deste ano, a revista New Left Review arrolou dados interessantes sobre a resiliência da frágil sociedade cubana diante da dupla adversidade imposta pelo embargo americano e o fim do apoio russo, após o esfarelamento do bloco comunista.
É inescapável a atualidade da lição embutida nessa travessia.

Por maior que tenha sido a rigidez política de que se acusa o regime –e até por  conta da explosividade que esse fator unilateral acarretaria--  Cuba só não virou pó graças ao planejamento público, à organização social e à consciência política de amplas camadas de sua gente.

Não se trata de mitificar um case de custo humano e social elevadíssimo. Mas de enxergar na experiência extrema da vulnerabilidade, o alcance  mitigador da variável política, reconhecida agora no reatamento diplomático norte-americano.

Nesse sentido, o retrospecto da épica caminhada do povo de Cuba fala aos nossos dias e à realidade que nos constrange.

Ao contrário da presunção que vê no degelo diplomático o atalho da conversão capitalista tantas vezes frustrada, a resistência pregressa enseja outras esperanças.

Livre da asfixia econômica, o discernimento político e social acumulado pela sociedade cubana figura talvez como o mais experimentado laboratório de ponta da história para resgatar o elo perdido do debate latino-americano  sobre a transição para um modelo de desenvolvimento mais justo, regionalmente  integrado, cooperativo, democraticamente participativo e sustentável.

Se Cuba desmentir a derrocada de seus valores, dará inestimável contribuição para fixar o chão firme capaz de desenferrujar essa alavanca histórica.

Não é pouco. E pode ser muito do ponto de vista do imaginário e da agenda regional, assediados no momento pelo coro diuturno da restauração neoliberal.

A épica sobrevivência da pequena ilha, cuja morte anunciada era um poderoso trunfo conservador, confere a dose de otimismo para brindar o ano de 2015 como um horizonte em aberto na história cubana, latino-americana e brasileira.

Abaixo, alguns tópicos do retrospecto criterioso feito pela New Left Review, sobre o momento mais crítico dessa caminhada e das lições atuais que ela consagrou:

1. (ao perder o apoio russo nos anos 90) e diante da ‘teimosa recusa’ em embarcar em um processo  de liberalização e privatização, a "hora final" de Fidel Castro parecia, finalmente, ter chegado;

2. Cuba enfrentou o pior choque exógeno de qualquer um dos membros do bloco soviético, agravado pelo saldo do longo  embargo comercial norte-americano;

3. A dramática recessão iniciada em 1990 exigiria uma década  para restaurar a renda real per capita anterior à derrocada do mundo comunista;

4. Sugestivamente, porém, Cuba saiu-se melhor em termos de resultados sociais, comparada às economias do bloco comunistas atingidas pela mesma borrasca, mas ancoradas em uma base econômica menos vulnerável;

5. A taxa de mortalidade infantil em Cuba, em 1990, foi de 11 por mil, já muito melhor do que a média no leste europeu; em 2000 ficaria ainda abaixo disso, apenas 6 por mil, uma melhora mais rápida do que a verificada em muitos países da Europa Central que haviam aderido à União Europeia;

6. Hoje, a taxa de mortalidade infantil em Cuba é de  5 por mil ;  um desempenho superior ao dos  EUA, segundo a ONU, e muito acima da média latino-americana.

7. Não só. A expectativa de vida da população cubana aumentou de 74 para 78 anos na década de 90, mesmo com a ligeira alta das taxas de mortalidade entre grupos vulneráveis nos anos mais difíceis.

8. Hoje, após 53 nos de embargo e 24 de fim do apoio russo, a ilha  ostenta uma das expectativas de vida mais altas do antigo bloco soviético e de toda a América Latina.

9. Não se subestime as terríveis privações, o custo humano,  econômico e político cumulativos. A solitária busca de uma luz em um túnel claustrofóbico, década após década, teve um preço alto.

10. A superlativa dependência da economia cubana em relação às exportações de açúcar para a Rússia era proporcional ao estrangulamento da estrutura produtiva cubana decorrente do bloqueio norte-americano.

11. A conta só fechava graças a uma cotação preferencial paga pelo Kremlin: uma libra de açúcar enviada à Rússia gerava US$ 0,42 em receitas a Havana; cinco vezes a cotação mundial do produto (US$ 0,09);

12. Até a derrocada do bloco comunista, as importações cubanas equivaliam a 40% do PIB; delas dependiam 50% do abastecimento alimentar da população e mais de 90% do petróleo consumido;

13. Mesmo com o permanente racionamento de tudo, de papel higiênico à energia elétrica,  o déficit comercial de US $ 3 bilhões tinha que ser refinanciado generosamente pela União Soviética;

14. Essa rede de segurança se rompeu abruptamente em janeiro de 1990 e sumiu por completo há 23 anos. As receitas propiciadas pelo açúcar cairiam em 79%: de US $ 5,4 bilhões para US $ 1,2 bilhão.  As s fontes de financiamento externo que mitigavam o embrago americano evaporaram.

15.Washington viu aí a oportunidade de bater o último prego no caixão de Havana. As sanções e represálias comerciais e financeiras contra países e instituições que facilitassem o acesso de Cuba ao crédito comercial foram acirradas. Deu certo: enquanto nos países do leste europeu, a transição pós-Muro (1991-1996) amparou-se em um fluxo de crédito externo da ordem de US$  112 dólares per capita/ano, em Cuba esse valor foi de US$ 26 dólares per capita/ano.

16. O resultado foi um dramático cavalo de pau no comércio exterior: Cuba caiu de uma das taxas de importações mais altas  do bloco comunista (de 40% do PIB), para uma das mais baixas (15% do PIB). Todas as tentativas de Havana de diversificar e ampliar seu leque de exportações foram inviabilizadas pelo embargo norte-americano.
Alguma surpresa pela gratidão emocionada de Fidel em relação a Chávez, que por anos a fio garantiu um fluxo de petróleo à ilha, na base do escambo, em troca de serviços médicos e sociais?

17. Ainda assim, a penúria foi de tal ordem, que o manejo puro e simples do racionamento não explica a sobrevivência do regime até a última quarta-feira (17/12) quando Obama e Raúl Castro anunciaram o reatamento das relações diplomáticas.

18. Quando o ferramental econômico já não respondia mais e patinava em círculos, Havana viu-se diante de duas escolhas: render-se ao lacto purga ortodoxo e rifar a ilha numa apoteótica rendição capitalista, ou apostar no seu derradeiro trunfo: a resposta coletiva liderada pelo Estado, ancorada em uma longa tradição de planejamento, mobilizações de massa, debate popular e participação das bases nas tarefas nacionais.

19. A opção escolhida instalou uma rotina de prontidão na ilha, como se a população vivesse permanentemente na antessala de uma catástrofe natural em marcha.

20. Cortes deliberados em serviços essenciais treinavam a sociedade para a defesa civil em mobilizações coordenadas envolvendo fábricas, escritórios, residências, escolas, hospitais.

21. A segurança alimentar básica foi planejada com disciplina férrea e mantida em condições de escassez extrema.

Cuba soçobrou, acumulou recuos.

O regime recorreu às forças extremas de sua organização política e social para enfrentar restrições equivalentes às de uma guerra, que se estendeu por meio século, a mais longa de que se tem notícia no mundo moderno.  

A sociedade cubana não se desmanchou, nem se rendeu.

É o que nos mostram as pinceladas rápidas extraídas da New Left.

Sem ilusões.

Cuba continua a ser uma construção inconclusa, que independe de suas próprias forças para se consumar.

Como tal enseja debate, comporta retificações e, sobretudo, cobra agendas desassombradas  – e não apenas em Havana.

O reatamento das relações diplomáticas com os EUA tende a ser um acelerador desse processo.

Mas ao contrário da rendição inapelável prevista nos prognósticos conservadores, Cuba pode surpreender de novo.

E frustrar seus coveiros, contribuindo para reinventar a transição rumo a uma sociedade mais justa e libertária no século XXI.

Nesse sentido, a ilha ainda tem algo de novo a dizer aos povos latino-americanos. E aos brasileiros, em especial, nesse momento particular.

A ver.

Abertura de Perus foi o sentido da minha vida, diz Luiza Erundina

Mais de vinte anos se passaram e Erundina recorda como enfrentou a identificação dos desaparecidos enterrados clandestinamente na vala
 
 
Jornal GGN - "Pelo menos o governo municipal não vai abrir mão dos resultados, desses encaminhamentos, temos que levá-los às últimas consequências, dure o tempo que durar, custe o tempo que custar. Isso que é importante, isso que nos dá vontade e certeza dos resultados desse esforço", disse Luiza Erundina, há 24 anos, quando era prefeita de São Paulo e decidiu enfrentar resistência, tabus da ditadura, e levar a cabo a identificação das ossadas de Perus.
 
Agora, a deputada federal assiste a essas imagens, com seriedade e o mesmo fôlego de 1990. Naquele ano, 1.049 sacos com ossos de mortos durante o regime militar foram encontrados na vala clandestina, localizada no cemitério Dom Bosco, na zona norte da cidade. Conhecendo as dificuldades que teria pela frente, defez-se da poltrona que o cargo executivo sustenta, separou botas de plástico - para o terreno irregular e dias de chuva - e liderou a responsabilidade, não apenas com ordens, mas com as próprias mãos. 
 
"Eu fui muitas vezes ao cemitério, porque a gente temia que a polícia baixasse por lá, clandestinamente, ou os interessados de apagar a verdade sobre aqueles crimes, sumindo com aquelas ossadas. Eu tive que ficar vigilante, eu, pessoalmente, além da minha equipe, da equipe policial", contou, em entrevista exclusiva ao Jornal GGN.
 
 
Com a grande divulgação e repercussão da descoberta, que provocou uma espécie de proteção e legitimidade para aquela tarefa, Erundina fechou parceria com o Estado de São Paulo para obter a estrutura de uma Universidade que guiasse o trabalho de perícia. Desde o primeiro momento, também preocupou-se em manter o máximo de acompanhamento possível de familiares e conhecidos dos mortos pela ditadura. E contou com os esforços do Ministério Público para responsabilizar publicamente o governo, pela ação da polícia de enterrar aqueles desaparecidos como indigentes. 
 
"Fizemos um convênio com o Estado, para poder usar os recursos científicos da Unicamp, e eles fizeram isso de forma muito competente e generosa. Eu agradeço a Deus de ter conseguido fazer isso [a parceria] antes do final do governo, porque senão tinham conseguido impedir que a verdade viesse à luz e os cadáveres devolvidos a seus familiares, como fizeram depois que eu sai da prefeitura", afirmou.
 
De fato, a negligência e o descaso com aqueles resquícios ósseos iniciaram com a saída de Luiza Erundina da prefeitura da cidade. Os avanços do médico legista da Unicamp, Fortunato Badan Palhares, com a identificação por sua equipe de seis desaparecidos políticos - Dênis Casemiro (1946-1971), Sônia Maria Lopes de Morais Angel (1946-1973), Antônio Carlos Bicalho Lana (1949-1973), Frederico Mayr (1948-1972), Helber José Gomes Goulart (1944-1973) e Emanuel Bezerra dos Santos (1943-1973) - ocorreu nos dois primeiros anos de pesquisa da Universidade.
 
A partir de então, uma sucessão de erros de Badan Palhares, denúncias de falta de cuidado no manejamento dos materiais, a falta de profissionais brasileiros capacitados para a específica medicina forense e a ausência de vontade política foram alguns fatores que paralisaram as descobertas.
 
Sob pressão dos familiares com o silêncio das investigações, as ossadas transitaram em diversas unidades de perícia: além da Unicamp, UFMG, Instituto Médico Legal da USP e Polícia Científica tentaram descobrir quem eram os corpos. Nesse meio tempo, foram armazenadas em locais impróprios, inclusive voltando a um cemitério, do Araçá, onde os ossos permaneceram em um columbário, sujeitos a fungos que prejudicam a preservação do material genético.
 
 
"Romperam [a prefeitura pós 1992] o convênio com o governo do Estado, a Unicamp perdeu as condições de continuar o trabalho, e por isso as ossadas ficaram sendo levadas para lá e para cá, se deteriorando, perdendo muito da qualidade do material para garantir condições favoráveis às análises. Foi graças ao empenho dos familiares, à dedicação, continuamos a militância, independente de eu estar ou não no mandato", explicou Erundina.
 
 
A ex-prefeita e atual deputada lembra que, mesmo após mais de vinte anos, o trabalho não foi concluído. Considera a paralisação das perícias uma consequência "de um governo de direita", ao se referir aos anos de gestão de Paulo Maluf (1993-1997). Mas recorda com orgulho a busca pelas respostas de Perus, no seu mandato. 
 
"Se eu não tivesse feito nada como prefeita de São Paulo, teria valido para tomar essa iniciativa, ter coragem de enfrentar as consequências, as ameaças, a possibilidade de fracasso, poderia não ter dado certo. E, no entanto, a partir da abertura dessa vala, novos arquivos foram se abrindo, inclusive em outros estados. Eu me sinto gratificada ao povo de São Paulo, de ter me dado um mandato, e agradeço a Deus a oportunidade de ter tido esse poder, e colocá-lo a serviço de uma causa, que tem sido para mim o sentido da minha vida."
 
Entrevista concedida a Patricia Faermann e Pedro Garbellini
Imagem e edição: Pedro Garbellini
Leia as outras reportagens da série “Ossadas de Perus, a difícil transição”.
*CGN
*Geraldo Célio Dantas Poderoso

Evo Morales: La caída de petróleo es una "agresión económica contra Rusia y Venezuela"


Morales: La caída de petróleo es una
REUTERS/David Mercado
En una entrevista a Telesur, el presidente de Bolivia Evo Morales asegura que la caída histórica del precio mundial de crudo no es un hecho casual sino una "agresión económica" y "conspiración abierta" contra Rusia y Venezuela.
En una entrevista para la cadena Telesur el mandatario boliviano Evo Morales afirma que la caída del precio de petróleo en los mercados internacionales de los últimos meses constituye "una clara agresión económica contra Venezuela y Rusia". Al mismo tiempo, el presidente advierte que "vamos a enfrentar esta agresión de manera conjunta" ya que "Bolivia también la ha vivido".
Según Morales, la bajada del precio del crudo no es casual: "Es una conspiración abierta". El presidente asevera además que EE.UU. trata de "tumbar" así a algunos países al no poder hacerlo con agresiones políticas. El mandatario pone el ejemplo de Argentina al recordar que los fondos buitres "representan una jugada del imperio en contra de los países del sur".
Evo Morales se encuentra en estos momentos en Buenos Aires, donde participará en la cuadragésimo séptima cumbre de jefes de estado de Mercosur.
*GilsonSampaio

domingo, dezembro 21, 2014

A vitória de Cuba

Chomsky: “Es bastante impactante que la sociedad de EE.UU. sea tan racista”

El historiador y filósofo Noam Chomsky opina que las recientes protestas de la comunidad afroamericana en EE.UU. casi se han convertido en un movimiento antirracismo y de justicia social, teniendo en cuenta que los principios fundacionales de EE.UU. son la esclavitud y el exterminio de la población indígena.

En una entrevista con la periodista Laura Flandes, donde abordó diferentes temas como la guerra en Irak y Siria, el capitalismo e influencia de China, el destacado lingüista habló sobre los recientes acontecimientos en Ferguson. “Esta es una sociedad muy racista. Es bastante impactante”, dijo al respecto Chomsky.
Además, Chomsky culpó a la guerra contra las drogas, a la que calificó “como una guerra racista”. “Ronald Reagan fue un racista extremo, no lo ocultaba, pero la llamada ‘guerra contra las drogas’, desde la vigilancia a una eventual salida de la cárcel, estaba diseñada para que fuese imposible que la comunidad masculina negra y, cada vez más mujeres, y más y más hispanos fuesen parte de la sociedad [estadounidense]“, sostuvo.
Chomsky señaló que hay algunos privilegios para las elites afroamericanas, pero no para la población en masa.
“Ellos han sido recriminalizados y convertidos en una fuerza de trabajo esclavo, que es el trabajo forzado”, concluyó Chomsky y añadió: “Esta es la historia de América. Y para salir de esto no basta con un pequeño truco”.
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*http://www.diario-octubre.com/2014/12/21/chomsky-es-bastante-impactante-que-la-sociedad-de-ee-uu-sea-tan-racista/

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