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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 14, 2010

Mais uma obra suspeita de Kassab: túnel da Sena Madureira



Vereador Antonio Donato

Na reunião da Comissão de Finanças desta quarta-feira, 10/11, o Vereador Donato apresentou três requerimentos, todos referentes às obras de interligação da Avenida Sena Madureira com a Avenida Carlos Jafet . Outra obra importante de Kassab que promete ser polêmica.
O primeiro pede que o Secretário do Meio Ambiente envie cópia do processo de licenciamento (EIA-RIMA) das obras, incluindo o material produzido em audiência pública realizada em 28/10/2010.
Moradores do bairro Chácara Klabin, que serão atingidos pelas obras, tiveram acesso ao estudo de impacto ambiental (EIA-RIMA), eles contrataram arquitetos e urbanistas para avaliarem o estudo. A conclusão a que chegaram é que o EIA-RIMA tem referências desatualizadas e não consta a existência de um condomínio na R Dr Barros Cruz.
Em reportagem publicada no Jornal da Tarde desta quinta-feira, 11/11, um dos arquitetos contratados pelos moradores, Eduardo Amorim, afirmou que o EIA-RIMA da obra não tem as características típicas de um EIA-RIMA, parece “uma peça para cumprir tabela”.
O relatório de impacto ambiental na verdade não mostrou uma avaliação correta sobre os impactos reais. O comitê de moradores da Chácara Klabin e Vila Mariana, que se reuniu por conta dessas obras, teme que além das desapropriações, outros problemas como o aumento do trânsito nas ruas locais do bairro e da emissão de gases e ruídos acabe com o bairro.
O segundo requerimento pede que SIURB (Secretaria de Infra-estrutura Urbana e Obras) envie cópia do projeto básico de interligação das avenidas.  De acordo com o traçado do projeto básico, 16 casas do condomínio que não aparece no EIA-RIMA e mais um prédio de 48 apartamentos deverão ser desapropriados para a execução das obras.  Esses imóveis custam entre R$ 1 milhão e R$ 1 milhão e 300 mil.
O terceiro requerimento convida o superintendente de projetos viários da SP-Obras para esclarecer as dúvidas geradas sobre o projeto na Comissão de Finanças da próxima quarta-feira. A presença ainda não foi confirmada.
O túnel de interligação da Sena Madureira tem problemas semelhantes aos das obras do Túnel da Roberto Marinho.

A mesma reportagem do Jornal da Tarde ouviu a Prefeitura que afirmou que não haverá desapropriações e que o projeto do túnel da Sena Madureira já foi alterado.  O projeto foi elaborado pela empresa Geometrica Engenharia e Projetos.
Na semana passada, o Vereador Donato apresentou um pedido de CPI para investigar contratos da Prefeitura com empresas que fazem projetos e gerenciam obras.
Desde 2005, 70 projetos foram contratados, pagos a preços absurdos, mas somente 16 deles viraram obras de fato. Em vários casos, os projetos são feitos e refeitos mais do que uma vez. É o que aconteceu com o túnel da Roberto Marinha e, parece, vai acontecer com este túnel da Sena Madureira.
A cada vez que um projeto é atualizado paga-se um custo altíssimo por isso. Vale dizer, que a Prefeitura tem uma empresa municipal para fazer esse tipo de serviço, a SP-Obras, com profissionais capacitados para elaborar projetos e gerenciar obras, mas tem optado por fazer contratos com empresas privadas.
*Luis Favre

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