Presente de grego
A revolta acompanhada do choro compulsivo ainda preserva um senso de justiça. "Não sou contra a instituição e o trabalho que eles fazem. Entendo tudo que tem que acontecer para um futuro melhor. Sou contra os maus policiais, que usam a farda para prejudicar gente trabalhadora", disse, aos prantos, Ronai Braga. Ele teve a casa, na Rua 16 da Vila Cruzeiro, arrombada por agentes da Polícia Civil, segundo vizinhos que o acompanharam na delegacia como testemunhas na hora de registrar a ocorrência. Além de destruírem os móveis da residência, na sexta-feira, os invasores levaram R$ 31 mil, que seriam dados como entrada de um apartamento que a família pretendia adquirir.
Com todos os comprovantes na mão — depósitos bancários, rescisão recente de contrato de trabalho após oito anos com carteira assinada em uma empresa, extratos de FGTS e declarações de Imposto de Renda —, Ronai parece querer provar que seu dinheiro é suado. Pais de dois meninos de 2 e 9 anos, o casal não suporta olhar o quarto das crianças, com os móveis quebrados e as roupas jogadas no chão.
A vizinhança do homem que atualmente trabalha como autônomo, pintando camisetas, relatou na delegacia que um dos policiais que entraram na casa era identificado no uniforme como Carlos A positivo - tipo sanguíneo tradicionalmente inscrito na farda dos agentes de segurança. Ronai completará 32 anos amanhã. "Olha que presente ganhei", diz.
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