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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 11, 2010

Mais do que desvalorizar o real, é preciso valorizar o dólar


Presidente Lula e a presidente eleita, Dilma Rousseff, com o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, na sede do governo coreano, em Seul. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Viagens internacionaisNo momento atual de crise cambial que o mundo enfrenta, o Brasil está menos preocupado com medidas a serem tomadas para desvalorizar o real do que com as medidas que os americanos tem que tomar para valorizar o dólar, revelou o presidente Lula nesta quinta-feira (11/11) em entrevista coletiva realizada para jornalistas brasileiros e coreanos em Seul, Coreia do Sul, onde se encontra para participar da reunião de cúpula do G20. Após a entrevista, o presidente seguiu para o Museu Nacional da capital coreana, onde está sendo realizado o jantar de trabalho dos Chefes de Estado e de Governo do G20, sob o tema Economia Global e Parâmetros.

Para Lula, é importante encontrar um equilíbrio entre os interesses de cada país para que as decisões tomadas no G20 não representem apenas os anseios das nações mais ricas do mundo, sem levar em conta as necessidades e interesses dos demais países, que têm economias menores e mais frágeis. “Tem que ter um mínimo de conforto e isso só é possível se houver equilíbrio. Não pode ficar cada um tentando resolver só o seu problema, sem levar em conta os reflexos na política de outros países”, disse o presidente brasileiro, que antes da entrevista se encontrou com o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, na sede do governo coreano, acompanhado da presidente eleita Dilma Rousseff, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia), o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, o governador Cid Gomes (Ceará) e o embaixador brasileiro em Seul, Edmundo Fujita.

Veja o vídeo do encontro de Lula e Dilma com o presidente coreano:

Cada divergência que a gente descobrir (na reunião), nós temos que colocá-la na mesa e negociar, para descobrir o ponto de equilíbrio que precisamos ter, para que o presidente Obama se sinta confortável com a política americana, que o presidente Lula se sinta confortável com a política brasileira, e assim por diante. (…) Nós não podemos, enquanto maiores economia do mundo, tomar uma decisão apenas pensando em nós no G20 sem levar em conta os reflexos que isso pode trazer em outros países que não estão aqui, que são menores, de economias mais frágeis. O G20 não é para cada um se salvar, cada um pra si, e Deus por todos. Não. É todos por todos, e Deus por todos. Somente assim é que vai dar certo.

Ouça aqui a íntegra da declaração do presidente Lula na entrevista coletiva:

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