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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, novembro 09, 2010

Martinho da Vila e o ENEM / skaf tirou a máscara socialista

O Pequeno Burguês
Martinho da Vila
Felicidade!
Passei no vestibular
Mas a faculdade
É particular
Particular!
Ela é particular
Particular!
Ela é particular...
Livros tão caros
Tanta taxa prá pagar
Meu dinheiro muito raro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar...
Morei no subúrbio
Andei de trem atrasado
Do trabalho ia prá aula
Sem jantar e bem cansado
Mas lá em casa
À meia-noite
Tinha sempre a me esperar
Um punhado de problemas
E criança prá criar...
Para criar!
Só criança prá criar
Para criar!
Só criança prá criar...
Mas felizmente
Eu consegui me formar
Mas da minha formatura
Não cheguei participar
Faltou dinheiro prá beca
E também pro meu anel
Nem o diretor careca
Entregou o meu papel...
O meu papel!
Meu canudo de papel
O meu papel!
Meu canudo de papel...
E depois de tantos anos
Só decepções, desenganos
Dizem que sou um burguês
Muito privilegiado
Mas burgueses são vocês
Eu não passo
De um pobre coitado
E quem quiser ser como eu
Vai ter é que penar um bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado...


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O buraco é mais embaixo

Skaf, sem a roupa de socialista: imposto, não!
Já sem a fantasia de socialista que vestiu na campanha eleitoral, Paulo Skaf, o presidente da toda poderosa Fiesp, retomou, para uma plateia formada por empresários os mais variados, o seu velho discurso neoliberal.
No seu cardápio, o prato mais trivial é o combate a qualquer coisa que se assemelhe a imposto.
Como se sabe, empresários detestam os impostos, não porque, como falam, ele "trava os investimentos", mas simplesmente porque refreia os lucros. E, mais uma vez, a fúria de Skaf voltou-se à CPMF, que vários novos governadores querem recriar e que ele, numa campanha violenta, ajudou a derrubar em 2007.
"Há algumas pessoas sonhando que o R$ 1 trilhão previsto para ser arrecadado para os cofres do governo federal em 2011 talvez seja pouco e andam sonhando com a criação de impostos ou contribuições. O recado que dou a elas é que tenham cuidado porque nós vamos fazer com que esses sonhos virem pesadelos", disse um entusiasmado Skaf segunda-feira na abertura do Congresso Indústria 2010, em São Paulo.
Skaf, que apesar de dirigir a Fiesp é um "sem-indústria" (a empresa têxtil que tinha fechou as portas em 2001, afundada em dívidas com a Previdência, que ele tentou quitar por meio dos generosos programas de parcelamento de débitos lançados tanto pelo governo FHC quanto pelo de Lula), talvez tenha carregado na oratória ainda sob os efeitos da adrenalina acumulada na campanha eleitoral. O fato é que foi entusiasticamente aplaudido por seus pares, o que demonstra o quão difícil será recriar algum imposto para a saúde.
É que nessas questões tributárias não há espaço para socialismo de nenhum tipo em Skaf. E não é apenas com a CPMF a sua briga.
A insuspeita colunista Monica Bergamo registrou em sua coluna da Folha, em 2007, uma cena envolvendo esse nosso líder empresarial e o médico Adib Jatene, que, quando ministro da Saúde no governo FHC, teve a ideia de criar o imposto para a saúde. Vamos ao seu didático relato:
 
"Dedo em riste, falando alto, o cardiologista Adib Jatene, “pai” da CPMF e um dos maiores defensores da contribuição, diz a Paulo Skaf, presidente da Fiesp e que defende o fim do imposto: 'No dia em que a riqueza e a herança forem taxadas, nós concordamos com o fim da CPMF. Enquanto vocês não toparem, não concordamos. Os ricos não pagam imposto e por isso o Brasil é tão desigual. Têm que pagar! Os ricos têm que pagar para distribuir renda.'
Numa das rodas formadas no jantar beneficente para arrecadar fundos para o Incor, no restaurante A Figueira Rubaiyat, Skaf, cercado por médicos e políticos do PT que apóiam o imposto do cheque, tenta rebater: 'Mas, doutor Jatene, a carga no Brasil é muito alta!'. E Jatene: 'Não é, não! É baixa. Têm que pagar mais.' Skaf continua: 'A CPMF foi criada para financiar a saúde e o governo tirou o dinheiro da saúde. O senhor não se sente enganado?' E Jatene: 'Eu, não! Por que vocês não combatem a Cofins (contribuição para financiamento da seguridade social), que tem alíquota de 9% e arrecada R$ 100 bilhões? A CPMF tem alíquota de 0,38% e arrecada só R$ 30 bilhões.' Skaf diz: 'A Cofins não está em pauta. O que está em discussão é a CPMF.' 'É que a CPMF não dá para sonegar!,' diz Jatene."
Pois é, o doutor Jatene sabe das coisas. Com a CPMF não dá para sonegar. E isso é muito, muito ruim para os nossos empresários.
*comtextolivre

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