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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 10, 2010

Uma nova moeda padrão em substituição ao Dólar


O dólar definitivamente furado
Atenção! Há poucas horas, em Seul, o ministro da Fazenda, Guido Mantega  formalizou a proposta  de criação de uma nova moeda padrão em substituição ao Dólar.

Mundo Financeiro e os próprios norte-americanos já concluíram que o Dólar tornou-se  imprestável como  moeda padrão. Por isso, nesta reunião dos G-20 (as vinte maiores  economias do Planeta), que se inicia  hoje em Seul, será proposta a criação de uma nova moda padrão. O Brasil e a China já  haviam sugerido , há oito meses,  que esta  nova moeda, de transição e usada apenas nas transações comerciais entre  países, fosse administrada (emitida) pelo  FMI.

Nas primeiras três décadas do século a  Grã Bretanha  vai cedendo o posto de  primeira potência mundial para os  Estados Unidos. Com o fim da Guerra, em 45, os EUA  emergem como a maior potência indiscutida. A partir de 1949, quando detona  seus primeira  bomba atômica,  a ex-União  Soviética contesta militarmente essa hegemonia norte-americana, até derreter no início dos anos  80, vítima  de sua própria ditadura burocrática e idiotizada.
Em 11 de Setembro de e 2011 (início da  Grande Crise), vitimas de sua cobiça desenfreada e da leitura equivocada da  teoria econômica liberal, os Estados Unidos  consumaram sua decadência e  sua  hegemonia passou a depender exclusivamente de seu descomunal arsenal militar. Mas o Mundo já vive uma fase de poder multipolar.
Isto, para dizer, em poucas linhas, que o Dólar perdeu as condições mínimas elementares para  se manter como  moeda padrão aceita universalmente como valor  de referência nas trocas comerciais. O Dólar está definitivamente furado, porque  perdeu fidúcia que no jargão bancário quer dizer, simplesmente, credibilidade.
Em que diz isso, querido  leitor, não sou eu, mas nada menos  que o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick que em artigo do último dia 8, no Financial Times propôs a volta do Padrão Ouro ao sistema monetário internacional. A proposta, diga-se, além de inusitada é ingênua, porque qualquer especialista sabe que todo o ouro do Mundo, fundido em barras, cabe nos porões de um cargueiro de porte médio. Ou seja , por uma  simples questão de volume, o ouro é incompatível com tão  gigantesca  tarefa.
Aliás, está  incompatibilidade foi declarada pelos  próprios  norte-americanos, quando, em 1971, Richard Nixon, rompeu  unilateralmente com  o Padrão Ouro  e reconheceu implicitamente que as reservas  americanas do metal, depositadas no famoso Fort Knox  não eram suficientes para dar lastro à moeda em circulação.
Sobre o mesmo tema, leia também as colunas Última Hora e Para Entender a Crise. 

*grupobeatrice

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