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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 27, 2011

Crime contra a humanidade: OTAN destrói suprimento de água líbio


arte de Carlos Latuff
Infâmias


por Chico Villela


Numa demonstração de covardia, impunidade e sanha criminosa, a OTAN acaba de destruir o sistema e as instalações de abastecimento de água e a indústria de equipamentos do maior sistema de irrigação do mundo, criado pelo governo Gaddafi.

A destruição, que nega as falsas postulações de uma ONU emasculada e fútil de “proteção da população civil”, compromete o futuro do país e de mais de 70% da população líbia, que recebe água desse sistema.

Os atentados na Noruega atingiram um governo que apóia causas nobres mundo afora, prometeu reconhecer o Estado Palestino e vem retirando de sua planilha de investimentos as empresas israelenses responsáveis por construir colônias em ocupações em território palestino. Foi obra de ativistas de extrema-direita, que odeiam islâmicos e fazem reverências a Israel.

Mas a Noruega também está presente com tropas no Afeganistão, entre outros Estados membros da OTAN. Essa dubiedade vem acompanhando todas as manifestações armadas de uma Europa mergulhada em crises e que nem sequer dá conta mais de seus próprios terroristas.

O crime cometido agora pela OTAN na Líbia certamente será responsável por centenas de milhares de mortes. A carência de água é hoje a principal causa de mortes, por exemplo, de crianças em todo o planeta, seja pela sua simples falta, seja pelo uso que se passa a fazer de fontes de água contaminadas e impróprias para uso humano e das doenças que acarretam.

Os fatos abrem novas janelas sobre a atual Europa. Devastada por duas guerras gigantescas provocadas por seus próprios povos no século passado, a Europa, hoje alinhada a um império exponencialmente assassino e em acelerada decadência, mostrou-se incapaz de encontrar caminhos novos após sua trajetória colonial genocida, suas práticas militaristas assassinas e suas instituições corrompidas.

Os atentados em Oslo e na ilha vizinha em nada se diferenciam da última cartada genocida e repelente da OTAN, da qual a Bélgica, anote-se mais uma vez, faz parte. Criminosos loiros de olhos azuis estão nos dois lados dos crimes. O norueguês assassino de seu povo acha-se entre grades, será processado e condenado. Os criminosos loiros de olhos verdes que chefiam a OTAN ainda estão soltos, mas apenas matam povos não europeus. Ora, esses são “matáveis” sem dores de consciência e sem imprensas. Mas seus crimes são muito, muito, muito mais hediondos que os dos amadores solitários que matam menos de 100 pessoas. No Iraque já morreram mais de 1 milhão 400 mil pessoas.

Quem são os terroristas do século XXI?


Fonte: NovaE
*amoralnato

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