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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 22, 2011

Projeto de privatização do ensino paulista caminha a passos largos, e o PIG paulista, como não poderia deixar de ser, a$$ina embaixo

Privataria sem limites, mas com vários disfarces, e muitos cúmplices.  

Corre pelo esgoto do PIG paulista uma tal pesquisa que diz que colégios que adotam apostilas produzidas por cursinhos pré-vestibular e afins, como as do Anglo (recentemente comprado pela Abril, da famiglia Civita) melhoram o desempenho dos alunos. 
Quem fez a pesquisa em discussão foi uma tal Fundação Lemann. Fui pesquisar que fundação é essa e descobri que a mesma pertence a Jorge Paulo Lemann, dono da AmBev, a maior cervejaria do mundo. 
A fundação desse senhor se dedica a distribuir bolsas de estudo, para estudo no Brasil e no exterior. Notem que é gente que não tem nada a ver com a educação, o senhor Lemann, segundo homem mais rico do Brasil, e 55º do mundo, parece não estar satisfeito com seus negócios etílicos, e agora quer faturar também no ramo educacional. 
Falo com conhecimento de causa que apostilas de cursinho não tem compromisso algum com o ensino de qualidade, são limitadas, não estimulam a reflexão, apresentam desvios ideológicos. Foram concebidas para atender a classe média branca, clientela (esta é a palavra) dos cursinhos de grife, como o Anglo. Ao entrar no ensino Fundamental e Médio, a essência permanece mesma. 
E tem mais, essas apostilas amarram o trabalho do professor, são didaticamente ruins, seu conteúdo é pasteurizado, massificado e massificante. 
A pergunta que se coloca é a seguinte: quais critérios didáticos serviram de justificativa para a adoção dessas apostilas? Ou a justificativa se encontra apenas na esfera econômica? Assim sendo, a educação passa a ser oficialmente reconhecida como um negócio, como o fez o presidente chileno, Sebastián Piñera?
E tem mais, o primeiro passo é terceirizar o material didático, o segundo será terceirizar o serviço dos profissionais da educação, que serão provavelmente loteados (essa é a palavra) entre meia dúzia de corporações mafioeducacionais. Vejam quais são as concepções pedagógicas da Fundação Lemann, parceira dos cursinhos no assédio a educação pública paulista e nacional. 


Missão 


• Contribuir de forma relevante para modernizar a gestão dos sistemas públicos de ensino no Brasil, com o objetivo de melhorar o desempenho dos estudantes nas avaliações externas internacionais, aproximando-os dos alunos de países mais desenvolvidos (OCDE)



• Oferecer oportunidades excepcionais de desenvolvimento pessoal e profissional a indivíduos com alto potencial



Visão 


Estabelecer-se como referência para investidores sociais privados no setor de gestão da educação pública e, com isso, atrair uma rede de investidores com o mesmo perfil



• Apostar em jovens com grande efeito multiplicador que possam perpetuar o investimento inicial da Fundação





Mais claro que isso é impossível, o grifo acima foi meu. Fiquei intrigado com a expressão "indivíduos com alto potencial", na faculdade de licenciatura aprendi a não nivelar os alunos, tratando todos com igual atenção, privilegiando os de menor rendimento. 
O segundo ponto embaralhou minha cabeça, "estabelecer-se como referência para investidores sociais privados no setor de gestão da educação pública". Assim sendo, a educação pública se converte numa grande oportunidade de investimentos para o setor privado. Mais uma vez, quais são os critérios, pedagógicos/educacionais ou econômicos? A sociedade necessita de fato desses serviços? 
Segundo a LDB:  "A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público". 
Esse repasse de verbas pertence a toda a sociedade, não obstante, em estados como São Paulo, começa ser drenado para os bolsos do grande capital. Esse tipo de coisa está acontecendo com todo o setor público paulista, "Estado mínimo" é só para o povo e para o funcionalismo público, para os tucanos e Cia é "Estado nosso, tudo nosso".


PS: Bem que blogueiros mais abalizados como a Maria Fro e seu Cloaca poderiam dar uma investigada em mais essa bandalheira dos tucanos.
*cappacete

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