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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, julho 24, 2011

Oslo e coincidências

Sanguessugado do Informação Incorrecta
Ainda pouco sabemos acerca do atentado de Oslo.
Uma afirmação esquisita: afinal conhecemos o número dos mortos (92 vitimas), as modalidades e temos até quem já confessou o crime (o simpático Anders Behrin Breivik).
O que falta? O movente? Não, temos o movente: temos um movente de 1.500 páginas, escrito pelo mesmo Anders.
2083 Declaração de Independência Europa
Neste memorial, Anders explica que está a preparar o atentado desde o Outono de 2009.
Pormenorizado, nele invoca o uso do terrorismo como forma de "acordar" as massas e avança que será lembrado como o pior monstro desde a Segunda Guerra Mundial.
Não falta nada: símbolos celtas, traços dos Templários, a pesquisa do Sagrado Cálice, a cruz de Jerusalém.
Como se isso não fosse suficiente, Anders deixa fotografar-se com o traje maçónico (difícil imaginar um chamariz melhor: milhares de sites e blogues têm agora material para os próximos meses), declara ser profundamente cristão, anti-muçulmano, ex membro dum partido de Direita.
Por isso comprou seis toneladas de fertilizante, para confecionar as bombas.
Tudo certo, tudo resolvido então?
Não.
Em primeiro lugar: Anders não agiu sozinho: quem sobreviveu aos ataques afirma que a disparar foi mais do que uma pessoa.
Mas nem este é o ponto mais importante: o que deve ser realçado é que mudam as cores, mudam as ideias, mas os métodos, após 10 anos, continuam a ser os mesmos: um louco, mais provavelmente alguns loucos, que com bombas e armas semeiam morte entre inermes cidadãos, com motivações religiosas.
Que depois estas "motivações" não tenham fundamentos e que tanto o alegado terrorismo muçulmano quanto o cristão estejam contra os princípios das respetivas religiões, isso não interessa: o que conta e rotular.
O mero acaso
Depois há uma série de factores adicionais que vale a pena lembrar.
A Noruega é um dos Países (primeiro na Europa) que anunciou o voto favorável à criação dum Estado Palestiniano na votação na ONU, no próximo Setembro. Mas esta é uma coincidência.
A Noruega anunciou o retiro das suas tropas da Líbia. Também esta é uma coincidência.
A Noruega, por questões éticas, no ano passado impediu que duas empresas israelitas participassem na exploração dos poços petrolíferos no Mar do Norte. Esta parece mesmo uma coincidência.
A Noruega alcançou nos últimos anos importantes acordos comerciais com a Rússia no âmbito da exploração do gás e do petróleo no Ártico e no Iraque (13 mil milhões de barris), ultrapassando as ofertas das empresas americanas. Olha: uma coincidência!
O Sosialistisk Venstreparti Partido Socialista de Esquerda), que faz parte da coligação de governo, apresentou uma proposta na qual é pedida uma acção militar contra Israel no caso este decida intervir militarmente contra Hamas em Gaza. Como se chama esta?...Talvez "coincidência".
Jonas Gahr Støre, Ministro dos Negócios Estrangeiros, ao longo da semana passada visitou um campo de Verão da juventude laburista e pediu que o muro de Jerusalém seja abatido. O campo era o da ilha de Utoya. Isso só pode ser uma coincidência.
Apenas indícios, não provas, que mostram que como primeira vitima da "vaga fundamentalista cristã" foi um dos Países europeus mais críticos contra Israel e um dos que mais olham para Leste (a Rússia) nas questões económicas. E não pensem mal, pois esta não passa duma coincidência.
O modus operandi
Em primeiro lugar temos a versão dos media: Anders teria feito explodir os prédios (num dos quais o escritório do Primeiro Ministro), depois teria alcançado a ilha de Utoya para acabar com uma carnificina, sozinho, sem encontrar resistência.
Com o risco de matar os dois filhos do Primeiro Ministro, presentes na ilha, por uma terrível coincidência..
Depois, e ainda uma vez, eis o factor "coincidência": um atentado e uma excitação. 48 horas antes, núcleos antiterroristas da polícia atacavam um prédio no centro da cidade, perto do Teatro da Opera, com bombas e armas. Mas esta é, evidentemente, uma coincidência.
Nazismo? Chamem Washington!
Para acabar, temos o culpado.
Como afirmado, um homem de 32 anos que estreia um novo terrorismo, o terrorismo cristão de extrema Direita.
Bin Laden morreu? Foi uma vitória dos Estados Unidos que assim conseguiram debelar uma das raízes do mal. Por isso já não há atentado islâmicos.
Mas não há tempo para descansar: desaparecida uma ameaça, eis que surge um novo mostro.
Desta vez não tem os traços orientais, este é um mostro que vive entre nós, é por isso até mais perigoso. Em comum tem os métodos (as bombas, as armas) e a religião (cuidado, cuidado com a religião!), mas o resto é um produto 100% ocidental: neo-nazismo.
E onde há neo-nazismo há anti-semitismo.
Sem dúvida: é o caso de pedir ajuda aos Estados Unidos, outra vez.
Para acabar, sem alguém gostar destas coisas, é bom lembrar que o atentado foi executado no dia 22/07 (22+7=11).
relatado no blog de Gilson Sampaio podem encontrar mais informações acerca do binómio Noruega-Israel.
No resto do Mundo, entretanto...
Isso na Europa.
Nos Estados Unidos, entretanto, pelo menos cinco pessoas morreram e quatro ficaram feridas no Texas, num ataque realizado por um homem numa festa de aniversário que decorria numa pista de gelo. O ataque ocorreu ontem e o atirador acabou por suicidar-se.
Razão? Uma disputa familiar.
Parabéns a Vocês.
E no Yemen, um bombista suicida atacou um campo militar na cidade de Áden, no Sul do País, detonando explosivos numa carrinha quando duas viaturas militares saíam do local. Morreram sete pessoas e 18 ficaram feridas.
Mas estes são Muçulmanos, gente violenta, portanto não interessa.
Ipse dixit.
Coincidência achada pelo bloguezinho mequetrefe.
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