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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 03, 2011


Dirceu e Veja apressam a Ley de Medios.
Que é de “óbvio interesse público”

O PT simancou
No espaço do Clóvis Rossi na pág. 2 da Folha (*), lê-se que a “reportagem” da Veja sobre José Dirceu merecia ser publicada por ser de “óbvio interesse público”.

Como quem define o “interesse público” é o notável colonista (**) que ocupa o lugar do Rossi, fica assim combinado:

Tudo o que o News of the Veja World publicou era de “interesse público”, segundo o News of the Veja World.

Inclusive as gravações da família da menina morta.

De óbvio interesse público – segundo o Murdoch.

Nesta semana, a Veja reincide e publica as mesmas fotos da semana passada com Sérgio Gabrielli e Fernando Pimentel.

Na verdade, ao “voltar ao local do crime”, a Veja pesa a mão no Sergio Gabrielli, já que a Petrobrás é um dos alvos preferidos do PiG (***), desde Assis Chateaubriand, Roberto Marinho e Bob Fields.

Na abertura do Congresso do PT em Brasília – está na Folha (*), pág. A14 -, todas as correntes – e são muitas – do Partido apoiaram Dirceu.

Lula e Dilma também.

Dirceu foi ovacionado.

O Nunca Dantes e a Dilma (o que é raro) espinafraram o PiG (***).

E, na pág. A8 do Estadão, o presidente do partido, Rui Falcão, volta a pregar uma Ley de Medios e insiste numa tese que o Ministro Bernardo – aquele que tem medo da Globo – parece ter guardado na mesma pilha em que repousa, adormecida, a Ley de Medios que o Franklin Martins lhe entregou.

É a tese de que político não pode ser dono de emissora de tevê.

Caiu a ficha do PT.

Finalmente, com a “reportagem” da Veja sobre Dirceu, o PT simancou: “sem uma Ley de Medios, o Berlusconi ganha a eleição de 2014”.

Ou simancou ou percebeu que o ambiente político, agora, com a ajuda da Veja, é favorável.

(Não há um único órgão de imprensa – com exceção “óbvia” da Folha – que tenha defendido o “método” Veja.)

José Dirceu vai processar a Veja, assim que ficar mais clara a natureza do crime cometido.

O líder do PT na Câmara, Candido Vacarezza, se viu na obrigação de notificar a Polícia Federal, já que o Zé, o Zé, o Ministro da Justiça, não se coçou.

É provável que Dirceu não queira misturar Ley de Medios com Veja.

A Veja é um caso de polícia.

Sem dúvida.

E a Ley de Medios é um caso da Democracia.

(E não apenas do PT ou da Dilma.)

Mas, não tem alternativa: a Veja apressou a Ley de Medios.

Expôs o cadáver na sala.

O fedor começa a se espalhar.

(Quando o Eugenio Bucci e o Fabio Barbosa começarão a “reverter seus valores” ?)

E a D. Judith Brito, ganhadora do Prêmio Barão de Itararé do ano retrasado (ela não foi buscar) ?

A verdadeira líder da oposição na campanha de 2010 ?

Cadê a D. Judith ?

Vai ficar quieta ?

Ou acha também que a Veja fez muito bem, porque aquelas imagens são de “óbvio interesse público” ?

D Judith, a senhora se hospeda no Naoum ?


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (***) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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