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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 17, 2011

Índio da Costa, o político 10 real


Índio da Costa reapareceu no noticiário com mais uma de suas ideias geniais. Depois de conversar com o cacique Jilberto Caçab, ele resolveu promover um curso relâmpago para potenciais vereadores do PSD no Rio de Janeiro. Entre os interessados, compareceram desde juízes de futebol (cansados de serem chamados de “fdp” e “ladrão”) a passistas de escola de samba (que só têm emprego garantido no mês de fevereiro).
O sucesso foi tanto que Índio da Costa já planeja lançar o curso à distância, especialmente para blogueiros “independentes”, tuiteiros profissionais, marqueteiros políticos e especialistas em “social media”.
O que foi realmente espantoso foi o preço do curso. Eu já tinha ouvido falar de artista “déiz real”. Já tinha ouvido falar até em jornalista “déiz real”. Mas vereador “déiz real” é novidade. Aliás, uma novidade preocupante para os cofres públicos, já que o vereador “déiz real” é treinado para roubar “déiz milhão de real”…

Com Trágico e Cômico de Diogo Salles do JT

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