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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 18, 2011

Manifestantes ocupam Wall Street



Centenas de manifestantes se reuniram neste sábado no sul de Manhattan com o objetivo de ocupar as ruas do centro financeiro de Wall Street durante meses, inspirados pelos protestos da primavera árabe e dos indignados na Espanha.

Por volta do meio-dia em Nova York (13h em Brasília), dezenas de pessoas começaram a concentrar-se no parque Bowling Green, onde se encontra a famosa escultura do touro símbolo de Wall Street.

Com o lema "Agarre o touro pelos chifres" em seus panfletos, os organizadores do movimento "Occupy Wall Street" buscavam atrair cerca de 20 mil pessoas em um acampamento, e montar barricadas pacíficas para ocupar o local por alguns meses, segundo a declaração de objetivos divulgada no site do movimento.
"Como nossos irmãos e irmãs no Egito, Grécia, Espanha e Islândia, planejamos usar a tática revolucionária de ocupação em massa para restaurar a democracia nos Estados Unidos", afirmam os organizadores.

A campanha, iniciada por ativistas anônimos e respaldada pela revista canadense sem fins lucrativos "Adbuster", ganhou apoio do grupo anarquista Anonymous, conhecido por seus ataques piratas online, que se ofereceu a transmitir ao vivo o acontecimento na Internet.

A base do protesto é a isenção de impostos dos maiores acumuladores de riquezas do país, em contraponto com as altas taxas pagas pela população. "O que temos em comum é que somos 99% da população que não tolerará mais a cobiça e a corrupção do outro 1%", diz a declaração de intenções.

O Departamento policial de Nova York, que fechou o tráfego das ruas principais do distrito financeiro, não ofereceu por enquanto números oficiais de manifestantes, embora vários veículos da imprensa tenham citado centenas de pessoas.

Na rede social Twitter, a tag #occupywallstreet, transformada em uma das mais populares do dia desde a manhã, foi substituída horas mais tarde por #takewallstreet, depois que os organizadores da campanha denunciaram o bloqueio da primeira.

A maioria dos presentes, segundo o site oficial, eram "jovens, bem educados e mal pagos", que não buscam a violência e têm "o interesse de devolver os Estados Unidos nas mãos dos cidadãos individuais". O grupo planeja organizar concentrações similares em outros pontos do país, sendo a próxima no dia 6 de outubro em Washington.

*esquerdopata

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