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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 16, 2011

Manifesto contra a corrupção da mídia

Duas manifestações, em São Paulo e no Rio de Janeiro, marcarão, sábado (17), a luta dos movimentos pela democratização da comunicação. Intitulada Ato Contra Corrupção da Mídia, a mobilização é organizada pelo Movimento Sem-Mídia (MSM).
Em São Paulo, foi convocado via Facebook e ocorrerá no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, às 14 horas. Até ontem, 1.150 pessoas haviam confirmado presença.
No Rio, a atividade será na Cinelândia (entorno da Praça Floriano), região central da cidade, a partir das 17h. Mais de 150 confirmaram participação.
Segundo o empresário Eduardo Guimarães, criador do MSM e autor do Blog da Cidadania, o objetivo é protestar contra a corrupção da mídia, sobretudo depois das manifestações contra a corrupção ocorridas no dia 7 de setembro, instigada pela própria grande imprensa conservadora, que está entre os maiores responsáveis pela corrupção no Brasil.
Munidos de faixas e carro de som, os manifestantes prometem levar a todos presentes a bandeira por um marco regulatório da comunicação, além de denunciar a grande mídia, que só vem noticiando corrupção dos políticos do PT e aliados, ignora a dos governos de outros partidos. “A mesma mídia que denúncia corrupção só no governo do Partido dos Trabalhadores e entre seus aliados, omite-se, criminosamente, em denunciar a corrupção em governos estaduais e municipais do PSDB”, disse Eduardo Guimarães.
O MSM surgiu, em 2007, nesse contexto de combate à hegemonia imposta pelos grandes veículos de comunicação no país. Dois anos depois, organizou o Ato contra a Ditabranda da Folha de S. Paulo, em 15 de março de 2009. “No ano passado, enviamos representação ao Ministério Público Eleitoral contra os institutos de pesquisa que se acusavam de fraude em sondagens sobre a disputa para presidente. O MPE determinou à PF que abrisse inquérito e logo depois as pesquisas começaram a convergir”, lembrou Eduardo.
Marco regulatório não é censura
O marco regulatório da comunicação pode impedir, por exemplo, o monopólio que, apesar de ser inconstitucional, se configura no mercado nacional. Também pode inibir a propriedade cruzada, quando se vê proprietários de jornais comandando também rádios e TVs. Além disso, os pequenos ficam de fora, como as rádios comunitárias, que precisam ter seus espaços garantidos. Também é importante consolidar um sistema público, que tenha capacidade de gerar conhecimento e democratizando o acesso à informação, fazendo-o chegar aos mais diversos municípios do Brasil.
Para o jornalista Altamiro Borges, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, é preciso agir e jogar luz na discussão. Ele admite que a imprensa alternativa, que vem se fortalecendo nos últimos anos a partir do sites, portais e blogs na Internet, não tem a força dos grandes veículos tradicionais e conservadores. Mas, deixar de fazer algo para mudar o contexto atual é a pior saída.
“É uma briga de David e Golias. Temos pouca munição. Vai ter que jogar pedrinhas. Enquanto eles lutam com a força hegemônica de um canhão, nós temos que usar da inteligência para nos esquivar e atingir o objetivo. É como em uma guerrilha. A outra forma seria não fazer nada, e essa seria a pior coisa”, afirmou Altamiro, que também mantém um blog de notícias.

Com Portal Vermelho

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