O “agá” das montadoras
Cuidado, pessoal. A conversa mole das montadoras de que não estão suportando a situação e que vão demitir é, acima de tudo, pressão para que a redução de impostos anunciada pelo Governo venha sem as contrapartidas de agregação de conteúdo nacional à indústria e aos investimentos em inovação e eficiência energética.
Em primeiro lugar, um setor em crise não aumenta, em sete meses, em 22% suas remessas de lucros e dividendos às matrizes no exterior, não é? Pois foi exatamente isso que as indústrias automobilísticas fizeram este ano.
Depois, a concorrência dos importados – realmente um caso sério – está sendo resolvida naturalmente pela recuperação de um valor mais realista para o dólar. O preço dos carros importados, em dólar, subiu 11%, o que não é pouco, desde o final do mês passado.
Terceiro, porque foram as próprias montadoras, através de seus bancos corporativos, quem reduziu a concessão de financiamentos para a compra de veículos novos.
Estes temas são analisados no artigo que escrevi hoje no Projeto Nacional, onde também está essa reportagem de Heloisa Villela, da TV Record, reproduzida em vídeo, acima.
Mas é muito interessante ver que, dois meses atrás, o jornalista Ricardo Meier, do IG, já chamava a atenção para como as “contas” das montadoras não batiam, a partir de um estudo, divulgado pelos fabricantes de veículos, onde salário do trabalhador (claro, né?) e impostos eram os vilões do preço alto dos veículos.
Leia só:
“(…)a Toyota vende na Argentina o Corolla XLi produzido no interior de São Paulo por aproximadamente R$ 36.100 contra R$ 63.500 cobrados dos clientes aqui.
Tanto o México quanto a Argentina têm isenção de impostos com o Brasil, ou seja, basicamente trata-se da diferença de impostos cobrados em cada país e mais o custo do frete, sobretudo para o primeiro.
Segundo outro estudo feito pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) e divulgado por um artigo publicado na revista Autoesporte, a carga tributária do automóvel brasileiro equivale a cerca de 30% do preço. A grosso modo, o Corolla citado acima teria um custo de produção em torno de R$ 40.000, ou seja, acima do preço cobrado na Argentina. Se a lógica da Anfavea fizesse sentido, os veículos produzidos no Brasil não poderiam ser exportados porque custam mais para produzir do que o preço cobrado no exterior. Ou se trata de filantropia ou há algo de muito errado nessas contas.”
*Tijolaço
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