Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 07, 2011

Reforma Agrária para acabar com conflitos no campo

O fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, 46, acusado de ter encomendado a morte da missionária Dorothy Stang em 2005, foi preso ontem após se entregar na delegacia de Altamira (PA).
O mandado de prisão preventiva foi expedido pelo Tribunal de Justiça do Pará, que havia julgado pela manhã um recurso do acusado.
Conhecido como Taradão, ele foi condenado no ano passado a 30 anos de prisão e era o único dos cinco réus do processo que estava solto, devido a um habeas corpus do próprio TJ paraense.
A defesa nega envolvimento dele no crime e disse que vai recorrer para revogar a prisão preventiva.
Segundo a polícia, o fazendeiro se apresentou antes mesmo da comunicação oficial sobre o mandado.
O promotor Edson Cardoso, que representou o Ministério Público no julgamento, disse que o fato de ele ter se apresentado espontaneamente é uma estratégia da defesa para conseguir novo habeas corpus.
Galvão seria encaminhado na noite de ontem à penitenciária da Altamira.
A decisão de prendê-lo não estava na pauta de ontem da sessão da 1ª Câmara Criminal. Os desembargadores, em princípio, analisariam apenas o pedido da defesa para que o júri do ano passado fosse cancelado e refeito, sob a alegação de que Galvão teve o direito de defesa cerceado.
Para o advogado dele, Jânio Siqueira, a pergunta enviada aos jurados foi mal redigida e o réu deveria ter ficado ao lado do seu defensor, e não centro do plenário.
Os desembargadores, no entanto, rejeitaram por unanimidade os argumentos e decidiram que, solto, ele poderia fugir ou ameaçar testemunhas. Eles também negaram o pedido da defesa para reduzir a pena.
A presidente da sessão, Vânia Silveira, disse que tinha "convicção" de que a condenação do acusado foi justa. Galvão vivia ainda em Altamira, cidade vizinha a Anapu, onde a freira foi morta.
Segundo as investigações da polícia, ele foi um dos mandantes do crime, ao lado de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida.
Conforme a acusação, o assassinato foi motivado por denúncias da missionária contra os dois mandantes, que ocupavam ilegalmente um lote do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança.
Rayfran das Neves Sales confessou ter atirado em Dorothy. Amair Feijoli da Cunha e Clodoaldo Carlos Batista foram apontados como intermediário da ação e como o pistoleiro que acompanhou Rayfran no crime.
A freira da congregação Notre Dame tinha origem norte-americana e era naturalizada brasileira. Ela iniciou seus trabalhos no país na década de 60 no Maranhão e viveu cerca de 20 anos no Pará.

Nenhum comentário:

Postar um comentário