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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 01, 2012

Leandro Fortes: "Hebe era conservadora e reacionária, malufista de carteirinha e usava aquele sofá cheio de subcelebridades para se autopromover como rainha da felicidade e da alegria de viver"


por Paulo Jonas de Lima Piva

Na foto acima, de preto, segurando uma bandeira do Brasil, a apresentadora Hebe Camargo, enterrada ontem, discursando em 2007, na Praça da Sé, na manifestação do "Cansei", movimento organizado pelo vice de Celso Russomano, por socialites e outros setores ultradireitistas da elite paulistana, para derrubar o governo Lula. Não passou de uma malsucedida e grotesca tentativa de ressuscitar a famigerada "Marcha da Família com Deus pela Liberdade" que levou ao golpe militar de 1964.


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Hebe e o efeito manada

por Leandro Fortes

A quantidade de homenagens em programas de TV e chororôs ensaiados pela morte de Hebe Camargo nada tem a ver com o tamanho da personagem em questão, mas com o senso comum que se criou em torno da "rainha" da TV brasileira - o que, aliás, revela muito sobre o tema. 

Eu não acredito que pessoas inteligentes achassem Hebe Camargo minimamente interessante. Tinha, claro, seus méritos no mundo da televisão, muito mais por ter sido longeva do que, de fato, relevante. 

Eu, particularmente, jamais consegui assistir um programa dela inteiro. As entrevistas eram primárias e afetadas, e toda aquela encenação de perua loira enlouquecida era mais do que falsa: Hebe era conservadora e reacionária, malufista de carteirinha e usava aquele sofá cheio de subcelebridades para se autopromover como rainha da felicidade e da alegria de viver.

Para mim, sempre foi uma triste figura.

Fontehttp://www.facebook.com/leandro.fortes.146

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