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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 08, 2012

Pinheirinho e a derrota de Alckmin

Por Altamiro Borges

Em janeiro deste ano, os tucanos Eduardo Cury, prefeito de São José dos Campos, e Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, foram protagonistas de uma cena de barbárie ao acionarem a polícia contra os moradores da ocupação do Pinheirinho. Milhares de famílias carentes foram desalojadas com bombas, tiros e cassetetes. O bairro se transformou num campo de guerra, com dezenas de feridos. Agora, porém, a população de São José dos Campos parece que vai dar o troco à truculência fascistóide do PSDB.

Segundo pesquisa Ibope, o candidato dos tucanos, Alexandre Blanco, pode nem ir ao segundo turno na eleição para a prefeitura deste importante município. Ele somou 27% das intenções de voto, contra 56% do candidato Carlinhos Almeida (PT). O próprio Estadão, que apoiou a ação policial no local, ficou surpreso com o resultado. “Na batalha entre dois episódios de alcance nacional - o mensalão, explorado pelo PSDB, e a reintegração do Pinheirinho, pelo PT -, quem ficou à frente foi o petista Carlinhos Almeida”.

Para o blogueiro Eduardo Guimarães, a derrota dos tucanos em São José dos Campos é emblemática. O PSDB dirige a cidade há 16 anos, sempre a serviço dos ricaços que faturam com a especulação imobiliária. O município também é considerado um reduto eleitoral de Geraldo Alckmin, que se projetou na política na vizinha Pindamonhangaba. Essa hegemonia, porém, pode chegar ao fim. A violenta operação policial contra as cinco mil famílias do Pinheirinho serviu para desmascarar a política elitista e autoritária dos tucanos.

“Este blogueiro acompanhou de perto o sofrimento de milhares e milhares de homens, mulheres, crianças e idosos, expulsos de suas casas por ação do prefeito Eduardo Cury, em benefício do mega especulador Naji Nahas, dono da área em que ficava o bairro do Pinheirinho... Nem em seus piores pesadelos a direita demotucana, a mídia, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a maioria dos ministros do STF – os quais, repito, vão operando uma tentativa explícita de golpe eleitoral contra o PT – poderiam imaginar o quadro acima descrito [da derrota nas eleições municipais]”.
*Ajusticeiradeesquerda

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