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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, abril 15, 2013

Donato di Mauro, neonazista que postou foto enforcando morador de rua, é preso


por Renato Rovai

Donato di Mauro,  25 anos, que postou uma foto no Facebook enforcando um morador de rua, em Belo Horizonte, com uma corrente, foi preso neste domingo (14). Ele foi tema de um duro post neste espaço. Donato Di Mauro, na verdade chama-se Antônio Donato Baudson Peret. Investigadores da Polícia Civil de Minas Gerais foram até Americana, interior de São Paulo, para prender Donato. Ele chegava na cidade do interior após visita à capital paulista.
Durante a semana passada, a Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos de Minas Gerais passou a investigar a atuação de um grupo neonazista nas redes sociais. Além de Donato, outras três pessoas foram presas em Belo Horizonte. Este grupo pratica agressões contra moradores de rua, usuários de drogas, homossexuais, punks, skatistas e negros.
A prisão do rapaz provou que o mesmo não é “apenas” um desmiolado que propaga suas asneiras na Internet. Donato já responde a dois processos por agressão contra homossexuais em Belo Horizonte e, no momento da sua prisão, foram encontradas com ele duas facas, um facão e um soco inglês.
Donato será indiciado por apologia ao crime, com os agravantes de racismo e nazismo, além de formação de quadrilha.Parabéns a Polícia Civil de Minas Gerais e a Guarda Municipal de Americana, que apoiou a operação. Crimes de ódio e intolerância só terão fim quando existir a certeza da punição dos agressores.
Veja o vídeo do momento exato da prisão de Donato. Reparem como o “machão” neonazista do Facebook  que enforcava virulentamente um morador de rua na outra nota que produzi, se tornou um doce na ação policial. A abordagem, apesar de dura, parece ter sido feita de forma correta. Mas como não sou advogado e nem juiz, talvez alguém com mais preparo jurídico possa nos comentários dizer se a gravação e a ação foram feitas dentro da lei.
 

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