Kim Jong Un fez os EUA recuarem
Por André Ortega
Em RealPolitik
O
líder norte-coreano Kim Jong Un conquistou uma vitória em sua luta
contra os Estados Unidos no recente momento de tensão na Península
Coreana. Após chocante demonstração de força, a Casa Branca recuou em
sua postura agressiva temendo que isto poderia "inadvertidamente"
desencadear uma crise ainda mais profunda, segundo o "The Wall Street Journal".
Retirando os aviões F-22, B-2 e os temidos B-52 (capazes de
transportar armas atômicas) dos céus coreanos, os EUA voltaram atrás em
seu roteiro pré-estabelecido de exercícios militares na Coreia do Sul,
mostrando a eficiência da estratégia norte-coreana e sua capacidade de
dissuadir a grande potência. É certo que os avisos da Coreia do Norte
ecoaram em Washington e é provável que tal postura tenha sido
influenciada pelos recentes encontros do Comitê Central do PTC (Partidos
dos Trabalhadores da Coreia), encontros onde se deu ênfase em avançar
ainda mais o projeto atômico.
Figura
reverenciada pela população em geral, Kim Jong Un certamente se
reafirmou como líder frente os alto dirigentes de seu país. Vítima de
dúvidas no exterior devido sua pouca idade e subida ao poder
aparentemente frágil, Kim Jong Un frustrou as expectativas daqueles que
esperavam um líder fraco ou reformador. Invulnerável perante a pressão
americana, Kim Jong Un mostrou a força da própria liderança e mostrou
sua "vocação de sangue", já que seu avô, Kim Il Sung, combateu a invasão
japonesa desde os 15 anos de idade, também muito jovem. Apesar da
abordagem norte-coreana ter sido correta, em muitos aspectos Kim Jong Un
somente emulou o gênio diplomático de seu antecessor, Kim Jong Il, que
no passado forçou os EUA a mesa de negociação através de sua política
nuclear. Esse acontecimento derruba o mito da "invencibilidade" e
"liberdade total" da política externa norte-americana, assim como refuta
as mentes simples que falaram a "loucura norte-coreana" ou que zombaram
das "ameaças" de Kim Jong Un como provocações infantis. A política
norte-coreana de louca não tem nada, é muito racional, responde a
imperativos pragmáticos e é um movimento calculado.
As recentes tensões na península coreana vem preocupando o mundo com o
fantasma de um novo embate militar. O conflito vem desde a década de 50'
e se deve a ocupação militar norte-americana na Coreia do Sul,
necessária para a manutenção dos interesses econômicos e geopolíticos
dos EUA na região. Do outro lado, a Coreia do Norte é governada por um
regime socialista que em sua fundação tomou uma série medidas de caráter
popular, como a reforma agrária, a nacionalização de propriedades dos
antigos invasores japoneses e a reorganização da vida política em linhas
democráticas através das forças que libertaram o país e de organizações
de massa como sindicatos. No entanto, o país passou por duras
dificuldades por causa da guerra e sanções, com uma disciplina rígida
que se mantém graças a mobilização de massas e a direção do Partido dos
Trabalhadores da Coreia. Se o país fosse dividido e o povo
desorganizado, sem esse sistema político e tendo que se basear
exclusivamente na repressão militar, o regime provavelmente não
sobreviveria a estas dificuldades.
Essa é certamente uma ótima notícia para os amantes da paz de todo o
mundo e para todos aqueles que temiam a explosão de um novo conflito
militar. É claro que isso não é a paz, mas se os Estados Unidos
realmente querem a paz, então deveriam retirar suas tropas da península e
acabar essa guera que já vem sendo travada há mais de meio século.
*centrodosocialismo
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