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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 16, 2013

PEDE PARA SAIR, JUAN CARLOS!

Espanhóis saem às ruas de Madri para pedir o fim da monarquia

  bandeiras comunistas na espanha









Centenas de bandeiras comunistas desfilam nas ruas de Madri (Foto: Abola.pt)


Dezenas de milhares de pessoas saíram no último domingo (14) pelas ruas de Madri em comemoração ao 82º aniversario da II República (1931-1939), uma marcha que simboliza oposição ao regime monárquico. O público, que andou por um percurso da praça Cibeles até a praça Sol e ostentava bandeiras tricolores (vermelha, amarela e roxa) da época republicana foi o maior registrado nos último anos, em um momento em que a coroa espanhola atravessa um mau momento. 



A manifestação, em tom muito festivo e sem nenhuma ocorrência de confronto, foi convocada por cerca de vinte coletivos, que clamavam os espanhóis a saírem às ruas para reivindicar o fim da monarquia e a instauração da III República. Muitos também pedem um referendo para que a população possa decidir entre a República e a Monarquia, além da nacionalização dos bancos, uma reforma fiscal progressiva, proteção aos desempregados, reforma política, punição contra os crimes do franquismo e o não pagamento da dívida.

Os manifestantes entoavam cânticos como "Abaixo um Alteza com tantas baixezas!", "Amanhã, a Espanha será republicana", "Essa bandeira é a verdadeira” e "O próximo desempregado será o chefe de Estado (o rei Juan Carlos II)".

Também alguns lembravam o caso de corrupção conhecido como "Operação Babel", que envolveu o ex-jogador de handebol Iñaki Urdangarin, esposo da princesa infanta Cristina (oficialmente a Duquesa de Palma de Mallorca). Ele está sendo investigado pela polícia por uma suspeita de desvio de fundos públicos, fraude e lavagem de dinheiro através do Instituto Nóos, uma ONG de incentivo ao esporte. Para ele, os manifestantes gritavam: "Urdangarin, Urdangarin, vai trabalhar no Burger King". Ainda nesta semana, a princesa Cristina também foi formalmente acusada no escândalo. 

Monarquia: Sistema racista, denunciam os manifestantes.
Além do escândalo envolvendo Urdangarin, a família real também se desgastou com uma recente viagem do rei Juan Carlos para caçar elefantes na Bostuana quando a crise das dívidas públicas europeias atingiu o país e um suposto escândalo amoroso do rei com uma empresária alemã. O rei também tem parecido pouco em público, pois enfrenta problemas de saúde.

"O rei e Urdangarin se converteram em uma fábrica de republicanos", disse Antonio Romero, coordenador da Rede Municipal pela III República e membro da direção nacional da IU (Esquerda Unida). Segundo ele, o bipartidarismo monárquico está esgotado. "A monarquia se converteu em um peso para a saída da crise. O estado não pode ser herdado como se fosse uma fazenda", afirmou.

Muitos manifestantes temem que o rei renuncie em razão dos problemas de saúde em agosto, durante o verão, quando quase todos os espanhóis estarão de férias e “imponha” seu filho, o príncipe Felipe.

Queda de popularidade
Recente pesquisa publicada em novembro de 2012 pelo jornal ABC indicava que apenas 45,8% dos espanhóis acreditavam que a manutenção da monarquia contribuia para a democracia, enquanto o apoio ao rei era de 55%. Há cinco dias, o El País publicou uma pesquisa com resultados ainda piores para a democracia: 53% dos entrevistados desaprovam a monarquia, contra 42% de apoiadores.

A avaliação anual dos espanhóis sobre a monarquia parou de ser realizada pelo CIS (Centro de Investigações Sociológicas) em 2011, quando a famílai real recebeu a nota pífia de 4,89.

As informações são do jornal El Mundo.

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=211119&id_secao=9
*CarlosMaia


Em Madri Espanhóis pedem plebiscito pela II república

Milhares de pessoas realizaram no domingo uma manifestação em Madri para comemorar os 82 anos da II República (1931-1939) e exigir um referendo para saber se a população quer continuar a ser governada por uma monarquia ou se prefere a instalação da III República. A manifestação também reivindicava a nacionalização dos bancos, reforma política, punição dos crimes da ditadura franquista e não-pagamento da dívida.
   
A monarquia espanhola, de fato, é uma excrescência. A primeira república (1873-1874) foi uma experiência efêmera; já a segunda, surgida em 1931 depois da ditadura de Primo de Rivera, abriu um período de profundas transformações, crise institucional e guerra civil, que culminou na instalação da ditadura direitista do general Francisco Franco (1939-1975). O ditador assumiu todas as rédeas do poder, mas preparou o neto do rei Alfonso XIII, Juan Carlos, para sucedê-lo. Um caso curioso de um regime que interrompeu e, ao mesmo tempo, manteve a monarquia.

His Finest Hour: Juan Carlos I impede o golpe militar em 1981 
Rejeitado inicialmente como franquista, o rei Juan Carlos I conquistou o apoio das forças progressistas ao apoiar firmemente o processo de transição à democracia. O monarca se legitimaria em fevereiro de 1981, quando abortou uma tentativa de golpe militar capitaneada por oficiais de extrema-direita que não se conformavam com o fim do regime. Na TV, o rei Juan Carlos exigiu respeito à sua autoridade e ao processo democrático. Os militares enfiaram o rabo entre as pernas e se entregaram. Na época, o líder comunista Santiago Carrillo, republicano histórico, disse que, em razão do papel do monarca na transição, não teria problemas em virar monarquista.
             
Mas o tempo passou e a monarquia espanhola virou uma relíquia do passado. E que exala mofo. O sintoma mais recente disso é o caso de corrupção conhecido como Operação Babel, que envolve o ex-jogador de handebol Iñaki Urdangarin, marido da princesa infanta Cristina, a duquesa de Palma de Mallorca. Ele está sendo investigado pela polícia por uma suspeita de desvio de fundos públicos, fraude e lavagem de dinheiro através do Instituto Nóos, uma ONG de incentivo ao esporte.

Juan Carlos posando de Hemingway na Botsuana
Já no ano passado, a imagem da família real tinha ficado muito desgastada com uma viagem do rei Juan Carlos para caçar elefantes na Bostuana no momento em que a crise da dívida européia atingiu o país, além de um suposto escândalo amoroso do rei com uma empresária alemã.

Pesquisa publicada em novembro de 2012 pelo jornal ABC indicava que apenas 45,8% dos espanhóis acreditavam que a manutenção da monarquia contribuía para a democracia, enquanto o apoio ao rei era de 55%. Na semana passada, o El País publicou uma pesquisa na qual 53% dos entrevistados desaprovam a monarquia, contra 42% de apoiadores.




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