Regulamentação da mídia: o PT quer, a Dilma quer. Quando na política real a vontade política não basta
por Paulo Jonas de Lima Piva
Não é fácil governar. Criticar quem governa, por ouro lado, é muito, mas
muito fácil. A esquerda sabe disso. Criticar é seu oficio. Aliás,
qualquer um é capaz de criticar. Uns com mais inteligência, outros com
menos. E nem sempre quem critica com mais inteligência é o mais lúcido e
sensato em suas críticas. Qualquer um tem solução para todos os
problemas políticos, econômicos e sociais. Acham que vencer uma eleição,
chegar a um prefeitura ou a uma presidência da república é sinônimo de
adquirir poderes absolutos. É prefeito, pode tudo. Se não faz é porque
não quer. Simples assim.
Muitos partidos que se dizem de esquerda, mesmo na prática funcionando como cabos eleitorais da pior direita, nunca foram governo de fato, nunca pegaram um rojão de um executivo na mão. Por isso deliram como deliram, esbravejavam como esbravejam, arrogam como arrogam, teorizam como teorizam, pois o compromisso desses partidos não é com o real e com o simulacro, mas sim com o conceito, com o ideal, com a teoria, a fábula da utopia, enfim, com o paradigma .
Muitos partidos que se dizem de esquerda, mesmo na prática funcionando como cabos eleitorais da pior direita, nunca foram governo de fato, nunca pegaram um rojão de um executivo na mão. Por isso deliram como deliram, esbravejavam como esbravejam, arrogam como arrogam, teorizam como teorizam, pois o compromisso desses partidos não é com o real e com o simulacro, mas sim com o conceito, com o ideal, com a teoria, a fábula da utopia, enfim, com o paradigma .
Nossa visão de poder e de política é muito livresca, muito idealista,
muito teórica, muito classe média universitária, muito alienada, a
priori e moralista. Há um intelectualismo deslumbrado, embevecido e
neopetencostal, que se crê onipotente, que se diz "dialético"(?!), mas
que só sabe negar, dizer que tudo está uma bosta, que nada avançou, e
fugir por meio de uma lógica formal para o mundo confortável das teorias
e dos discursos de teletubies. Por isso acaba no sectarismo, como
piada.
O PT quer sim a regulamentação da mídia. A militante de esquerda Dilma
quer isso mais do que ninguém. Ninguém sofre mais com o jogo sujo do
oligopólio das comunicações do que o seu governo. A democratização da
mídia por meio da sua regulamentação é uma necessidade explícita, porém,
para satisfazê-la, é preciso força política, muita força política, não
só para enfrentar os setores poderosos que não a querem, mas para
vencê-los. O fato é que, apesar de toda vontade política do PT e da
presidenta, a regulamentação da mídia como projeto aprovado no Congresso
é uma briga que o governo Dilma não tem munição para encarar. A bancada
dos meios de comunicação é enorme, dá sustentação ao governo e brigar
com ela pode representar uma crise na base governista, pois o que não
falta é disposição dessa máfia para fazer dos seus noticiários campos de
linchamento contra o PT e o governo federal caso seus interesses sejam
feridos.
A Carta Capital e a blogosfera de esquerda estão fazendo o
seu papel de pressionar o governo e o ministro Paulo Bernardo para
declarar guerra à máfia midiática brasileira. Acontece que se o PT e a
esquerda tivessem uma bancada forte no Congresso, ou se as grandes
massas organizadas das quais tanto fala a extrema esquerda estivessem
lotando as ruas, a regulamentação, a essa altura, já estaria aprovada.
Infelizmente, essa realidade ainda não existe. Confrontar, declarar
guerra sem ter a capacidade de ganhá-la, é fanfarronice suicida. Em
outras palavras, na política real, na política que acontece fora dos
livros encantados e encantadores da Boitempo, não basta vontade
política.
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