Prepare-se para conhecer um conceito psicológico que pode fazer muito por você. Quer dizer, conheceeeeer, conheceeer, você provavelmente já conhece e talvez já tenha sido até alvo dessa técnica.
É a chamada ignorância pluralística, que garante que as pessoas sigam uma determinada ideia sem que necessariamente estejam de acordo com ela.
Oi?
Isso mesmo. É o popular movimento do “Maria-vai-com-as-outras”.
Uma percentagem surpreendente de tempo, as pessoas (e aqui incluo eu, você e a torcida do Corinthians) se juntam a um fluxo relacionado com determinadas ideias, mesmo achando que essas ideias não sejam as melhores, mais legais e mais corretas do mundo. Há casos em que fazemos isso porque estamos com medo de represálias de alguma autoridade, mas também há momentos em que simplesmente não queremos admitir que somos a única pessoa que não concorda com a multidão.
Ser diferente é legal, mas fugir do senso comum exige uma certa quantidade de coragem.
As coisas ficam ainda mais bizarras quando nem mesmo a multidão quer ir junto com a multidão.
O caso mais famoso desse tipo aconteceu na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, em 1990. O consumo de álcool entre os estudantes estava realmente alto. Tinha gente vomitando por todo lado. E os funcionários do campus não precisaram de um grande esforço para perceber o problema e levá-lo para a reitoria. A solução que os diretores encontraram foi envolver os psicólogos Deborah Prentice e Dale Miller na questão. Eles, então, conversaram com os adolescentes e descobriram que, individualmente, os alunos concordavam com as autoridades. Eles concordavam que o consumo de álcool estava mesmo abusivo. O problema era que a maioria deles pensou que todo mundo achava que o nível de consumo de álcool estava normal, e não queriam se opor a esse “senso coletivo”.
Essa é a tal da ignorância pluralística
Todo mundo tem seus próprios conceitos, mas todo mundo também está convencido de que é o único a pensar daquela maneira – provavelmente porque, em algum momento, surgiu um ideia não dita do que é coletivamente mais aceita.
Mistérios da humanidade.
Como não ser um “maria-vai-com-as-outras”?
Se você acha que você está sendo vítima de uma situação assim, existem algumas soluções alternativas.
Por exemplo, você pode ir até algumas pessoas individualmente e perguntar, DA MANEIRA MAIS NEUTRA POSSÍVEL, se eles concordam ou não com a opinião popular. Assim, de um em um, você pode tranquilamente acabar formando um movimento.
Mas e se eu não quiser eliminar a ignorância pluralística?
Sim, talvez você queira utilizar esse movimento a seu favor. Se esse for o seu caso, aqui está o que você tem a fazer:
- Primeiro, você tem que fazer seu argumento soar como um fato bem estabelecido entre o grupo de pessoas que você quer manipular;
- Uma vez que seu conceito é estabelecido, faça tudo que puder para combater conversas paralelas. Certifique-se de que, se as pessoas discutirem a sua ideia, façam isso em grupos grandes o suficiente para inibi-los;
- Por fim, certifique-se de incluir todos. Dessa forma, você não apenas tira proveito da ignorância das pessoas, como também muda seus padrões.
Os psicólogos de Princeton, Prentice e Miller, descobriram que, ao longo do tempo, os estudantes homens começaram a aceitar cada vez mais como normal a enorme quantidade de álcool que rolava no campus da Universidade. Por outro lado, as estudantes mulheres ficaram mais alienadas e ressentidas. A conclusão que chegaram foi que as mulheres entendiam que beber era um tipo de atividade masculina. E os estudantes do sexo masculino que bebiam eram vistos como machos alfa. Assim, se tornaram grandes bebedores. Já as mulheres, não.
Então, se você quer promover um conceito de alguma coisa que ninguém gosta, certifique-se de proporcionar a todos um sentimento de grandeza por fazer parte desse grupo. [io9]
2 Comentários
*HypeCiencie
Tal como o Andrew também costumo ser do contra.