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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 21, 2015

Infelizmente, por vezes a ignorância geral transforma-se em Verdade Universal! É a chamada ignorância pluralística

ignorância pluralística
Prepare-se para conhecer um conceito psicológico que pode fazer muito por você. Quer dizer, conheceeeeer, conheceeer, você provavelmente já conhece e talvez já tenha sido até alvo dessa técnica.
É a chamada ignorância pluralística, que garante que as pessoas sigam uma determinada ideia sem que necessariamente estejam de acordo com ela.

Oi?

Isso mesmo. É o popular movimento do “Maria-vai-com-as-outras”.
Uma percentagem surpreendente de tempo, as pessoas (e aqui incluo eu, você e a torcida do Corinthians) se juntam a um fluxo relacionado com determinadas ideias, mesmo achando que essas ideias não sejam as melhores, mais legais e mais corretas do mundo. Há casos em que fazemos isso porque estamos com medo de represálias de alguma autoridade, mas também há momentos em que simplesmente não queremos admitir que somos a única pessoa que não concorda com a multidão.
Ser diferente é legal, mas fugir do senso comum exige uma certa quantidade de coragem.
As coisas ficam ainda mais bizarras quando nem mesmo a multidão quer ir junto com a multidão.
O caso mais famoso desse tipo aconteceu na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, em 1990. O consumo de álcool entre os estudantes estava realmente alto. Tinha gente vomitando por todo lado. E os funcionários do campus não precisaram de um grande esforço para perceber o problema e levá-lo para a reitoria. A solução que os diretores encontraram foi envolver os psicólogos Deborah Prentice e Dale Miller na questão. Eles, então, conversaram com os adolescentes e descobriram que, individualmente, os alunos concordavam com as autoridades. Eles concordavam que o consumo de álcool estava mesmo abusivo. O problema era que a maioria deles pensou que todo mundo achava que o nível de consumo de álcool estava normal, e não queriam se opor a esse “senso coletivo”.

Essa é a tal da ignorância pluralística

Todo mundo tem seus próprios conceitos, mas todo mundo também está convencido de que é o único a pensar daquela maneira – provavelmente porque, em algum momento, surgiu um ideia não dita do que é coletivamente mais aceita.
Mistérios da humanidade.

Como não ser um “maria-vai-com-as-outras”?

Se você acha que você está sendo vítima de uma situação assim, existem algumas soluções alternativas.
Por exemplo, você pode ir até algumas pessoas individualmente e perguntar, DA MANEIRA MAIS NEUTRA POSSÍVEL, se eles concordam ou não com a opinião popular. Assim, de um em um, você pode tranquilamente acabar formando um movimento.

Mas e se eu não quiser eliminar a ignorância pluralística?

Sim, talvez você queira utilizar esse movimento a seu favor. Se esse for o seu caso, aqui está o que você tem a fazer:
  • Primeiro, você tem que fazer seu argumento soar como um fato bem estabelecido entre o grupo de pessoas que você quer manipular;
  • Uma vez que seu conceito é estabelecido, faça tudo que puder para combater conversas paralelas. Certifique-se de que, se as pessoas discutirem a sua ideia, façam isso em grupos grandes o suficiente para inibi-los;
  • Por fim, certifique-se de incluir todos. Dessa forma, você não apenas tira proveito da ignorância das pessoas, como também muda seus padrões.
Os psicólogos de Princeton, Prentice e Miller, descobriram que, ao longo do tempo, os estudantes homens começaram a aceitar cada vez mais como normal a enorme quantidade de álcool que rolava no campus da Universidade. Por outro lado, as estudantes mulheres ficaram mais alienadas e ressentidas. A conclusão que chegaram foi que as mulheres entendiam que beber era um tipo de atividade masculina. E os estudantes do sexo masculino que bebiam eram vistos como machos alfa. Assim, se tornaram grandes bebedores. Já as mulheres, não.
Então, se você quer promover um conceito de alguma coisa que ninguém gosta, certifique-se de proporcionar a todos um sentimento de grandeza por fazer parte desse grupo. [io9]
Autor: Gabriela Mateos
é publicitária e não passou sequer um dia de seus 25 anos sem procurar alguma coisa nova para fazer.
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2 Comentários

  1. Infelizmente, por vezes a ignorância geral transforma-se em Verdade Universal!
    Tal como o Andrew também costumo ser do contra. :)
*HypeCiencie

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