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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 22, 2015

PF abre inquérito contra Banco Safra na Zelotes


247 - A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar o Banco Safra sob a suspeita de pagar R$ 28 milhões em propina para conseguir vitórias no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, num desdobramento da Operação Zelotes. A PF enquadra o caso em quatro crimes: corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e advocacia administrativa. Documentos mostram que os principais suspeitos são João Inácio Puga, membro do conselho de administração do Banco Safra, e Jorge Victor Rodrigues, ex-conselheiro do Carf.
De acordo com o site da Época, em 13 de agosto de 2014, Jorge Victor trata com seu “comparsa” Jeferson Salazar, advogado, do valor para resolver os problemas do Safra: R$ 28 milhões. E é aí que Puga entra em cena. A Polícia Federal flagrou um encontro do representante do Banco Safra com Jorge Victor dois dias depois da conversa sobre os R$ 28 milhões, no dia 15 de agosto.
A investigação conseguiu monitorar as reuniões entre Puga e Jorge Victor por meio de interceptações telefônicas. O ex-conselheiro costumava relatar a “comparsas” as reuniões com Puga. Horas depois do encontro com o representante do Banco Safra, Jorge Victor ligou para o colega Jeferson Salazar, e explicou como foi a reunião. “Jorge diz que achou a conversa muito boa e que ele chegou e já abriu logo de cara”, de acordo com a transcrição da PF. Na conversa, segundo o relato de Jorge Victor, Puga pediu os nomes dos conselheiros que “fazem parte do grupo” e prometeu uma resposta rápida do Banco Safra.
Ele então se encontrou novamente com Jorge Victor dez dias depois. Segundo a PF, a reunião ocorreu “a fim de continuarem pessoalmente as tratativas para obter a decisão favorável no Carf visando derrubar os autos de infração”. Depois da reunião, Puga foi direto ao banco Safra.

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